.36 A Visita

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Pov. Lauren

Camila e eu estávamos andando de mãos dadas na rua e era impossível não sentir minhas bochechas doerem devido ao tamanho do sorriso formado no meu rosto. Estou andando de mãos dadas. De mãos dadas! Espero que ela não ache constrangedor. Olhei para o seu rosto e não pude identificar alguma expressão relevante que fosse um indício de como ela estivesse se sentindo no momento. Ela parecia séria e pensativa...hmmm, estou com vontade de balançar nossas mãos para frente e pra trás. Será que ela ficaria incomodada? Olhei novamente e ela continuava com a mesma expressão. Acho melhor deixar isso para outra oportunidade.


A Lauren estava estranha. Ela pegou a minha mão e ficamos andando segurando a mão uma da outra. Não que isso já não estivesse acontecido antes, mas agora a mão dela parecia estar soada e fazia com que a minha também ficasse. Por que isso? Ela ficava olhando para mim e não dizia nada. Será que está esperando que eu diga algo também? Não tenho o que falar. Já estou arrependida de ter entrado nisso. Olhei novamente e ela estava com um sorrisinho no rosto, tentei ignorar por alguns segundos e assim que olhei novamente, a bochecha dela ainda fazia uma voltinha para cima indicando que o sorriso era mantido.

Por que está rindo? — Droga! Agora vem a hora que ela tenta falar alguma coisa engraçada e terei que ser obrigada a sorrir também.

— Não é nada... — Tentei considerar sua resposta para fugirmos do assunto, mas estava impossível com aquela cara de felicidade que ela estava fazendo.

— É sério Lauren, o que é tão engraçado assim? — A Camila parou me encarou e ficou na expectativa de que eu falasse, mas de um modo engraçado, ela não conseguiu manter os olhos fixos aos meus por mais de 50 segundos. Se eu contei? Óbvio! Se isso é loucura! Ah, talvez. Decidi omitir o motivo do meu sorriso porque provavelmente ela não iria entender e isso aumentaria seu "mau humor".

— Camila, o que você acha de ir para casa dos meus avós? — Ela me olhou sem entender direito. — É que eu não quero voltar para casa hoje e pensei que pudéssemos ir visitá-los... Seria uma ótima oportunidade de você conhece-los. — Ela falou um tanto animada.

Ok, que conversa estranha é essa? Eu não quero ter que ir. Isso vai contribuir para que tenha pensamentos sobre sérios sobre nós. Meu Deus! Foi apenas um beijo, tá bom... dois, mas isso não quer dizer muito. Se eu disser não, ela vai ficar chateada... Acho que não tenho saída.

— Como faremos para chegar a casa dos seus avós? — Camila parou em minha frente e colocou a mão no meu peito. Oh, não no meu peito... peito. Quis dizer quando alguém faz um movimento para impedir a passagem de outra e coloca-se a frente dela? Então... Tem a ver com isso.

Tem certeza de que isso é uma boa ideia, Lauren? Não sei, eles nem me conhecem e já terão uma estranha na casa deles durante a noite.

— Você está nervosa? — Perguntei sorrindo do modo sem jeito que ela estava.

Eu já disse o que está havendo. Não seja presunçosa!


Então a Lauren chamou um taxi que passou curiosamente naquele instante e nós duas entramos. Fiz questão de manter minha voz só para mim. Precisava pensar no que viria a seguir.
— Se quiser posso pedir p taxista te deixar em frente ao condomínio... — Ela disse enquanto olhava através da janela de vidro ao seu lado.

Não! falei um pouco mais agitada que o normal. Eu também não quero ir para casa. Só quero ter certeza de que seus avós não irão achar...er, estranho.

— Estranho o que?

— Nós, ué. — Respondi como se fosse óbvio. — Chegando juntas como se fôssemos... — Tentei explicar com movimentos das mãos numa tentativa de evitar dizer a palavra, o qual ela demorou a entender, mas assim que conseguiu fez aquele sorriso de lado mostrando os dentes e fechando os olhinhos.

— Camila, meus avós não se incomodariam caso isso fosse verdade. — Ela falou tranquilamente. — Fica calma que ninguém vai te encher de perguntas sobre como a gente se conheceu. — Ela riu novamente mostrando que estava levando as coisas na brincadeira. Isso me deixou um pouco mais aliviada.


Logo depois o motorista do taxi nos deixou em frente à casa dos meus avós e agradeci por ter algum dinheiro no bolso e não ter que passar vexame na frente da Camila. Aliás, ela parecia bem nervosa com a situação, e eu? Bom, eu estava achando nada menos que cômico. Eu sabia que ela estava achando estranho ou até mesmo desconfortável ter que aparecer na casa de pessoas importantes para mim e isso me fez querer faze-la perceber que só precisava ser ela mesma. Que isso bastava, não porque tínhamos algo, isso nem sei ao certo, mas porque ela precisava se soltar e mostrar aquela Camila que existia dentro dela e que era pouco vista. Então segurei a mão dela para tentar passar segurança e fomos até a porta de entrada. Toquei a campainha e em seguida pudemos ouvir uma voz feminina do lado de dentro.

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