V: Sob Fogos e Máquinas I

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I

Joanne não parava de pensar naquela vassoura.

Desde que viu aquele artigo na loja de Artigos de Qualidade para Quadribol no Beco Diagonal, não tirou mais da sua cabeça. Não só ela, mas como também outras pessoas. Antes de voltar para a casa, correu e empurrou toda aquela gente para ver o que tanto admiravam. A resposta estava na vitrine: uma vassoura novinha, com cabo todo metálico azul chumbo com forma de gota, com palha revestida de prata e pintada de preto e com duas turbinas perto dos freios. Eram turbinas mesmo! Deve ser o primeiro modelo desse tipo.

— Gente... olhem essa vassoura. — disse um garoto que estava encostado no vidro da vitrine — Caramba... ela tem essas coisinhas redondas...

— Se chama turbina. — disse uma menina ao lado dele — Ela é usada nos aviões para acelerar. Eu nunca vi uma vassoura tão linda assim.

— Dizem que foi a Prismatik quem fez... só olhar no entalhe do cabo.

Joanne se aproximou para ver melhor, e em cima da ponta de gota, estava escrito o modelo e seu fabricante.

FIREBOLT GÊNESIS

FABRICADO PELA UNIVERSIDADE PRISMATIK DE MAGIA E TECNOLOGIA

Uma Firebolt por sinal. Elas são consideradas as melhores vassouras de quadribol de todos os tempos. Deve ser muito caro. Joanne consultou o preço e estava malditos dois mil galeões! Sua família não tinha condições de comprar algo tão luxuoso. Nem se parcelar... saiu do meio da muvuca desanimada, voltando para seu pai e Alan Severo.

— O que viu lá Joanne? — perguntou Severo, indo ao muro e batendo com a varinha nos vãos para a abertura aparecer.

— Uma vassoura de quadribol... lançamento. Firebolt Gênesis... — falou desanimada — Mas ela é muito cara... dois mil galeões.

— Mas o que é isso? Uma vassoura ou um diamante esculpido de vassoura?

— Parece que ela é banhada em prata e tem turbinas. Foi feita pela Prismatik.

— Vassoura com turbinas? — Severo fez uma careta azeda — Isso não me parece certo... se você for o único jogador com esse tipo de quinquilharia, vai acabar ultrapassando os outros.

Pensando por esse lado, não é mesmo justo que só um jogador do time todo obtivesse tal artigo. Mesma coisa se um time todo fosse ter uma vassoura com turbinas, e o oposto usasse vassouras comuns. Não era ético. Mas Joanne mesmo assim, não deixou de sonhar com a Firebolt Gênesis. Pode demorar o tempo que for, iria conseguir aquela vassoura... e jogaria no time da Sonserina como apanhadora.

Aliás, os testes para o quadribol já iriam começar no segundo ano. Teria de convencer o seu pai de deixá-la participar, assim como deixar levar Polly para o novo ano letivo. Enquanto terminava o seu dever de casa — era só aquele, e se encerraria, finalmente... não aguentava mais tanto dever de Astronomia — fazia alguns rabiscos ao lado da Firebolt Gênesis.

Alan Severo entrava pelos fundos, com Cícero nas mãos. Ambos estavam sujos de barro. Joanne olhou para cima e sentiu completa repulsa.

— Vai tomar um banho! Os dois! — falou, apontando para o banheiro.

— Cadê o papai? O Cícero tá machucado... entrou algo na pata dele... acho que é farpa, mas não consigo tirar.

— Você deve ter feito ele se machucar, seu imbecil. Deixa o coitado andar por qualquer lugar, e depois não quer que a pata dele fique machucada... Cícero é um filhote, seu burro.

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