Parte Dois: Capítulo 13 - Sam

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– Não.

– A gente vai morrer sem ela por perto...!

Não, Dean! Não ligo que ela seja sua amiga, ninguém quer ela por perto!

Eu estava cansado daquela discussão, mas era difícil fazer aquele cabeça dura entender que a garota que ele tinha conhecido anos antes não era a mesma que tinha aparecido pra gente naquela noite.

– Sabe, eu realmente tô tentando entender... – me virei pra ele indignado, abrindo uma das cervejas que tinha encontrado na geladeira da cozinha do clube. – Você nunca, nunca, teve nenhum amigo próximo.

Dean arqueou as sobrancelhas, pego desprevenido ao ser confrontado com uma verdade desconfortável. Cruzou os braços e se recostou à pia, esperando que eu continuasse.

– Nunca teve amigos, e não era só pelo medo que a gente tinha de alguém que a gente se importa acabar se machucando. Nunca teve amigos porque nunca deixou ninguém chegar perto demais, nunca confiou em ninguém, então eu não entendo como e nem porquê se tornou amigo dela. Tinha algo entre vocês? Se apaixonaram ou algo assim?

– Nada a ver – franziu o cenho, incomodado com minha suposição.

– O que essa garota aleatória tem de tão especial além do fato de ser um Cavaleiro do Inferno, Dean?! Me explica o motivo de fazer tanta questão de manter ela por perto depois de ela admitir, com todas as letras, que massacrou a família de outro cara aleatório com quem você parece se importar!

Ele desviou o olhar, um riso involuntário parecendo escapar por um momento. Pigarreou e começou a falar, sem ter coragem de me encarar.

– Depois que você foi embora... Você sabe – deu de ombros. – O clima com o pai não tava nada legal. A gente quase não conversava e quando conversava, não demorava muito pra ele se irritar e sumir em uma caçada. Eu não sabia o que fazer, e... Bom, eu tava cansado, Sammy – finalmente me encarou. – Tava cansado de tentar ser um bom filho. Não queria te incomodar, você tava vivendo a sua vida, então eu decidi começar a caçar sozinho.

– E como conheceu a Daisy?

– Eu tava em uma caçada em Waynesville, no Missouri. Cidadezinha meio deserta, mas, acredite, tinha um bar de strip lá! – ele sorriu e eu ri descrente.

– Deixa eu adivinhar: Daisy era uma stripper?

– Não, ela era garçonete lá, a Suzie é que era a stripper, e olha... – suspirou profundamente. – Que mulherão ela é!

– Tá, e...?

– Eu tava lá de boa, pagando a Suzie pra dançar só pra mim. Daisy estava servindo alguns caras e um deles assediou ela, então... – deu de ombros.

– Você bancou o cavaleiro branco – revirei os olhos.

– Ah, sabe como é – riu sem jeito. – Depois do trabalho delas terminar, combinei de sair com a Suzie e dei uma carona pra Daisy, levei ela pra fazenda do Robert, que agora a gente sabe que na verdade era o Cain – engoliu a seco. – Suzie tava preocupada com ela, sempre achou que ele maltratava dela. Fiquei uns dias na cidade e depois continuei caçando, mas mantive contato com a Suzie durante um tempo.

– Pensei que tivesse sido um lance mais sério.

– É, bom... Ela me ligou algumas vezes, e de vez em quando eu voltava pra cidade, pra passar um tempo com ela. Nós três saíamos juntos, íamos sempre pra mesma lanchonete. Outras vezes a gente acampava e virava a noite bebendo e conversando. Suzie levava um violão e a gente ficava cantando ao redor da fogueira, eu e a Daisy éramos totalmente desafinados – ele riu.

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