Capítulo 24

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Hermione desabou na cadeira ao lado da mesa de Harry e chutou os sapatos.

- Draco teve a ideia certa - ela anunciou para o teto. - Ignore os eventos do Dia da Lembrança. Vá para Azkaban em vez disso. Aposto que ele teve um dia melhor.

Harry pegou a mão dela, colocou um copo de firewhiskey nele e deu um tapinha em seu ombro.

- Você lidou bem com isso - disse ele, circulando sua mesa para bater em sua cadeira. Ele colocou os pés sobre a mesa e se recostou, gemendo enquanto desabotoava a gravata. - Você conseguiu não enfeitiçar ninguém, pelo menos, então estou contando isso como uma vitória.

- Fui tentada. Deus sabe, fui tentada - Hermione examinou o firewhiskey. Ela considerou tomar um gole, então deu de ombros e engoliu metade de um gole só. Limpando o queixo com a manga, ela suspirou. - Você diluiu isso.

- Eu esperava que você fosse engolir - Harry empurrou a garrafa em sua mesa com um calcanhar. - Mas falando sério, Hermione, você lidou bem com isso. Mesmo quando aquela vadia começou sobre você namorar o Malfoy, você aguentou firme.

- Eu não acho que chamá-lo de abscesso no períneo do jornalismo foi realmente aguentar as coisas.

- Ele mereceu. E ele tem dificuldade para ouvir, então, quando ele me perguntou o que você disse, eu disse a ele com entusiasmo que você o chamou de um sucesso no auge do jornalismo. Eu posso ter exagerado. Acho que torci os dedos dele quando apertei a mão dele.

Hermione bufou e enrolou as pernas debaixo dela, segurando o copo com as duas mãos.

- Pelo menos eu não tive que fazer um discurso. Você parecia estar sendo arrastado para a forca quando subiu lá. Mas você falou bem. Muito fluido.

- Eu não estou surpreso. Eu fiz exatamente esse discurso quatro vezes. Ninguém nunca presta atenção. Eles apenas torcem pelo Escolhido, fazem um momento de silêncio pelos caídos e depois procuram a mesa de bebidas - Harry tirou os óculos e os jogou na mesa para esfregar os olhos. - Espero agora que já faz dez anos, que possamos parar de ter eventos anuais. Mantenha o dia no calendário o quanto quiserem, mas talvez reduza os discursos, rosetas e bandas a cada cinco anos.

- Fiquei feliz que Draco não estava lá - Hermione disse depois de um momento. - Todo ano eles nomeiam os Comensais da Morte e tocam um sino para cada um. Bellatrix Lestrange, morta, sino toca, multidão aplaude. Amycus Carrow, preso, sino toca, multidão aplaude. E assim por diante, por toda a lista desde a primeira guerra. E o último, Draco Malfoy - ela balançou a cabeça. - E todo mundo fica em silêncio. Sem comemoração, sem alegria. Porque ele está vivo. E livre.

Ela voltou a encher o copo de uísque.

- Mas este ano, eles não disseram o nome dele. Ele está fora da lista de bruxos das trevas, sua foto sumiu da parede, e eles não disseram o nome dele e todos olharam para mim. Eu sei que eles estavam procurando por ele - ela se lembrou do ano anterior, quando liam os nomes. Draco estava parado ali, seu rosto completamente imóvel. Cabeça erguida, coluna reta, mãos atrás das costas. Ele era a ilustração perfeita de 'à vontade', direto do livro de treinamento do auror. Ele não desviou o olhar do Ministro nem por um segundo.

Ela tomou um longo gole.

- E agora eu sei o quão desconfortável ele estava. Quantos anos ele ficou lá, ouvindo o silêncio?

Por quantos anos ele ficou com o rosto calmo, a máscara de Malfoy firmemente no lugar? Sabendo que todos estavam se virando para olhar para ele, sabendo que todos estavam tentando ver através de sua manga a Marca Negra desbotada queimada em seu braço. Ouvir seu nome ser lido como um bruxo das trevas, um Comensal da Morte. Ela sempre sentiu um pouco de pena dele durante a leitura dos nomes, e agora...

Deixe-o de joelhos  - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora