Capítulo 18 - Daisy

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Um bar de beira de estrada, do jeito que eu gostava.

Um pouco mais agitado que o normal, outro ponto interessante, mas não era o cheiro humano que eu farejava ali. Não tinha nenhum humano por perto, o que era ótimo. Quando abri a porta e entrei, os olhos de todos os lobisomens se voltaram para mim.

Não tinha como ser discreta com o tamanho da minha barriga, mas é claro que A Primeira Lâmina e A Marca eram a cereja do bolo.

Todos se levantaram, e foi como se a música tivesse morrido, ainda que a jukebox velha no canto do bar estivesse no volume máximo. Ignorei as caras feias que estavam fazendo e caminhei numa boa até a máquina para escolher uma música mais adequada para aquela ocasião. Selecionei ''Thunderstruck'', do AC/DC, e me virei para eles.

– Então, quem quer começar?

Alguns se entreolharam, e os que estavam no bar, bebendo cerveja, quebraram suas garrafas, chamando os demais para acompanhá-los e me circundar, avançando em minha direção.

Ótimo, direto ao assunto, do jeito que eu queria.

A melhor parte da matança era sentir o sangue quente em minhas mãos, ouvi-los se engasgar com ele enquanto lutavam inutilmente contra mim. Era poético, quase, quando um bando de monstros decidiam unir forças pra me atacar, pondo a sobrevivência acima do orgulho.

Uma pena que não tivessem a menor chance contra mim. Cain havia me ensinado direito, e sua maior lição foi não mostrar misericórdia. Misericórdia era para os fracos, e em uma situação de vida ou morte, significava perder.

Estava arrancando o coração do último lobisomem quando ouvi a porta se abrir, e Sam surgir com sua pistola em mãos, olhando ao redor confuso. Joguei o coração do lobisomem na direção dele.

– O que foi que eu disse sobre me esperar? – se irritou.

– Você demorou demais – dei de ombros. – Cansei de esperar.

– Não foi esse o acordo.

– Desculpa, mas pelo menos eu terminei o serviço rápido.

– É, e em compensação tem um bar cheio de gente morta, mais uma manchete pros jornais e mais pistas pros demônios seguindo a gente!

– Não é como se a gente não pudesse despistá-los também... – fui para o bar, procurando algo que pudesse beber, mas não encontrando nada que prestasse. Estava com fome.

– Você é teimosa – bufou. – Não podemos deixar essa bagunça à vista.

– Será que você poderia parar de reclamar e relaxar por dois segundos? – o encarei. – Só comemora a vitória. Era um bando de lobisomens, foi um trabalho rápido e não deixei testemunhas.

– Não, só essa bagunça.

– Tô dando serviço pros policiais desse fim de mundo, deveria me agradecer por isso.

– Aterrorizar pessoas de uma cidade interiorana não é coisa pra se agradecer, Daisy – suspirou.

– Tá bom, tá bom – fiz um gesto de rendição. – Desculpe pela bagunça. Por que não senta e bebe um pouco?

– No meio de uma caçada? – franziu o cenho.

– A caçada acabou, Samuel, apenas curte a vitória.

– Difícil curtir uma vitória com um monte de cadáveres por perto.

Revirei os olhos, cansada de insistir, e fui para a cozinha procurar por algo decente pra comer. Alguém deixou um monte de batatas fritas prontas para serem retiradas e um hambúrguer, provavelmente pedido de alguém, e eu não perdi tempo em devorá-los.

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