Pov. Clara
"Se isso é tudo que importante, fique tranquila, Karla e eu não temos nenhum tipo de laço sanguíneo. [...] O que você está dizendo? O que você acha?"
Depois da conversa com Alejandro, aquelas palavras ressoavam na minha cabeça. Não conseguia pensar em nada para explicar aquilo e decidi sair para espairecer a cabeça. Peguei o carro e sai dirigindo o mais rápido que pude para qualquer lugar que fosse. Parei assim que cheguei no posto 9, que aquele horário não estava tão movimentado. O Rio era uma cidade encantadora, mas já não tenho certeza se fiz certo em decidi ficar aqui quando poderia ter pedido para morar em qualquer outro lugar do mundo. Desci do carro, fui até a areia, fiquei olhando para o mar e me permiti relembrar o motivo de tanta aflição ao ter essa desconfiança implantada em meu peito e para completar, isto foi feito pela pior pessoa possível: O carrasco da minha vida, Alejandro Cabello.
Eu era jovem e inconsequente quando comecei a me deixar envolver por suas palavras... Naquela época já estava em um relacionamento com Michael, mas isso não me impediu de manter uma vida dupla com o jovem Cabello. Ambos são tão diferentes, mas cada um me fazia sentir viva de uma forma distinta. Pode parecer loucura e com certeza é, mas com Michael tudo era simples e perfeito, ele me amava e eu podia ver o seu amor há distancias. Ele fazia e faz absolutamente tudo para mim, é inteiramente integro e conquistou meus pais em tão pouco tempo. Minha família era do tipo tradicional e vez ou outra me empurravam para algum partido na intenção de me associar à um nome importante, mas com Michael, eles não se importaram com isso. Esqueceram o plano de me empurrar para alguém da elite e o aceitaram de braços abertos. E foi então que pela primeira vez, senti que eles me apoiavam em algo. Já Alejandro era o oposto, quando o conheci, sempre o via sozinho ou focado em estudar. Ele nunca deu bola para outras garotas e elas sempre tentaram chegar nele, o que era em vão. Acho que isso implica que enquanto estudávamos, eu meio que o observava. Quando resolvi sair com ele, ocorreu um incidente que o levou a ficar alguns dias presos e eu imediatamente fugi, sequer o ajudei com o dinheiro para a fiança, embora o motivo dele ele ter ido para ali tenha sido eu. Senti que não era digna da amizade dele por ter medo de enfrentar qualquer coisa por ele, e foi aí que Michael apareceu. O estudante de Administração também estava presente no dia da confusão e foi ele quem me ajudou. Conversávamos sobre tudo, e numa dessas conversas admiti que tinha ficado com medo do envolvimento do meu nome com alguém que estava detido, mas que sentia remorso por Alejandro ter ficado lá por minha culpa. Soube poucos dias depois que Ale tinha sido solto por pagarem a fiança, não acreditei na época, mas pensando bem, hoje faz sentido que Michael tenha feito algo para ajudá-lo e isso era de fato muito importante, visto que a quantia era um tanto alta e eu sabia que Michael não era exatamente uma pessoa bem resolvida financeiramente, mas se ele fez isso por mim, nunca disse em palavras.
E apesar disso, consegui estragar tudo me envolvendo com Alejandro meses depois. Eu comecei a sentir um ciúmes excessivo de Sinueh, e quando soube que ela era apaixonada por Michael aquele medo assombrou minha alma e tudo o que fiz foi me entregar para quem acabou se declarando por mim. Foi uma coisa casual no início que depois se desenvolveu para um romance fervoroso por meses, o qual não conseguia me desvencilhar. Era louca por um e ainda assim, ao tinha outro que me tirava a sanidade. Vivi assim, me relacionando com os dois até que decidi que era hora de mudar de vida. Com os planos de casar com Michael, Alejandro ficou louco e fez o possível para me fazer desistir. Ele combinou de fugirmos juntos e mesmo que não me permita admitir em voz alta, em minha consciência sei que cheguei a pensar nessa possibilidade. Iria jogar tudo para o alto e ir com ele, mas por ironia do destino, um dia o peguei aos beijos com uma garota do curso dele. Não fiz nenhum tipo de cena, apenas corri o mais rápido que pude e chorei tudo o que consegui. O meu peito doía, mas não era exatamente ciúmes - o tipo de ciúmes que senti quando o assunto era Sinueh e Michael -, era a ideia de que estava a ponto de abandonar minha estabilidade por uma coisa supérflua. Me senti traída e isso soava tão mal porque eu devia ser a última pessoa do universo a exigir fidelidade.
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Redemption
RandomUma rixa antiga entre vizinhos era o que deveria manter duas famílias terminantemente afastadas, mas não foi isso que o destino tinha planejado