4 anos depois.
Existiam muitos cheiros que Harry nunca se esqueceria na sua vida. Entre eles estavam o de sua mãe, uma adorável ômega que o criou sozinha, o de sua irmã uma alfa assim como ele, o do seu primeiro amor, uma beta que na sua espécie natural não tinha cheiro algum, porém ela insistia em usar o mesmo perfume em uma quantidade exagerada para que fosse tão marcante quanto os ômegas e alfas. E, também, havia o de Louis.
O cheiro forte de vinho suave misturado de menta e crisântemos era algo que não dava para esquecer. Entretanto, aquele era um cheiro que Styles jamais imaginou que fosse sentir novamente.
Ele até pensou em procurar por onde entrava aquele odor forte, mas não foi preciso de muito até ver o homem, um pouco mais baixo que ele, com os cabelos na altura do ombro completamente lisos e com alguns papéis na mão, entrasse pela porta da frente da delegacia que Styles estava estagiando.
Louis parou para pedir informação ao primeiro guarda que viu e logo foi acompanhado pelo mesmo até um o interior da delegacia.
"Ele havia se metido em encrenca?" - Era a única coisa que o maior conseguia pensar.
- Styles, preciso de você na sala 9, interrogatório.
- Sim, chefe - respondeu com agilidade.
O alfa estava no posto de estagiário da delegacia a cerca de 10 meses, em breve sairia daquele cargo e passaria a ser assististe, o que muito o agradava, pois ser um estagiário aos 29 anos não era nenhum pouco bonito para sua raça, por mais que os outros - a sua volta - não soubessem disso.
O seu último mês ali estava sendo o mais legal até o momento, ele agora colhia depoimentos junto dos chefes de operação, normalmente, redigia as partes mais importantes e colhia provas que poderiam ser usadas no futuro.
Sua função no geral era estar atento a qualquer palavra dita de forma errada, isso poderia trazer a resposta que os policiais buscavam e era exatamente o que ele precisava.
Enquanto andavam em direção a sala indicada, seu chefe ia o contando um pouco sobre o caso que enfriariam, nada mais era que uma denúncia de abuso infantil, abuso de alfa contra alfa. Aquilo não era comum, quer dizer, denúncias desse tipo não eram comuns. Harry sabia disso, por esse motivo que seu estômago revirou. Ele soube imediatamente quem estava trazendo aquela denúncia.
Seria confrontado com a presença de Louis a poucos segundos e não tinha ideia se aguentaria tal situação.
Nada melhorou quando a porta foi aberta e suas narinas reconheceram aquele cheiro tão característico, como podia um cheiro se sobressair tanto ao cheiro de outros alfas?
- Oi. Como podemos te ajudar, rapaz? - O chefe a frente de Harry disse e Louis tão concentrado com os papéis em sua mão ao menos olhou para ver quem estava ali, apenas começou a dizer sem parar.
- Como eu já disse, preciso denunciar um abuso de menor.
- Abuso?
- Sim.
- E o que consiste esse abuso?
- Vocês são a merda de policiais dessa cidade, será que nunca ouviram falar em abuso sexual não? - Disse irritado e então olhou para frente para encarar o polícial, por mais que aquela não fosse a direção que Styles estava, Louis virou seu rosto para ele, apenas por conexão e reconhecimento. Aquele contato não durou mais que 2 segundos até o alfa se irritar com mais uma pergunta besta de um dos policiais. - Puta merda! Eu viajo a porra desse continente inteiro, já conheci todas as delegacias desse país, mas vocês estão de parabéns - bateu meia dúvia de palmas. - Conseguiram ser a pior que conheci.
Arrastou sua cadeira para trás, levantando de seu lugar pronto para sair de lá e resolver aquela situação com suas próprias mãos. Além de ter que lidar com incompetentes não aguentava mais ver a cara de Harry. Por algum motivo, ver alguém de seu passado doía muito mais do que podia lembrar.
- Você não vai a lugar nenhum, meu rapaz - Gerard, o homem que comandava a ação desde que entrou na sala com Harry, disse.
