Hermione estava do lado de fora do portão, olhando para o longo caminho para a casa. A frente estava escura, nenhuma luz aparecia, e a porta era invisível através do nevoeiro. Ela raspou os dentes no lábio inferior, respirou fundo e colocou a mão na fechadura.
O portão de ferro se abriu para deixá-la passar e ela fez seu caminho através da neblina até a estrada de cascalho. Uma forma branca fantasmagórica se moveu em cima de uma das sebes altas, congelando-a até que ela percebeu que era um pavão olhando para ela. Ele levantou a cabeça e soltou um guincho rouco, nada parecido com os gritos abafados que ela tinha ouvido antes.
Hermione estremeceu, segurando a alça de sua bolsa com os dois punhos, e se apressou pela estrada. A frente da casa emergiu do nevoeiro. Draco estava nas sombras de um lado da porta, ainda em sua capa preta. Quando ela se aproximou, ela viu a mão dele levantar-se para o rosto, viu o brilho alaranjado de um cigarro. Ele jogou o cigarro para o lado, onde desapareceu no ar, antes de exalar duas longas correntes de fumaça pelo nariz.
Seus ombros estavam caídos, sua cabeça inclinada, como se tivesse um peso sobre ele que estava perdendo forças para suportar. Hermione pensou em como ele tremeu quando a segurou do lado de fora do portão. O que quer que ele estivesse fazendo nos últimos dias, o tinha esgotado.
Ela estendeu a mão, colocando a mão em seu braço.
- Draco, o quê...
- Você precisa ficar quieta - disse ele. Ele passou o braço ao redor dela e a puxou para perto, sua capa caindo sobre ela. - Eu preciso que você entenda isso antes de tudo. Mantenha sua voz baixa. Eu a sedei depois que você saiu, mas não posso arriscar que você a acorde.
Hermione franziu as sobrancelhas. Sedou-a. Duas palavras simples, e elas fizeram seu coração disparar.
- Sua mãe - ela murmurou. - O que está acontecendo, Draco?
- Eu vou te dizer. Eu prometo, eu vou te contar - sua voz parecia desanimada, como se ele tivesse perdido algum tipo de batalha e estivesse esperando a derrota final. Quando ele pegou sua mão e a trouxe para beijar seus dedos, sua boca estava quase tão fria quanto seus dedos.
Sem falar mais, ele a levou para dentro da casa, onde colocou sua capa em um gancho na porta. Hermione agarrou sua mão enquanto ele a conduzia pelo escuro hall de entrada. Eles passaram por uma porta que parecia assustadoramente familiar para ela e ela se esquivou inconscientemente. Draco olhou para ela enquanto ela se aproximava de seu braço, mas apenas apertou sua mão.
Ele a levou para um escritório nos fundos da casa e fechou a porta atrás deles. Papel verde escuro cobria as paredes; cadeiras escuras e estofadas flanqueavam um sofá de couro extralongo e uma ampla lareira com toras acesas em cima de ferros altos e pontiagudos. Um cobertor amassado estava em um canto do sofá, com várias xícaras de café abandonadas e uma garrafa de uísque quase vazia em uma mesinha ao lado. Na mesa baixa em frente ao sofá havia um cinzeiro cheio, a caixa de prata para os cigarros de Draco, e arquivos e livros espalhados. Uma olhada nos títulos lhe disse que eram textos médicos. James e Hebb, Molaison, Ebbinghaus. Todos os livros eram sobre mente e memória.
Draco pegou a bolsa dela e a colocou em uma mesa em frente a uma poltrona de couro. Ele se inclinou pesadamente sobre a mesa, ambas as mãos espalmadas na superfície polida.
- Sente-se - disse ele.
Hermione olhou para a ponta do sofá onde Draco obviamente estava passando seu tempo. Ela torceu o nariz com o cheiro do cinzeiro cheio. O fumo de Draco não a incomodava, mas pelo jeito, ele mal parou entre um e outro. Ela despejou o conteúdo do cinzeiro na lareira enquanto Draco se afastava da mesa e vinha se juntar a ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Deixe-o de joelhos - TRADUÇÃO
RomanceDraco está no caso de um assassino, mas para investigar, ele precisa de um relacionamento falso - e de uma parceira de jogo. Quando Hermione se oferece para assumir o papel, os dois fazem o possível para manter a mentira sem deixarem um ao outro sab...