Parte Três: Capítulo 25 - Jax

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Sam tinha demorado algumas horas pra chegar na casa do Bobby, depois da gente. Chegando no Mustang dela, Dean foi o primeiro a correr até o irmão pra ver como o mais novo estava, e não demorou a se assustar quando se deu conta da quantidade de sangue nas roupas de Sam, sangue que ele disse que não conseguiu limpar antes de chegar.

Não era apenas o sangue: o comportamento também tava diferente. Sam parecia distante, se movendo quase de forma automática, como se não estivesse realmente atento ao que tava rolando ao seu redor. Como se não se importasse.

E quando Dean perguntou sobre Daisy, vimos o semblante dele ficar ainda mais sombrio quando respondeu baixo:

– Porta-malas.

Sam passou por nós sem sequer nos olhar na cara, sem sequer se virar para ver Dean tendo que se apoiar no Mustang para não cair de joelhos no chão. Subindo as escadas até a varanda, tirou Adrien dos braços de Gemma, que estava cuidando do bebê porque tinha mais experiência do que a gente, e passou por Bobby sem dizer palavra, indo para a cozinha.

Dean estava hiperventilando quando enfiou a chave do Mustang na fechadura do porta-malas e o abriu, fazendo a gente ver o corpo mutilado do que um dia foi Daisy Smith. Se apoiando no carro, caiu de joelhos e percebi que ele tentava segurar um grito e também as lágrimas.

O máximo que pude fazer foi pôr a mão em seu ombro e dizer que estava tudo bem, mesmo que nada estivesse.

Daisy morreu com um sorriso no rosto. Parecia quase serena, pacífica, e nada demoníaca, surpreendentemente. Havia um enorme - e nada figurativo - buraco em seu peito, e o coração não estava lá, e no momento que notou isso, Dean correu atrás de Sam e pudemos ouvir os gritos dele pela casa.

Corri logo atrás, seguido por Bobby e Gemma, observando Dean encher Sam de perguntas e não receber resposta nenhuma. Sam estava sentado no sofá de Bobby, embalando Adrien nos braços, e Dean estava cada vez mais vermelho.

– Quem foi?! Cain?!

Sam apenas suspirou.

– Pensei que vocês tivessem algum lance juntos, a julgar pelo jeito que vocês dois tavam um com o outro, e agora você nem se dá ao trabalho de tirar o corpo dela de dentro do porta-malas! Por que enfiou ela lá?!

– Ela tá morta, Dean – Sam respondeu baixo. – Ela não está mais aqui, então não faz diferença.

– É claro que faz! Ela era minha amiga! Ela morreu pela gente! Ela merece pelo menos um pouco de consideração!

– Discutível – Gemma cruzou os braços. – Ela ter salvado a pele de vocês foi o mínimo que poderia ter feito, não tira nem um pouco da culpa dela.

– Não estamos discutindo a carga de culpa dela por todas as pessoas que ela matou! O que eu tô dizendo é que ela se sacrificou pela gente e que não merece ser tratada como lixo de porta-malas!

Sam continuou apático com Adrien no colo, sem se importar em olhar pra nenhum de nós. Era como se quisesse evitar o assunto como um todo.

– Me ajuda aqui – Dean me encarou antes de se afastar.

– Ajudar com o que?

Ele reclamou que a mesa de Bobby era pequena demais para colocar o corpo de Daisy, então pediu pra usar a escrivaninha do velho, e não foi muito jeitoso nisso, colocando quase tudo abaixo antes que eu conseguisse evitar que alguns livros e uma garrafa de uísque fossem jogados no chão.

– Dean, pelo amor de Deus, para! – Bobby teve de gritar com ele, segurando seu ombro e fazendo com que se virasse.

– Se ninguém vai tratar ela com respeito, então eu vou, eu devo minha vida a ela! – ele esbravejou. – E se nenhum de vocês vai me ajudar a dar um funeral digno, então saiam do caminho!

Bad CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora