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Aquele dia estava uma loucura. A previsão de temporal que o noticiário anunciou pela manhã era confirmada quando Alejandro começou a sentir pequenas e finas gotas caindo sobre sua camiseta social que agora tinha as mangas levantadas até o antebraço. A mala estava o impedindo de chegar rápido em casa. Os buracos na lateral não ajudavam em nada, a lama que se formava por entre as pedras soltas no caminho iam sujando suas calças pretas e deixando as meias, anteriormente brancas, agora adquirirem um tom de barro escuro. Ele não se importava, queria chegar o quanto antes em casa. O conjunto habitacional estava próximo e ele não via a hora de poder contar o motivo de seu retorno adiantado. Ao chegar na esquina, foi até o mercado e comprou pão, queijo e leite para o lanche, visto que não havia comido durante a viagem pois necessitava fazer economias e não podia ter o luxo de fazer pedidos a aeromoça com relação a alimentação. Chegou em frente de sua atual casa e pode notar que a porta não estava fechada.

- Mas o que será que está acontecendo? - Ele se questionou. "Será que algum miserável invadiu enquanto estive fora? Era só o que faltava!"

Ele entrou cautelosamente e foi sorrateiro até a cozinha e pode ouvir vozes... vozes que ele pode identificar de imediato a quem elas pertenciam.

- Você pretende contar à ele quando?

- Eu não sei. Estou com medo. - Ela falou com melancólica- Não me julgue, você não tem esse direito!

- Ei! Ei! Calma! Não estou te julgando, só que não é fácil. Não esperava uma coisa dessas. Não sei o que dizer. Me desculpe, eu deveria te apoiar. Iremos achar uma solução, tudo bem? - Ele disse tentando passar o máximo de segurança em sua fala a mulher que estava à sua frente.

- Obrigada, compreensão é tudo o que eu preciso neste momento. Não sei como farei com os meus pais. Eles provavelmente irão ficar contra. Meu pai, minha mãe, a sociedade estará contra mim! Meu Deus, por que deixei chegar neste ponto?? Estou perdida!!! - Ela começou a falar em desespero e deixou algumas lágrimas rolarem por seu rosto.

- Olha, eu não digo que isto será fácil, mas você terá que tomar uma decisão. E isso deve ser feito de imediato, antes que sua barriga fique maior e comece a gerar suspeitas para todos. Posso não ser o mais indicado, mas não é como se eu fosse te deixar passar por isso sozinha. Agradeço que tenha compartilhado comigo. Confiança é algo que sempre admirei em você. Saiba que nunca irei te desamparar e nem teria como fazer isso após tudo o que passamos. Estarei presente sempre que precisar, tudo bem? - Ele disse com seriedade em suas palavras.

- Me desculpe. Me desculpe! Eu não deveria correr para você sempre que as coisas fogem do meu controle. Eu só simplesmente não consigo. - Ela estava em prantos abraçada ao homem

- Não se preocupe com isso. Já disse que estarei aqui para ajudar no que for necessário. - Ele mantinha seus braços ao redor da mulher que continuava chorando e agora seu rosto estava com uma tonalidade avermelhada intensa.

- Foi apenas uma vez. Uma vez e olha como estou agora? Eu estou perdida! Isso irá estragar toda a minha vida. Não terei mais o futuro que tanto desejei.

- Não diga isso! Não fale essas coisas para se arrepender depois.

- Eu não terei mais um futuro com alguém que me ame. Ficarei velha, sozinha e sem ninguém ao meu lado.

- Ei! É claro que isso vai acontecer. Você é uma mulher bonita, sempre foi e continuará sendo. - Ela olhou-o e sorriu de canto agradecendo aquelas singelas palavras. - É o que eu acho. Acho não. Tenho certeza! E quem quer que seja o seu eleito, será um homem muito sortudo e que fará com que o amor não seja mais um ideário distante, porque ele levará o amor onde vocês estiverem. Não se esqueça disso. - Ele disse passando a mão lentamente sob o rosto dela.

Eles estavam tão próximos e o calor do abraço era tão reconfortante...

Pela fresta da porta Alejandro observava tudo e estava fulminando por dentro. Amassou os pães que havia comprado e só não entrou para perguntar que cena patética era essa porque queria saber com exatidão até onde eles iriam. Quando viu que os dois estavam se distanciando e indo em direção a porta, ele correu e saiu da casa para se esconder atrás de umas caixas que estava a parede do vizinho.

- Eu agradeço. Agradeço muito que você não tenha me julgado e pense que estou fazendo isso para chamar sua atenção. Sei que Clara não gosta que falemos à sós. - Ela diz tristemente.

- Bom, eu não tenho como negar essa última parte, mas isso é algo que eu resolvo. Aliás, não deixarei você sozinha neste momento. Sinto-me responsável também.

- Não posso e nem devo te cobrar nada.

- Apenas prometa-me que me contará o que decidirá. Prometa-me! - Ele pede.

- Eu...e-eu prometo. - Ela diz por fim. - Mas tenho medo.

- O medo é algo que devemos enfrentar. Não tenho muito, mas o que tenho farei o possível para compartilhar com vocês. - Ele sorri gentilmente para ela.

- Obrigada. Obrigada, Michael! Você continua sendo tão amável comigo. - Ela estava triste por dentro e apesar de todas as coisa que aconteciam consigo, o pior era a dor de saber que deixou o homem tão bondoso como Michael escapar por medo. Por medo.

- Eu vou indo. Tenho que trabalhar em dobro aqui. Agora em triplo. - Ele diz passando a mão pela nuca tentando fazer um gracejo, mas que não deu muito certo.

- Me desculpe de novo. - Ela olha para baixo sem ter coragem de olhar em seus olhos novamente.

- Não me peça desculpas... Me peça abraços! - Ele a puxa rapidamente e passa a mão por seu quadril, a fazendo sorrir surpresa. - Tenho que ir, Sinuhe. Cuide-se e qualquer coisa não exite em me contatar. Tem meu número e endereço. Não estarei longe.

- E..ee- eu ... obrigada! - É tudo o que ela consegue dizer. Ele era um homem incrível que estava disposto a se arriscar para ajudá-la apesar dos pesares. Ele era incrível, tão amável, doce, gentil e encantador. Ele era um amor... ele era o amor. Foi o pensamento que ela teve antes de entrar novamente na casa.

Alejandro que se mantinha escondido, levantou-se e seguiu para dentro da casa. Ele estava furioso e sentia-se enganado. O ódio corria entre suas veias ao pensar nos dois abraçados na sua frente e trocando carinhos... Era inadmissível uma coisa dessas para ele. Para o seu ego. "Não! Não! Como isso pode acontecer?" Ele abriu a porta e entrou fazendo o possível para ser notado agora pela mulher que estava lavando a louça e virou para ele com lágrimas em seu rosto. Aquela imagem em nada o afetou internamente. Estava possesso e iria tirar essa história a limpo.

- O que faz em minha casa, hein?? Quem te deu a permissão de colocar os pés aqui enquanto eu não estou?? - Ele lançou um olhar de fúria e perguntou com rispidez.


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Olááá!!! Pessoal, essa é minha primeira fic. Não sei se estou fazendo certo ou se alguém irá ler, mas vamos lá. Vou continuar com a história porque eu to com essa ideia na minha cabeça e quero muito compartilhar com vocês.

Até o próximo cap.

:)

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