XIV: Aberama, o Pufoso Dourado

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I

Joanne acordou no outro dia com uma leve luxação no olho direito. Seu rosto parecia amassado devido a pressão no travesseiro, além de uma dor estranha na cabeça, se concentrando no mesmo lado que estava a luxação. Deve ter dormido de mau jeito — isso sempre acontecia — e agora, precisava dar algum jeito de melhorar aquilo. Se levantou da cama e viu a colchonete improvisada que Hermes dormia, tranquila e serena, como deve ser.

— Bom dia, Polly. — disse a menina, abrindo a casinha de Polly e a pegando para se esfregar nos pelos verdes neon; a pufosa estava mais animada hoje do que ontem — Espero que tenha tido uma ótima noite de sono. Agora eu vou vazar, mas logo volto.

Foi para o banheiro, pois precisava de um banho. Tirou o pijama e ligou o chuveiro, sentindo a água quente bater em seu rosto. Ao sair, foi a pia escovar os dentes e viu que, além da cara amassada, tinha duas enormes espinhas inflamadas abaixo do rosto. Joanne odiava espinhas, e pior que isso acaba sendo uma genética da sua família. Seus pais tinham espinhas na adolescência e sua irmã mais velha era pipocada por problemas hormonais. Por que essas porcarias precisavam existir?

Voltou ao quarto com a toalha enrolada no corpo e deu de cara com Cassiopeia Snape, quase tropeçando e rolando escada abaixo. Ela estava fria, mórbida, mais medonha de quando era o seu pai quando ficava irritado, e esse blazer preto, calças e botas da mesma cor não ajudavam a melhorar o tom de seriedade.

— Jojo eu quero conversar a sós com você depois do café da manhã.

— Tá bom. Sei que vou levar mijada de todo mundo hoje pelo que eu fiz...

— O que eu tenho para falar é mais sério do que imagina, e não tem nada a ver com as suas molecagens.

Cassiopeia não disse mais nada e desceu as escadas, rumo a sala de jantar. O cheiro de torradas estava-lhe enchendo o apetite e logo foi para o quarto terminar de se trocar. Naquele momento, Hermes estava acordada, usando um pijama verde com estampas de escaravelhos dourados e com as tranças bem bagunçadas, causando um misto do castanho escuro com as mechas roxas.

— Nossa... — comentou Hermes enquanto Joanne retirava a toalha e ia na gaveta pegar uma calcinha — ... ainda não entendo como você tem peito mesmo sendo mais pequena que eu...

— É a minha mãe. — Joanne colocou a calcinha e pegou uma calça forrada de lã preta — Ela tem os peitos enormes. E aí todas as minhas irmãs tem, só reparar.

— Aquela loirinha não tem tanto, agora sua irmã trevosona tem...

— Hera é adotada. Cassie a encontrou com fome e toda desnutrida na floresta que fica atrás da nossa casa, sabe aquela que eu te falei que o Alan adora ir xeretar para ver se encontra alguma fruta esquisita para comer. Na realidade, aquela floresta é muito estranha. Mamãe me disse uma vez que existe magia nela... magia forte e poderosa.

— Isso não me espanta. O deserto também tem muita magia, e por isso, os forasteiros que se perdem nas mais densas começam a ver miragens. É uma resposta para ajudá-los a encontrar o caminho. O Saara tem dessas às vezes. Papai falou que viu quatro miragens ao mesmo tempo antes de achar um grupo de mercadores que lhe ofereceram água e comida.

— Deve ser muito difícil se perder no deserto. Na floresta, já é complicado por causa das inúmeras árvores que fecham tudo e não deixa nem o sol passar... imagina em um lugar que só tem areia?

— Por falar nisso... como está o pitico?

Joanne não queria ter de lembrar que Alan está em repouso por ter feito uma cirurgia. Não poderia brincar com ele, como sempre gosta quando voltava de Hogwarts. Alan sequer vai poder arremessar Polly... não era justo.

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