Deixe-o de joelhos - TRADUÇÃO

Capítulo 14

Harry caiu sobre a mesa de conferência, os óculos abandonados na frente dele.

- Vou pedir demissão do meu emprego - ele choramingou em uma pilha de pedidos de licença. - Eu não quero mais ser auror chefe. Ninguém me disse quando eu tomei a posição que seria papelada e reuniões.

- Você já salvou o mundo, Harry - Hermione disse, agarrando a parte de trás de sua gola para levantá-lo e puxar os formulários de licença debaixo de sua cabeça. - Desculpe, mas agora é hora de relatórios e arquivamento.

- Algum outro Lorde das Trevas andando por aí? - ele murmurou quando ela colocou sua cabeça de volta na mesa. - Vou até pegar um pequeno. Alguém querendo ganhar poder e domínio sobre apenas um condado, talvez? Shropshire. Vamos ter um Lorde das Trevas em Shropshire. Eu cuido disso. Eu tenho experiência.

Hermione sacudiu a varinha e organizou outro conjunto de pastas, a pilha subindo em um redemoinho antes de se acomodar na mesa, cuidadosamente empilhadas e organizadas cronologicamente.

- Todos nós temos que crescer eventualmente - disse ela. - Encontrar carreiras, casar-se, ter filhos. É o que as pessoas fazem, certo?

Bebês com olhos cinzas, uma parte profunda de sua mente disse a ela. Nariz pontiagudo. Sorrisos devastadores com covinhas. Um bebê minúsculo em seus braços, seu peso quente contra seu peito enquanto ela acariciava os dedos pelos cabelos loiros macios e o ajudava a acenar com o pequeno punho para uma figura alta e distante em uma vassoura. Olhe para o papai, ela se imaginou dizendo. Veja-o pegar o pomo antes do tio Harry.

Ela afastou esses pensamentos. Draco estava atraído por ela. Ele a queria. Isso é o que ela estava procurando o tempo todo, e ela não podia pensar mais, não quando ambos tinham levado tanto tempo para chegar a este ponto.

Agitando sua varinha novamente, ela chamou uma caixa vazia e colocou as pastas nela.

- Pelo menos você é auror chefe e não auditor chefe. Você ocasionalmente vai em missões, não soma números o dia todo. Aquele sujeito parecia estressado. E como se ele não tomasse muito sol.

- Falando de homens pálidos e estressados - Harry sentou-se e esfregou as mãos pelo cabelo até que ele se projetasse em todas as direções. - Como está Malfoy?

Ela fez uma careta para ele, desapontada por ele ainda ter tirado os óculos e não poder ver.

- Ele está bem.

- Duvido disso.

Hermione suspirou.

- Não, ele não está bem. Ele não deveria ter voltado ao trabalho ontem. Ele não deveria estar perambulando com suas estagiárias hoje. Ele deveria estar no hospital ou em casa, no mínimo - ela alisou ambas as mãos sobre uma pasta, olhando para ela. Ela levou um minuto para encontrar sua voz. - Eu sei que você vai me dizer que se Draco quisesse que eu soubesse o que aconteceu durante aquela farsa de inquérito, ele mesmo me diria.

Harry colocou os óculos e assentiu.

- Ele foi... Ele foi essencialmente atacado. Você não precisa confirmar, Harry, eu pude ver isso bem o suficiente por mim mesma. A maneira como ele estava reagindo, as coisas que ele disse naquela noite. Como ele estava desesperado por... por segurança. Para alguém que ele sabia que não iria machucá-lo - seu peito apertou e ela engoliu o nó em sua garganta. - Mas ele não está lidando com isso. Ele guardou tudo e trancou em algum lugar em sua mente com tudo o mais que ele não quer pensar.

No ano desde que Harry e Pansy se casaram, Draco vinha jantar duas vezes por mês. E nem uma vez ela havia notado a maneira como ele era tratado. Ele não falava sobre isso, nunca agia incomodado com isso. Agora, desde que assumiram este caso juntos, ela testemunhou um pouco de sua vida. O maitre que cuspiu nele no restaurante, as perguntas de Madame Berkley sobre sua vontade de estar com ele, a invasão de sua mente pela inominável. Ela se perguntou por muito tempo por que um homem com sua aparência e seu dinheiro parecia ter menos vida social do que um eremita. Além dos jantares na casa da cidade e das noites que passava com Blaise e Pansy, Hermione suspeitava que ele não ia a lugar nenhum. Ele ficava longe das pessoas, a menos que fosse para o trabalho.