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- Vamos, responda! Não tenho o dia inteiro! – Ele diz com arrogância.

- Estive arrumando tudo por aqui. Você gostou?

- Para mim está tudo como antes. Quero saber quem deu o direito de invadir minha casa.

- Não seja estúpido, Ale! – Sinueh começou a ficar levemente furiosa com a atitude de Alejandro. – Eu posso vir aqui arrumar a sua casa e estive esperando por você. Temos que conversar. Mas antes, me diga por que voltou cedo?

- Ahh.. (ele solta um riso irônico) Não tenho a intenção de ser irônico, apenas não gosto de coisas mal esclarecidas. – Ele anda até ela e a abraça levemente. – Voltei porque fiquei sabendo que haverá uma grande negociação na empresa e quem se der bem nela, poderá conseguir subir no cargo. Você sabe que isso é tudo o que eu mais quero desde o dia que pisei na RedeAscorp BR, não é? – Ele pergunta diretamente a ela.

- Sim, sim... é tudo o que pensa e fala. Como poderia esquecer? - Ela senta na cadeira e o puxa pela mão para que sente ao seu lado.

- Eu preciso muito ter esse cargo e quanto antes conseguir, melhor meus planos se sairão. Poderei ampliar meus conhecimentos na área da Engenharia e finalmente me livrarei desse muquifo em que moro. – Ele diz com desdém.

Sinueh olha para ele abismada com o que acaba de falar, mas como já está acostumada com o jeito intolerante e presunçoso de Alejandro, não se importa muito, pois sabe que não será ela que irá mudar a personalidade dele.

- Eu quero que você consiga tudo o que deseja, Ale. Tudo mesmo! Mas eu tenho uma coisa para te falar. – Ela espalma as mãos na face dele e dá um leve beijo em sua bochecha que é rígida e áspera. – Eu tenho uma pergunta.

- Pois diga então, mulher! Cada frescura que você tem. – Ele acaba se desvencilhando das mãos dela e a olha diretamente. – O que é tão importante assim?

- Eu... é... o que nós somos, Ale? – Ela está visivelmente nervosa. – Sabe, meus pais gostariam muito de conhecê-lo. E eu também quero que participe das reuniões com a minha família.

- Como assim o que nós somos? – Ele fez uma breve pausa enquanto ela o olhava sem falar nada – Sinueh, eu sou eu e você é você! Ficamos algumas vezes, mas eu não pretendo me envolver e muito menos manter relacionamento com quem quer que seja. – Ela ouve as palavras dele com seriedade. – Tudo o que eu penso é em me estabelecer financeiramente. O meu objetivo é sair dessa miséria de vida. Não suporto este bairro! Essas pessoas que passam na rua e me olham como se eu fosse igual a eles. Os vizinhos mulambentos que não se enxergam e vivem xeretando a vida alheia. Eu quero sair desse fim de mundo e conhecer o que é bom de verdade. Não medirei esforços para alcançar tudo o que eu pretendo. E lamento baby, mas tudo o que eu pretendo é ser rico. Não tem espaço para amor quando se tem rios de dinheiro esperando por você. – Alejandro solta as palavras para Sinueh sem se importar em medir o que diz. – Eu só preciso de uma oportunidade e para a minha sorte, acho que ela está mais perto do que eu imaginava. – Ele solta um sorriso lixoso de canto.

- Mas, eu pensei que... – lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.

- Pensou o que? Que após se deitar comigo iriamos casar e formar uma família? – Ele solta uma risada estridente. – Eu não quero uma família e nem ninguém dependendo de mim, baby. Eu vivo apenas para mim. Sempre foi assim e sempre será. – Ele passa o dedo indicador pelo rosto dela para conter a lágrima que cai – Não irei pedir desculpas, porque você sempre soube. E quando aconteceu, não reclamou nenhum pouco, não é mesmo? – Ele diz animado.

- Não fale desse jeito comigo, Alejandro!! – Ela grita com ele. – Eu pensei que fosse algo a mais para você. Que nós fossemos mais!

- Você se enganou sozinha! – Ele altera a voz também. – Você é boa, baby. Muito boa.

- Boa? É apenas isso que eu sou? – Lágrimas caem em cascata em sua face.

- Boa sim, mas não o suficiente para mim. – Ele dá um leve beijo na mão dela quando ela tenta recusar o beijo. – Olhe para mim! – Ele a puxa pelos cabelos através de sua nuca. – Foi bom para mim e para você, mas nós, como você mesmo se referiu... eu e você, acabou aqui. – Ele a solta no sofá e levanta.

- Por que você está sendo tão grosseiro e idiota comigo? -  Ela exige uma resposta.

- Você simplesmente não me é essencial, baby. Não é nada pra mim. Não a quero por perto. Nem pretendo me lembrar de você quando sair da minha casa. E eu espero que o faça agora, entendeu? Agora!! – Ele chega perto dela, e a empurra contra a porta. – Pegue as suas coisas e caia fora!

- Por quê? Por que está fazendo isso? – Ela estava em desespero e aos prantos.

- Não faça perguntas nas quais as respostas não lhe serão agradáveis. – Ele sorri sadicamente. – Eu não irei falar de novo. Saia daqui! Eu preciso descansar e pensar num meio de conseguir o meu cargo na ASCORP e certamente não terei sucesso se tiver uma mulherzinha com o seu choro atrapalhando meus pensamentos. – É tudo o que ele diz antes de virar as costas e entrar no quarto. – Quando sair feche a porta, por favor!

Sinueh estava estática com a atitude que acabou de presenciar. Era inadmissível que ele a tratasse daquela forma. Ela nem ao menos teve tempo de dizer a verdade para ele, mas alguma coisa era certa: Ele não falou aquilo a toa, alguma coisa deveria ter acontecido ou ainda iria acontecer.

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