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Michael conquistou os pais de Clara por seu caráter; essa era sua principal virtude segundo o Senhor e a Senhora Morgado. Os dois estavam satisfeitos, pois viam que Michael teria um futuro de sucesso pela frente. O pai dela chegou a oferecer um cargo numa de suas empresas, mas Michael queria independência e estabilidade por conta própria, sem precisar de meios advindos da família de Clara. Aquilo fez com que o seu sogro o admirasse ainda mais. O Senhor Morgado estava tão contente com seu genro que por vezes ignorava o fato de Clara querer apressar tudo. Isso começou após o período em que ficava pouco em casa, ele começou a ficar intrigado com o modo estranho como ela vinha se comportando, mas problemas com Michael não deveria ser, logo que sempre os via juntos e felizes. Com isso, as desconfianças foram esquecidas, e ele resolveu aproveitar a companhia do seu mais novo filho, era assim que ele via Michael.

...

Clara não contava os minutos para deixar a casa dos pais e ir morar com Michael. Nos seus pensamentos, após o casamento ela estaria segura de cometer qualquer tipo de erro além dos que já vinha cometendo. Se agarraria ao seu futuro marido com todas as forças.

- Não vejo a hora de termos a nossa casa.

- Temos quatro meses para preparar a festa. Quero participar com você de todos os detalhes.

Ela abraçou ele fortemente. - Eu quero me casar em um mês. - Apertando mais forte os braços ao redor do pescoço dele.

- Está tão ansiosa assim? - Ele sorriu abertamente. - Eu não vejo a hora de estar casado com você, mas um mês passa muito rápido.

- Eu quero que passe o mais rápido possível. Por favor, vamos mudar a data. - Ela pediu com uma voz quase em sussurro.

E assim, em um mês o casamento ocorreu. E entre os convidados, estava Sinueh com um certo acompanhante, Alejandro. Aquilo fez a pulsação de Clara ir ao extremo. As duas pessoas que ela menos esperava, estavam ali celebrando aquele dia tão importante para ela. No meio da festa, enquanto todos dançavam, ela sentiu um puxão em seu braço que a levava para a garagem de ferramentas que havia ali perto.

- Achou que eu não viria conferir se você teria mesmo coragem? - Alejandro perguntou perto do ouvido dela.

- O que está fazendo aqui? Você tem que ir embora!! Por favor, já conversamos sobre isso. - Era visível o som de voz dela implorando.

- Não irei embora! - Ele riu - Como pode fazer isso? Eu te amava. - Ele diz pausadamente. - Eu te amo e sempre am...

Antes que ele completasse a frase, foi possível ouvir um estalo relativamente alto. Clara havia acertado um tapa em seu rosto e olhava para ele com fúria.

- Nunca mais se atreva a falar isso para mim. Ou chegar perto, e principalmente, não se atreva a atrapalhar meu casamento. - Ela tentou ser intimidadora a medida do possível, visto que não poderia alterar muito a voz naquele ambiente o qual estavam.

- Ora, ora, aí está a verdadeira Clara. Sabia que que gosto quando você fica assim? É tão excitante. - Ele agarrou-a pela cintura.

- Me solta!! - Ela o empurra de volta.

- É uma pena que seu maridinho só terá a doce e meiga Clara, enquanto eu tive você como realmente é. Eu conheço sua real personalidade, e isso ele não poderá tirar de mim.

- Você não sabe de nada. Eu sou com o Michael o que ele merece. E eu o amo. - Ela afirma.

Nesse momento ouve-se na pequena garagem o som do sorriso presunçoso de Alejandro. Ele tentou agarra ela, mas recebeu outro tapa no rosto.

- Não irá tocar em mim novamente. - Ela disse em meio a raiva.

- Você disse que é para Michael o que ele merece. Isso é uma grande piada. - Ele ri. - Não quer que eu diga o merecimento que ele recebeu estando com você, quer? - Ameaçou. - Fica calma! Não farei nada. Porque sei que voltará para mim ainda.

