sonhos, livros e café [FINALIZADA]

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" Almas gêmeas, acredito que essas duas palavras resumem perfeitamente minha história. Mas antes de conta-la por meio deste conto, devo explicar exatamente o que são almas gêmeas e toda história por trás, para assim, desfrutarem melhor.

Essas duas palavras foram usadas pela primeira vez no mito da alma gêmea do filósofo grego Platão em seu livro "O banquete", onde ele tenta definir o que é o amor.

No livro, temos diálogo de filósofos tentando entender e explicar o lado mais louvável do amor, então um dos personagens de Platão, Aristófanes, faz um discurso onde nasce a teoria das almas:

'inteiriça era a forma de cada homem, com o dorso redondo, os flancos em círculo; quatro mãos ele tinha, e as pernas o mesmo tanto das mãos, dois rostos sobre um pescoço torneado, semelhantes em tudo; mas a cabeça sobre os dois rostos opostos um ao outro era uma só, e quatro orelhas, dois sexos, e tudo o mais como desses exemplos se poderia supor. E quanto ao seu andar, era também ereto como agora, em qualquer das duas direções que quisesse; mas quando se lançavam a uma rápida corrida, como os que cambalhotando e virando as pernas para cima fazem uma roda, do mesmo modo, apoiando-se nos seus oito membros de então, rapidamente eles se locomoviam em círculo.'

Sendo assim, eles eram seres humanos completos e que se achavam superiores e prontos para lutar com os deuses, porém perderam a guerra e Zeus, como castigo, os dividiu ao meio.

Quando caíram na terra, foram obrigados a viver como vivemos atualmente, todavia, eles vagam a procura de sua outra metade. Como conclui Aristófanes:

'Depois da divisão, as duas partes do homem, cada uma desejando a outra metade, juntaram-se e lançaram os braços umas sobre as outras, entrelaçando-se em abraços mútuos, ansiando por crescer em um.'

Agora que sabe como toda essa teoria começou, poderá sentir e entender a história da minha vida.

Tudo começa de uma forma muito clichê: dois vizinhos que sempre se conheceram. Um garoto e uma garota que até então não se davam muito bem.

Aos quinze, a garota se declarou para ele, mas era jovem e tolo de mais para entender a imensidão desse sentimento.

Os anos se passaram, eles cresceram e amadureceram. Quando o garoto voltou para cidade dez anos depois e a viu deitada na grama olhando as estrelas, com a luz da lua iluminando seu rosto, ele entendeu tudo aquilo que ela declarou sentir por ele dez anos atrás. Foi como se um cego começasse a enxergar pela primeira vez, mas ele não podia tê-la naquele momento, porque ao conversar sobre as estrelas, a moça o convidou para o seu casamento. Ele aceita o convite, querendo que as lágrimas escorregassem pelo seu rosto sem semblante nenhum. Eles continuaram se vendo por alguns anos e a cada dia que se passava, aquele sentimento se intensificava, mas ainda assim não era reciproco.

Entretanto, chegou um momento que vê-la era doloroso demais e, para apagar esse sentimento em seu coração, o garoto resolveu viajar pelo mundo e se apaixonar por cada paisagem que conhecesse.