Sonhos, uma palavra que resume o mais belo da vida e que infelizmente raramente sai das noites em que você imagina o ramo que sua vida poderia ter tomado. Mas não é assim para essas três melhores amigas, recém formadas e sonhadoras elas querem domin...
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Depois da notícia da avó de Cecília, Clara e eu temos tentado conversar com ela, mas o contato é difícil. É ainda mais complicado pelo fato de ambas estarmos fora da Itália, mas Harry tem dado uma de salvador da pátria por nós, o que serei eternamente grata. Depois do longo dia na gravadora, conversei mais com os meninos da banda sobre a música que gravaremos juntos.
- Thomas nos disse que não temos uma data específica para mostrarmos o rascunho final, mas acho ótimo que estejamos tão empenhados. - James, o baterista, comenta.
- Andei observando os outros grupos, e parece que somos os mais adiantados. Talvez apenas atrás de Jessie e John. - David, o vocalista, compara.
Assinto. Estamos reservando a sala de ensaios sempre que podemos durante semanas, além de estarmos nos reunindo no parque ou na garagem dos meninos para termos ideias.
- Ainda precisamos decidir a música. - É minha vez de responder. - Andei pensando naquela ideia, podemos mesclar duas letras nossas ao invés de escrever uma nova.
- York, com toda sinceridade, acho que devemos usar uma música sua. - Liam, o guitarrista, sugere, segurando minhas letras na mão. - Suas letras são poesia. O que podemos fazer é acrescentar o nosso ritmo apenas.
Os outros membros da banda concordam com Liam, o que me deixa um pouco envergonhada. Não que eu não ache que as letras são boas, mas não me acostumei com a ideia de tantas pessoas gostarem de algo assim.
- Sério? São tão pessoais... - explico, com um ar pensativo. - Eu literalmente escrevi algumas sobre lugares de Gênova, ou quando fui visitar minha avó em Florença e o sentimento de estar onde cresci.
- Acho que é justamente por isso que são tão boas. - James rebate. - Você é tão sincera em suas letras que faz com que as pessoas consigam sentir o que você sentia no momento em que as escreveu. Também acho que deveríamos usá-las.
Com todos concordando, não nos restaram dúvidas. Escolhemos uma das músicas, a que escrevi no jardim da casa da avó de Luan, depois de termos uma conversa profunda. Esses sentimentos de nostalgia andam me atingindo com muita frequência, ultimamente. Não me sinto totalmente em paz como gostaria. Raras são as vezes em que consigo ter uma conversa real com Luan durante as semanas, e com as meninas, a mesma coisa. Pensei que conseguiria conciliar tudo, mas não está sendo como pensei. Eles são minha base. Acordo todos os dias com barulhos de sirenes e buzinas, as pessoas estão sempre apressadas e se entupindo de vícios para suprir o vazio dentro de si. A indústria da música também é cheia desse universo maluco, coisa que demorei para acostumar, e ainda acho que não acostumei totalmente. É realmente uma selva de pedra. Sinto falta do ar puro, da calmaria das manhãs na praia. Sinto falta das panquecas de Martini toda manhã, do Caffe Fratelli, dos gritinhos animados de Clara, da Summer Station, minha vó, e claro... Luan Ruggiero. O garoto insuportável que vivia com o propósito de me irritar no começo, mas que se tornou meu tudo. Finalmente, depois de quase duas semanas sem conseguirmos um horário, Luan me liga. Estou em casa, atendo a chamada de vídeo enquanto bebo um café.
- Veja se não é a minha garota. - Ele sorri.
Luan está com os cabelos molhados e bagunçados, a jaqueta de couro de sempre. Ele não precisa fazer absolutamente nada para estar lindo.
- Oi, Green. - Sorrio para ele, que revira os olhos. - Como você está?
- Bem, na verdade, acho que tenho muito para contar por telefone. - ele suspira, dramaticamente. - Por que não abre a porta, e eu te conto?
Travo no lugar, sem entender. Ele estava aqui? Aqui nos Estados Unidos? Aqui em Nova York?
Mas sendo quem é, ele não me dá chance de perguntar nada, desligando o telefone. Ainda estou perdida quando ouço um batida na porta. Vou até a sala, atônita e encontro Jessie com um sorriso cúmplice no rosto.
- O que? - Ela dá de ombros - Achei que uma visita do seu italiano gato fosse te fazer bem. Notei que andava muito triste, então pensamos nisso.
- "Pensamos"?
- Suas amigas me ajudaram.
Sorrio. É claro que ajudaram. Abro a porta correndo, me deparando com aquela imensidão de olhos azuis e sorriso sarcástico. Ele tem consigo um cigarro apagado na boca, o qual me remete a tantas coisas. Me jogo contra ele, envolvendo-o com meus braços e pernas, sem me conter de tanta saudade. Jessie passa por nós, com sua bolsa pendurada nos ombros.
- Bem, eu vou curtir a noite. É Nova York, meus queridos! Típico de Jessie.
Luan entra em meu apartamento comigo ainda no colo, me beijando com paixão, demonstrando a saudade que ambos sentimos. Por fim, ele se abaixa para pegar a mala do e seguimos para dentro, onde apresento o apartamento a ele. Meu coração está acelerado, e sei que o dele também.
- Bem, é aqui que eu moro durante esse tempo todo. - Abro os braços, mostrando o lugar, a vista da janela para as luzes da cidade que nunca dorme.
- Eu senti tanto a sua falta. - Ele confessa, me pegando desprevenida.
- Eu também. - Suspiro.
Seus olhos brilham com algo intenso, mais profundo do que o oceano azul que ele carrega. Ele se aproxima com passos rápidos, decididos, e me toma nos braços novamente. Me entrego completamente. Ambos sabemos o que sentimos sem que precisemos dizer em voz alta. Ele me guia até meu quarto, onde fecha a porta com o pé, sem parar de me beijar.
- Eu te amo, Luan. - Digo contra a boca dele, em um ato de coragem insana.Eu o olho em seus olhos, mas não preciso procurar pela resposta: está estampada bem ali. Ele sorri e volta a me beijar, me amando pela primeira vez sob as luzes de Nova York.