dezenove

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Senti a cama ficar mais fria assim que Harry se levantou no meio da madrugada. Ele caminhou até o banheiro mais próximo. Fazia menos de 2 horas que deitamos para dormir e meu sono era leve demais quando não estávamos completamente agarrados na cama.

Ouvi seus passos saírem do banheiro, mas os mesmos passos foram para longe do quarto.

Despertei do pouco sono que me restava. Ainda deitado, pensei se deveria ir atrás dele, mas não sabia se havia acontecido algo. Estava preocupado. Depois de menos de 5 minutos, levantei da cama com receio de que pudesse ter algo o incomodando. Aquela seria nossa segunda noite juntos, não queria voltar para o que éramos antes, eu gosto da nova rotina atual.

- Tudo bem? - Perguntei assim que o encontrei de pé na cozinha.

- Oi, perdão te acordar - ele virou para mim com um sorriso um tanto quanto torto.

- É difícil não acordar quando falta você do meu lado na cama...

- Isso foi um elogio? - Se fosse em outro momento ele sorriria nesse momento, mas ao invés disso seu rosto estava tensionado e sua voz saiu em forma de dúvida.

- Claro que sim! - Disse certo. - Parece que todos os outros sonos que tive na vida foram falsos.

- Exagerado.

- Não estou sendo... Você quer conversar? - Falei tentando o trazer para o assunto mais uma vez.

- Não quero deixar o clima ruim... A gente conseguiu estar juntos pela primeira vez, não quero estragar o momento.

Há certas coisas no meio "animal" que não é necessário dizer, nós, ou pelo menos nossos lobos, sentem e sabem. Geralmente, um alfa lê com muito mais clareza um ômega, entretanto aquele na minha frente não era apenas um alfa, aquele era o meu alfa. O alfa que eu conhecia há tantos anos.

Harry estava mais calado e com as têmporas duras, ele estava ansioso. Seu cheiro estava mais doce, o que demonstrava estar mais amável, só que ele também não quis ficar deitado comigo. Com certeza, havia algo passando na cabeça dele.

Talvez, um alfa comum saísse de seu lugar e deixaria com que seu parceiro tomasse seu tempo para conseguir falar. Talvez, um alfa comum lesse os pensamentos de seu ômega e saberia tudo antes mesmo de dizer qualquer coisa. Talvez, um alfa comum nem notasse ou então se importasse com essa distância.

Mas, eu noto.

Só que não é apenas isso, eu noto e não quero mais o ver triste e indeciso dessa forma.

Por esse motivo, vou um pouco mais para frente e o envolvo nos meus braços. De primeira, sinto que ele não compreende minha atitude, mas não demora mais do que segundos até que ele entenda.

Eu ainda não sou um alfa comum.

Talvez, nunca serei um, afinal eu sou de um outro alfa, um alfa que é também é meu melhor amigo. E por não ser um alfa comum, é que eu me permito abraçar sem dizer nada, apenas sinto seu peito subindo e descendo com a respiração lenta.

- E-Eu só não quero que a gente acabe - ele diz em um sussurro assim que nos separamos.

- E por que isso aconteceria? - Falo baixo para não assustá-lo.

- Em uma semana eu volto para Paris.

- E depois você voltará para nossa casa, não é?

- Sim... Mas eu vou ficar em Paris sem você, durante um tempo.

- Harry, não estou te entendendo.

- Eu fico de 5 a 10 dias direto em Paris e volto por 2 ou 3 dias no máximo. Lou, e se a gente não resistir? - Não havia vacilo na sua voz, claramente ele vinha pensando sobre isso há algum tempo.

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