XX: O Dia do Interrogador (Final)

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I

Joanne Snape viu Genta Ishimori, ou Blackpink, apontar a mão vestida com a luva mecânica na sua direção, e dela, saiu raios esbranquiçados. Por sorte, Joanne se lembrou que tinha um Veritas com o mesmo poder e lançou um contra que juntou ambas as descargas, anulando o ataque dos dois. Blackpink apertou os conjuntos 3, 8 e 4 do teclado numérico da luva e uma explosão saiu do chão, bem em cima de Joanne como uma mina terrestre, que a jogou próximo do pilar. Blackpink caminhou lentamente até ela, e pisou em seu pé esquerdo. Ela não gritou, mas sentiu a dor dos ossos estalando e o peso que era o seu corpo, apesar dele ser pequeno e magro. Mais uma prova de que Blackpink, ou seus membros da Arca não eram humanos. Nem mesmo Duran pode ser humano, por mais que aquele dia tenha sentido a faca perfurar pele e carne, não fios e metal.

Tentou de tudo para alcançar a varinha no bolso da calça, pois se ele continuar pressionando o seu pé, ela ficaria meses sem andar direito. Com dificuldade, conseguiu pegá-la e gritou um Bombarda que foi o suficiente para afastá-lo, e chamuscar um pouco seu robe, mas que não fosse causar danos à fibra metálica de pele. Blackpink começou a rir.

— Ataques fracos vindos de uma criança humana.

— V-você também é criança, seu merda. — Joanne tentou se levantar, mas precisou ficar em um pé só por causa da forte dor.

— E isto é a única coisa que nos faz iguais. De resto, nada. Se não fosse humana, o seu respeito perante a Arca seria bem diferente. Porém, ela ainda é paciente por não estar completa, e quando conseguir te levar, aí sim você será completa. Entenda, humanos são um erro, e como um erro, precisam ser arrumados, melhorados, mas a Arca não consegue porque ela está incompleta. Você é o que ela precisa para ser completa.

Joanne não estava entendendo nada desse papo maluco. Ela não estava completa e nem a Arca estava? A sua mente começou a ficar embaralhada.

— O que quer dizer com eu... não estar completa?

— Como eu te disse, os seus pais escondem muitas informações sobre o seu nascimento... coisas que deveriam fazer parte de seu ser, mas meu objetivo aqui, não é te contar o que eles omitem, mas te levar para a Arca.

— Quantas vezes eu tenho que falar que eu não quero fazer parte do clubinho de psicopatas de vocês? Me deixem em paz, porra. Deixem a minha família quietos! Eles já sofreram demais com a maldita guerra que fez o meu pai ficar escondido do mundo, e agora isso?! Chega! A gente não aguenta mais.

— Os seus assuntos familiares não me importam, muito menos se eles estão... sofrendo. Você virá comigo... por bem, ou por mal.

Joanne não iria desistir de ter sua liberdade, de estudar e de ser uma bruxa de sua idade. Chega de esconder o seu sobrenome dos seus amigos. Se sair bem daquela situação — e ela sairá — vai contar a sua gangue, fazê-los jurar pelo Pacto de Sangue e acabar com esse sofrimento. Joanne apontou sua varinha para Blackpink e pronta para lhe atingir com uma maldição imperdoável — só esperava que ela funcionasse em robôs — quando alguém segurou o seu punho para impedi-la.

De início, ela pensou que fosse Alvo Severo ou Narciso, mas olhou para a parte do sobretudo preto que cobria metade daquelas mãos cheias de calos e história, e que lhe era tão reconhecível. Seu pai, ali, parado como uma estátua de sombras e ódio. O homem que ele sempre contava a ela e aos seus irmãos, do ser que se transformava. O monstro perverso e pronto para assassinar qualquer um que estivesse no seu caminho.

— P-papai? — perguntou a menina, em um misto de surpresa e alegria — Como o senhor veio parar aqui?

— Eu nunca deixei de ser diretor dessa escola, Joanne. Hogwarts nunca aceitou Minerva McGonagall por ela ser uma substituta.

Apenas em SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora