Não havia muito o que fazer e nem mesmo para onde ir. As palavras de Victor rodeavam a minha cabeça e eu só conseguia pensar no que ele disse sobre não fugir.
Aquilo era uma ameaça, certo? Suas palavras e a forma como me olhou era uma ameaça.
Por qual outro motivo ele diria que o homem denunciado tinha sido morto e que eu não poderia sair de Paris até pagar por aquela vida?
Conforme andava mais para longe da casa de Harry e toda a bagunça que ele fazia em minha vida, conseguia sentir minha cabeça entrando em combustão, mas além disso, sentia um medo que ninguém mais era capaz de sentir.
Paris não tinha muitas pessoas em situação de rua, mas o pequeno grupo que existia ficava na Ponte Industrial do lado sul da cidade. Quando cheguei fui reconhecido de imediato e me deram um espaço. Antes de estar na casa de Harry, foi aqui que eu dormi e me alimentei, não posso considerar eles meus amigos, mas essas pessoas me trataram melhor do que qualquer um de Paris. E também não pretendo ficar muito, daqui dois ou três dias pretendo atravessar o país e seguir para a Itália.
Chega desse lugar e dessas pessoas.
Desde que conheci Harry vivi coisas e lugares que nunca imaginei conhecer, ele era um cara importante pra mim. Um amigo, um irmão e uma base sólida, para todas as coisas que enfrentei.
No meio do caminho, tanto eu quanto ele, nos perdemos.
Não existia mais amizade ou companheirismo. Harry se tornou uma sombra de tudo que um dia já significamos, mas eu jamais imaginei que ele chegaria ao nível atual. Pensar nele em Paris me embrulhava o estômago e me causava náuseas. Harry se tornou o que eu não conseguia mais enxergar.
Naquela noite, após andar toda a cidade e chegar ao local com meus conhecidos, eu deitei minha cabeça na minha mochila e dormi, sem comer nada ou falar algo. Foi como se não houvesse espaço dentro de mim para aquela situação.
•••
- Acorda, cara - escutei a voz longe, ao abrir os olhos lentamente consegui ver um dos caras que ficava por ali me olhando com o cenho franzido, o dia mal tinha amanhecido e ele estava me acordando.
- Que foi? - Perguntei fechando os olhos novamente.
- Tem um cara te procurando.
Avisou saindo dali e me fazendo acordar definitivamente.
Só podia ser o Victor e todas as suas ameaças.
Levantei da onde estava e procurei em volta, não tinha nada além de um carro estacionado na rua da frente onde estávamos. Quando pensei em deitar de novo, porque ainda tinha muito sono, o carro piscou o farol em minha direção.
Aquele não é o carro dele, eu lembrava do veículo quando ia buscar Harry pela manhã, então definitivamente não era Victor.
Então isso significava que só podia ser a outra pessoa com quem eu tive contato em Paris. Essa era a última que eu queria ver, por isso resolvi adiantar todos meus planos e aquele se tornou o minuto perfeito para fugir.
Virei as costas e passei a caminhar sentido contrário de onde estava, como todos dormiam não foi necessário fingir agradecimento. Somente sai pelas ruas com minha mochila nas costas, andando de volta para onde eu conhecia as regras e as pessoas. Entretanto, o carro passou a me seguir, em velocidade mínima e sempre piscando os faróis.
Eu conhecia o Harry e ele me conhecia, se quisesse falar comigo que saísse do carro e falasse como homem.
Só que isso não ocorreu.
A cada segundo que passava, o veículo se aproximava mais e mais de mim, até enfim estar do meu lado e o vidro se abrir. Não olhei para dentro do carro, mas sabia que tinha alguém me olhando.
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she.
FanfictionLouis é um alfa que não quer ouvir falar no nome de Harry Styles, seu antigo amigo. Porém, a vida é sacana e os colocou no mesmo lugar 4 anos após o último adeus. Só que, diferente de Louis, Harry não pode deixar a única pessoa que o conhecia de ver...