Bad Company

Capítulo 31 - Jax

Eu sabia que ele ficaria possesso quando eu enfim decidi contar tudo que sabia e as coisas com as quais vinha sonhando desde o incidente com a espada, mas não havia forma de florear aquelas coisas porque não tinha um jeito certo de falar. A verdade era que eu não sabia, e não queria saber, o que aqueles sonhos significavam, só sabia que precisava escrevê-los, e Magda sempre foi insistente em tentar me encontrar, mesmo que eu continuasse dizendo a ela que me deixasse em paz.

Agora ela estava na cozinha, sentada pacientemente bebendo café fresco enquanto ouvia eu explicar a situação a Dean, que parecia prestes a ter um ataque. Era contraditório que ela dissesse que era tarde demais pra fazer algo por ele, que tinha o visto morrer, e ainda assim quisesse tentar salvá-lo. Eu tentaria todos os outros recursos primeiro antes de ceder à insistência dela, e tinha certeza de que Sam e Bobby também não iriam gostar da ideia de uma garota órfã que lidava com demônios se metendo com a nossa banda pra tentar ajudar, mas o que eu deveria fazer? Expulsá-la?

Depois de misturar uísque com café, tragar longos goles e respirar fundo, ele se virou para Magda.

– O que tem em mente?

– A forma mais fácil de escapar seria matando a dona do seu contrato.

– Não vai rolar – ele esfregou o rosto com as mãos. – Daisy morreu tentando fazer isso e mal conseguiu ferir Lilith antes de ter seu coração arrancado do peito, e ela era um Cavaleiro do Inferno. Você é o que exatamente?

– Não vai acreditar se eu contar.

– Experimenta – a encarou seriamente.

Me endireitei na cadeira, cruzando os braços sobre a mesa, ansioso para ouvir sua explicação.

– Eu... – suspirou, quase grunhindo contrariada. – Sou uma Santa Guerreira em treinamento.

– Como é que é? – Dean riu pelo nariz.

– Os anjos falam comigo às vezes, me dão instruções do que eu devo fazer, mas na maior parte do tempo eu estou sozinha.

– Excelente ponto: por que você está perambulando por aí sozinha e tá assim há quanto tempo? O que aconteceu com seus pais?

O Calcanhar de Aquiles dela. Magda virou o rosto, massageando a nuca.

– Magdalena – Dean a chamou e ela engoliu a seco, tornando a encará-lo. – Você veio até aqui por um motivo e eu duvido muito que tenha sido só pra tentar salvar a minha alma do Inferno.

– Eu... Preciso de ajuda. Desde que os Portões do Inferno se abriram tem muitos demônios na minha cola e... Eu sei que Lilith voltou ao Inferno depois do ataque da Daisy, mas... Olha, não é só o Sam e a Adrien que estão na mira deles, entendeu? Lilith os quer vivos, mas eu... Aí já é outra história.

– O que uma adolescente exorcista teria de tão amedrontador pra Rainha do Inferno?

– Nada. Ainda.

– Por quê?

– Isso tudo é como... É um chamado, entende? – franziu o cenho, tentando se manter firme nas palavras. – Meus pais não podiam ter filhos e rezaram por mim, eu fui um milagre. Minha vida era perfeita. Até meu aniversário de sete anos, quando meus pais foram mortos na minha frente.

– Demônios?

– Uhum. Eu só descobri que eram demônios depois.

– Como escapou?

– Um anjo me salvou no último minuto. Não é como se eu esperasse que Deus fosse realmente ouvir minhas preces, mas aconteceu. Eu só senti... O êxtase daquela luz branca ofuscante... – seu olhar desviou para o nada. – Ouvi algumas vozes, mas não entendi tudo que diziam. O anjo que me salvou, Castiel, ele me levou embora, me entregou a um convento.