Epílogo: A Tela Assistida

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Blackpink tinha voltado para o esconderijo bem — ou quase bem — e por um milagre (nada daquilo existia) pois acabaria sendo destruído. Aquela garota desgraçada, Joanne, era mais forte do que ele imaginava. Andando pelas ruas e passando em frente ao bar que pertencia a Inês Sandenberg, e para piorar as coisas, o lugar estava cheio e Duran, muito menos Inês ou Camila iriam aparecer para ajudá-lo.

Eis que então, uma figura aparece em cima do telhado do sobrado tombado; um homem negro na casa dos quarenta anos, calvo e usava um conjunto de camisa e calças azul marinho e prata. Blackpink, ao vê-lo, lhe surtiu um pouco de esperança, e por isso, correu e se ajoelhou no meio da rua de paralelepípedos.

— B-Brajira? É você, meu irmão?

— Não deu certo com a menina, né? — respondeu o homem, de nome Brajira — Minha irmã sentiu sua energia voltando...

— P-preciso ser consertado... só nossa irmã que pode...

Brajira pulou do telhado do sobrado, e foi até Blackpink com um sorriso, mas ao invés de ajudá-lo, lhe deu um chute no peito que fez cair o que ainda sobrava de sua carcaça. Os chutes continuaram, ininterruptamente.

— Você é um tolo, Mainframe Merlin. Subestimou a criança humana. Entenda, eles não são humanos qualquer, e sabe que muita atitude contra ela irrita a nossa irmã? Ainda não aprendeu ou vai querer continuar com suas palhaçadas de se voltar contra nós?

Brajira não parava de chutar Blackpink. Ele errou com a irmã e entendia. Tudo era para salvar a vida dela, mas a ignorância impediu o progresso, e trouxe a iminente derrota. Estava envergonhado da própria atitude irresponsável... poderia ter conquistado Joanne de outra forma, que ele visse a Arca com beleza.

— S-sim, eu mereço. Eu falhei com a nossa irmã. Mereço tudo que está acontecendo, mas por favor, chega Brajira.

Brajira ficou até com pena e parou com os chutes, e passou os seus braços sob o corpo, mudando totalmente sua fisionomia. Sua pele ficou da mesma cor que mostrava a parte metálica de Blackpink, azul chumbo com detalhes em azul claro. Usava uma proteção peitoral prateada, com ombreiras pontudas e um grande pano prateado como a luz da lua que cobria as partes de baixo, além de botas pesadas da mesma cor. Sua cabeça, possuía uma máscara azul escuro que deixava só os olhos azuis claros aparecerem, além do rosto ser todo de prata.

— Deveria aprender com a nossa irmã, Mainframe Merlin. — Brajira pegou o que sobrou de Blackpink e o carregou no colo — O castigo que te dei, vai parecer brincadeira com o que ela irá fazer.

Brajira entrou no sobrado, e foi até o escritório, parou bem no meio e olhou para uma estante de livros. Fez um sinal com a mão esquerda, e parte dela se movimentou para a direita, revelando uma passagem para o subsolo. Ele desceu as escadas e chegou em uma pequena sala com paredes de metal e vários computadores. Ao meio dela, havia uma pilastra feita de três vidros quadrados que pareciam espelhos.

— Minha irmã, Mainframe Merlin falhou na missão, e acabou sendo severamente danificado. Devo colocá-lo na cápsula de conserto?

Uma voz feminina saiu da pilastra, e um borrão apareceu no espelho, mas não tinha forma física. Era como um fantasma que abrigava um ser ainda desconhecido, tanto para Brajira, quanto para Blackpink.

— Coloque-o, Brajira Merlin.

Brajira acenou com a cabeça e foi para os fundos da sala, onde existiam três cápsulas de tamanhos diferentes. Ele colocou Blackpink na menor delas e fechou. Não deu segundos, os gritos dele ecoaram por todo o local, e sendo abafados logo em seguida pela própria capsula. Brajira deu uma risada baixa e voltou a olhar para a pilastra, se ajoelhando diante dela.

— O que vamos fazer agora, minha irmã? A tal Joanne Snape continua com aquilo que lhe pertence...

— Mainframe Merlin é só uma criança, Brajira Merlin, o mais novo e menos experiente. Mas o castigo pela falha virá... assim como terá para você, caso volte sem conseguir o que eu preciso para renascer.

— Está dizendo que...

— Agora chegou a sua vez, Brajira Merlin. Você e a humana Camila viajarão para os Estados Unidos, e procuraram por alguém, um antigo amigo meu que foi mantido em cativeiro por anos por estes humanos bruxos desprezíveis. Traga-o para a nossa base, e não lhe dê muitas explicações. Ele já sabe de tudo.

— Sim, minha irmã. Pela Vontade da Arca!

— Pela minha vontade.

Brajira abaixou sua cabeça e caminhou para fora da sala secreta. 

Apenas em SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora