.29 Oportunidade

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POV CAMILA

Duas semanas haviam se passado. As coisas não poderiam estar mais enfadonhas na minha vida. Na verdade, tudo estava como era sempre: Normal, sem nenhuma emoção. Patético deduzir isso, mas tudo parecia tão mais interessante quando tinha uma certa vizinha envolvida em alguma ação para me tirar desse ócio diário. É lógico que a consciência grita que ela ter sumido do nada tenha sido minha culpa. Depois daquela noite, antes de dormir consegui vê-la entrar eu seu quarto, mas as janelas foram fechadas imediatamente, e tudo o que ficaram foram as luzes que reluziam através das janelas e a cortina franzina que me impedia de tentar enxergar qualquer ação que ela fazia no cômodo. Não entendia porque isso estava acontecendo, espionando... Quer dizer, eu sabia que não tinha feito a melhor escolha de palavras quando me referi a ela e sua família, mas o que poderia fazer? O meu pai estava ao meu lado e a mãe irritante dela não parava de me encarar e mantinha aquele olhar me julgando como se fosse um Ser que deveria ser expulso do planeta. Não preciso dizer que me arrependi assim que as palavras saíram pela minha boca... O olhar dela para mim vagueia pela minha mente todos os dias. Aliás, as lembranças dela estão pela vagando pela minha mente o tempo inteiro. Isso não é normal! Penso que devo ter ficado impressionada e é isso. Deve ser apenas porque ela ter algo diferente de mim, algo que envolve coragem; não parece ter medo de nada e está sempre enfrentando os pais – pelo menos a mãe, ao que me lembre – está sempre se aventurando em alguma confusão e o mais importante, não está nem aí para ser aceita. Pude perceber nos últimos momentos que tivemos que ela é mais do que o sobrenome da família que o meu pai odeia.

Uma das coisas que pude descobrir nesses dias parados foi que o meu pai simplesmente quer ver a família Jauregui na ruína. Não entendi exatamente o porquê, mas isso ficou bem claro quando o ouvi conversando com alguém ao telefone. Ele falava como se estivesse algum plano em andamento e senti um forte tom de rancor em cada palavra que soltava. Sai de trás da porta antes que ele percebesse que eu o ouvi e fui para o quarto. No mesmo dia em que conversamos ele me fez contar tudo o que Lauren havia dito para mim. Meu pai insistia em achar que ela estava querendo fazer minha cabeça contra ele sobre os negócios da família. E isso é um tanto quanto surtado porque em nenhum momento ela citou algo do tipo. Depois do que ouvi, estou quase certa de que uma coisa grave tenha ocorrido entre ele e os Jauregui no passado. Sei que não deveria, mas um comichão está rondando minha cabeça para descobrir o que é e como as pessoas envolvidas moram logo em frente, não deve ser tão difícil assim.

Hoje, sábado, acordei cedo assim como todos os outros dias. Como uma pessoa acorda cedo no sábado? Pois é, quando você dorme tipo antes das 22h horas, chega uma hora que o sono acaba e você é obrigado a sair da cama. Ainda vão dar 8h e eu estou me arrumando para fazer vários nada. Fui até a cozinha, que estava vazia, e como de costume os meus pais não estavam em casa. Peguei uma porção de biscoitos integrais e um copo de suco e fui em direção ao imenso sofá para assistir TV enquanto aproveitava meu café na mais completa paz que se encontrava o meu recinto. Procurei o controle da TV com o olhar e não o visualizei em canto algum...aff! Então ouvi o ranger da porta da frente... Ela estava aberta? Quem deixou? Levantei na intenção de fechá-la quando ouvi uma voz conhecida por mim.

– Ei, você deveria tomar mais cuidado! Tudo bem?

– Vai brigar comigo também? – Essa era a voz da minha irmã Sophia. O que está fazendo lá fora?

– Não vim brigar. Eu vi o que aconteceu e queria ver como estava. Você que está brigando comigo. – Esse era o tom brincalhão que eu havia me acostumado.

– Viu como eles me expulsaram? – Ouvi Sophi fazer uma voz de choro. – Eles são maus!

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