vinte e cinco

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- HARRY! 

O grito longe me assustou, eu já estava na minhas ultimas páginas para digitalizar, trabalho esse que deveria ter sido feito ontem, mas precisei sair correndo. 

- Oi, chefe! - Digo assim que o homem alto para na frente da minha mesa. 

- Que porra aconteceu ontem? 

- Eu tive um problema médico e-

- E o caralho! - Ele foi bruto com o murro dado na mesa, meu corpo ainda estava mole. Mesmo sendo um alfa, quando tomo minha pílula é como se minha força e bravura se escondesse. Com ele na minha frente, gritando e sendo tão rude era impossível pensar ou então ter qualquer reação. - Esse é o primeiro e ultimo aviso, saia mais uma vez da delegacia sem avisar e não irá precisar voltar nunca mais. 

Engoli seco e antes mesmo de conseguir responder ele saiu do lugar. 

A próxima hora foi dedicada em terminar o trabalho que estava atrasado. Eu não pensava, apenas cumpria meu trabalho. 

Assim que terminei, sai da minha mesa para esticar um pouco das costas e beber um café, quando estava saindo o mesmo homem que me "socorreu" no banheiro, aparece. 

- Como você 'tá? - Ele pergunta. 

- Oi... Estou melhor - digo sem tanta desenvoltura. 

- Fico feliz - ele não sorri e muito menos solta qualquer emoção, apenas diz e vira para se retirar. 

- Ei, espera - saio do meu lugar e vou até ele. - Preciso te agradecer. 

- Não precisa - é rápido em dizer. 

- Preciso sim. Se eles descobrissem, eu estava fodido.

- Achei que eles soubessem de você...

- Não sabe - afirmei, mas parecia que ele sabia de algo que eu não sabia. - Por que você sabe de algo?

- Ontem, quando perceberam que você não ia mais voltar, - ele praticamente sussurrava - veio um cara aqui, aquele tal de Victor, o advogado...

- Sei.

- Ele parecia saber o que aconteceu. Eu percebia pelo cheiro dele - então me lembrei na mesma hora o que o homem a minha frente havia me confidencializado ontem, ele também tomava pílulas. 

- Você acha que ele contou pra alguém? - O homem nega com a cabeça, então decido me abrir. - Victor sabe de mim, meio que temos um acordo.

- Entendo. Quando eu cheguei em Paris precisei fazer acordos com algumas pessoas para conseguir viver em paz. 

- E você vive? - Pergunto curioso. 

- Em paz? 

- É...

- Nem todos os dias, mas a maioria deles sim. 

- Nunca tinha conhecido alguém assim como eu. 

- Além de mim e do meu marido também nunca conheci, por isso corri atrás de você. 

- Entendi. Bom, mais uma vez obrigado. 

- Por nada, só tome mais cuidado da próxima vez. 

- Tomarei, mas eu não tenho ideia do porque isso aconteceu, então fica mais difícil saber o que não fazer.

- Espera, você não sabe? - Ele me olha indignado, faz tempo que estamos nos falando e em nenhum momento alguém se aproximou, isso me deixou mais confortável para manter a proximidade, consegui sentir seu coração acelerado assim como ele estava inquieto com a informação. 

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