- Pois está muito enganado! - Ela encaminhou rumo a porta de saída. - Deveria estar preocupado com sua acompanhante, pois caso não saiba, ela tem uma queda imensa pelo meu marido, mas como agora ele tem a mim. Ela terá que se contentar com você. - Disse sarcasticamente.

- Ciúmes de mim, baby? - Ele insinuou. - Não precisa. Só vim com ela porque foi o passe de entrada para essa festa.

- Isso não me interessa. De qualquer forma, mantenha-a longe de mim.

- Não sabia que se sentia tão desconfortável com ela. - Ele arqueou a sobrancelha e sorriu de canto.

- Pense o que quiser. Agora cai fora daqui porque eu tenho que comemorar o meu casamento.

Enquanto Clara saia da garagem, Alejandro ficou ali sentindo seu peito arder em chamas pelo ciúmes e inveja. Aquela festa deveria ser dele. E ele faria a melhor festa com todo o luxo possível, não aquela cerimônia ridícula e "intima" como a que presenciou. Michael teve a sorte de casar com Clara, mas não conseguiria mantê-la, não por muito tempo. Clara iria se tocar da falha que havia cometido e quando voltasse atrás, ele estaria lá para recebê-la de volta.

...

- Então agora você está casado. - Sinueh disse timidamente.

- Estou. E eu estou tão feliz, Sinu. Obrigado por ter vindo. Sua presença aqui é muito importante para mim. - Ele falava enquanto sorria.

- E por que é importante? - Ela resolveu levantar o olhar até encontrar os olhos de Michael. - Por quê?

Ele pensou um instante... - De algum modo eu queria ter certeza que estaria tudo bem com você. E compartilhar este momento tão feliz da minha vida com você era essencial para mim.

- Não deveria dizer isso. De agora em diante terá que compartilhar seus momentos felizes com outra pessoa. - Uma lágrima desceu livremente em seu rosto.

- Mas isso não significa que ficarei longe de você. - Michael disse limpando a lágrima do rosto dela.

- Ahh, significa sim!

Os dois viraram e encontraram Clara com os braços cruzados atrás dele.

- Amor! Eu estava agradecendo a Sinu por ela ter vindo a nossa festa. - Mike falou pausadamente, temendo pelos pensamentos de Clara sobre o momento que presenciou.

- Eu sei muito bem como ela deve estar contente em ter vindo, não é? - Clara disse lançando um olhar lascivo para Sinueh.

- Claro... você está certa. Eu preciso ir, espero que seja feliz, Mike. De verdade. - Ela deu um beijo no rosto dele e evitou olhar para Clara. Saiu quase que correndo dali.

- Por que ela tem que ficar agarrando você? Ela não pode mais fazer isso. - Ela disse num leve mal humor.

- Sinu não me agarrou! Estávamos conversando apenas.

- Eu sei quais eram as intenções dela com você.

- Hmm... e eu sei quais as minhas intenções com você, senhora Clara Jauregui. - Ele disse puxando-a pelas mãos delicadamente até encostarem-se um ao outro.

- Senhora Clara Jauregui. Gostei disso. - Ela abriu um sorriso. - Eu amo você, nunca esqueça disso!

- Eu farei questão de lembrar desse detalhe todos os dias, porque saber disso mudou tudo. Você é tudo pra mim. - Ele disse apaixonadamente.

...

Enquanto isso, Alejandro e Sinueh encontraram-se no meio da pequena roda de convidados. Ambos estavam tediosos e não havia muito que fazer ali. Na verdade, não havia nada para eles naquele lugar. Cada um sofria a sua maneira e quando um olhar entre os dois surgiu, uma dor compartilhada ficou subentendida no ar e ao final da noite, toda a raiva e ressentimento produzidos na festa em que estavam foi liberada na noite longa que desfrutaram. E por isso, formou-se então um caminho tortuoso que nenhum dos quatro teria controle do que viria a seguir.

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