- Tenho que ir embora, não posso ficar aqui, todo esse cheiro está me enjoando - foi só nesse momento que Louis se deu conta que faltava um cheiro ali, o único cheiro que deveria conhecer.
- Pois tampe o nariz. Temos algumas perguntas para o senhor - ele revirou os olhos e voltou a sentar no seu lugar. - Se tem uma denúncia de abuso contra um alfa você precisa de provas, onde elas estão?
- Eu vi. Eu presenciei.
- Um abuso sexual infantil de um alfa contra um alfa?
- Sim, qual a dificuldade aqui, hein? - Peitou o homem.
- A dificuldade é que isso não acontece. Alfas não querem alfas, alfas querem ômegas e betas, mas disso você deve saber. A questão é que se você viu e não interrompeu significa que você é cúmplice, meu rapaz.
- O quê? - Perguntou indignado. Claro que Louis não viu nada, ele recebeu a denúncia pelo canal que tinha para jovens e sabia dos meios legais que tinha para correr atrás do direito de todos os alfas e ômegas menores de idade, entretanto, lidar com uma acusação naquele nível estava fora do seu planejamento.
- Você nos entendeu bem. Então, como bem deve saber, isso se enquadra em crime - a partir dali tudo que Louis pode ouvir foi o polícia falando seus direitos e prendendo seus punhos. Styles no canto da sala via tudo em silêncio e total choque. Tomlinson não era um criminoso, ele sabia disso.
•••
A lei da Europa funcionava muito bem, bem até demais para o gosto de Styles.
O homem tentava pela quinta vez em uma semana tirar Louis de trás das grades. Falar com seu chefe e todos da delegacia não foi suficiente, ele precisou contratar um advogado e depois pagar uma fiança, mas mesmo assim ainda existiam coisas que estavam o impedindo de tirar o menor da cadeia. O "crime" que ele havia cometido não era tão grave assim, mas perante a ficha de Louis tudo ficou mais difícil.
O homem não tinha casa fixa, trabalho ou escolaridade. Havia passado mais 10 anos em reabilitações no sul de Roma e agora corria de país em país para salvar pseudos crianças que procuravam ajuda através de um perfil na internet.
Era abstrato demais para a polícia parisiense entender.
Entretanto, bons contatos eram tudo e o advogado, que Harry prometeu um encontro se tudo desse certo, fez valer a pena. E agora, lá estava Styles nervoso e ansioso aguardando o rosto tão conhecido sair pela porta da frente do presídio.
Louis vestia as mesmas roupas que Harry viu quando ele entrou na delegacia, já o "policial" dessa vez estava mais despojado, com calça jeans, blusa de algodão branca e tênis nos pés. O menor viu a cena à sua frente e pensou mais de dez vezes antes de conseguir seguir sua direção até Styles.
- Oi - disse quando finalmente chegou perto, ainda de cabeça baixa e a voz quase desaparecida.
- Oi. Você está bem? - O maior perguntou, naquele momento, não era só por educação. Harry estava preocupado.
- Sim.
- Tudo bem... Você não pode sair de Paris até o processo acabar, então pensei em te levar pra um lugar e podemos conversar-
- Por que?
- Por quê o quê?
- Por que você quer conversar comigo, Harry? - Olhou para o alfa pela primeira vez desde que começou a conversa. - Você não acredita no meu trabalho, não acredita na minha luta e agora está do lado deles, então por que?
- Louis, eu nunca disse nada disso.
- Você não disse, está certo. Você fez pior, - riu em agonia, - você foi embora e provou que minhas palavras estão certas.
Tomlinson então deu as costas para o outro e saiu caminhando.
Existiam poucas pessoas que ele nunca mais gostaria de ver no mundo e Harry era uma delas. Não só pela dor de todo o passado que viveram há 4 anos atrás, mas também pela dor que permanecia em seu peito ao lembrar de toda a amizade que morreu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
she.
FanfictionLouis é um alfa que não quer ouvir falar no nome de Harry Styles, seu antigo amigo. Porém, a vida é sacana e os colocou no mesmo lugar 4 anos após o último adeus. Só que, diferente de Louis, Harry não pode deixar a única pessoa que o conhecia de ver...