XV: A Planta-Fantasma

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I

Joanne ainda processava o que tinha visto ontem à noite. Dionísio estava mesmo se masturbando vendo os pais fazendo sexo? Poderia ter se confundido por estar sonolenta e com sede, mas a dor que acordou no seu quadril comprovou que se lembrava quando flagrou o irmão e ele a empurrou. Ou pode ter dormido de mau jeito. Enfim, precisava urgentemente falar com os seus pais ou para qualquer adulto próximo. Nada de deixar crianças — isso inclui Hermes, e principalmente, seus dois irmãos pequenos — descobrirem. Joanne acordou com enjoos e precisou ir ao banheiro. Só havia vomitado bile acumulada no estômago e foi escovar os dentes para tirar o gosto amargo da boca.

Precisava desabafar... algum de seus irmãos ou o seu pai... qualquer pessoa responsável, mas parecia que todos tinham desaparecido. Descia as escadas pela segunda vez quando, por graças, viu dois adultos. Era Cassiopeia conversando com seu namorado e futuro marido Nyxodia. Correu até eles e os cumprimentou, sendo Nyx com os seus famosos "yos" — não cumprimentava Cassie com essas informalidades.

— Cassie eu tenho um treco muito sério pra te contar...

— É sobre o tal Veritas? Vamos falar sobre isso mais tarde, tudo bem?

Joanne nem tinha se lembrado do Veritas depois dos problemas com Dionísio. Queria só poder esquecer que o viu fazendo aquela coisa nojenta.

— Bem, e-então acho que podemos conversar sobre... e-err... pode ser d-depois do café?

Cassiopeia concordou, e Joanne com Nyxodia se afastaram até a cozinha, pois hoje era dia deles prepararem o café. O rapaz já estava pegando alguns ovos e salsichas da geladeira e colocando na grelha ao lado do fogão. Joanne pegou um pouco de pão e ligou a torradeira e colocou fatias generosas. O cheiro de bacon e ovos fritos já lhe abriam o apetite.

— Você parece meio cabisbaixa, Jojo. Parece que não dormiu direito... — disse Nyx enquanto colocava mais ovos em uma frigideira e começava a mexer, assim como o guisado de feijão que estava em outra panela.

Só agora notou, seu bocó? Seu humor estava péssimo, e parecia o seu pai quando se enchia de mau humor e xingava até quem não tinha culpa de nada.

— É por aí... eu falo mais tarde. Quer que eu veja os ovos e o bacon?

Ele fez sim com a cabeça e ela foi até a grelha virar os ovos, que estavam prontos. Uma travessa de madeira estava em cima da mesinha e a trouxe para colocá-los. As salsichas também estavam no ponto — o que aumentou a sua fome... adorava salsichas grelhadas — e o bacon também. O cheiro do guisado de feijão não era nada ruim... Nyx era um cozinheiro de mão cheia. Cassie não passará fome nunca com ele.

Enquanto isso, Nyxodia estava contando como era o café da manhã dos japoneses. Pelo menos ela distraia a mente já tão doente e perturbada.

— A gente costuma não comer sempre torradas ou feijões. Normalmente é alguma sopa de legumes com onigiri e peixe. O meu favorito é uma sopinha de legumes com chá verde e uma banana. Não sou fã de comer nada muito pesado no café da manhã, só quando está muito frio como hoje.

— Deve ser bastante interessante comer arroz e feijão logo no café da manhã... Cassie disse que os brasileiros comem isso no almoço e jantar, e no café normalmente é um pão com café misturado com leite.

— A sua voz está muito embargada. Está acontecendo alguma coisa?

Joanne não sabia se deveria falar para ele. Não confiava em homens para esse tipo de conversa, mas o momento era tão desesperador que poderia desabafar com qualquer um. Cassiopeia só pensava no Veritas e capaz de sua mãe entrar em pânico ao saber que o próprio filho estava lhe observando nua e se masturbando.

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