Always been you| Carriam (Spin off- Worlds Collide)

Capítulo 3

ADAM

"Acho que você deveria voltar a sonhar também"

Ela fala como se fosse fácil. Mas a verdade é que não entende o que é ter uma responsabilidade tão grande nas mãos. Responsabilidade de não decepcionar as pessoas que confiam em você e de cuidar daqueles que você ama. Ela não entende que ver as coisas que eu vejo faz qualquer pessoa que, como ela mesma diz, não seja louca, no mínimo deixar de acreditar nos sonhos.

— Adam?– ela me chama me tirando dos meus pensamentos.

— Oi?– pergunto. Havíamos parado numa lanchonete para esperar o trânsito infernal de Los Angeles andar. Mas já faz dez minutos que estamos aqui e ele continua do mesmo jeito.

— Os pedidos chegaram.– Carrie diz e observo que no tempo em que estive perdido em devaneios, o que havíamos pedido chegou. Pedi um bom e velho cheeseburguer com uma coca cola normal.

— Ah, ótimo!– digo e pego meu hambúrguer, dando uma mordida nele. Suspiro quando o gosto invade a minha boca.— Eu amo cheeseburger.

— Nem deu pra perceber!– Carrie diz rindo e começo a rir também.– Olha, você ainda consegue sorrir!

— É claro que consigo. Que ideia!– digo a ela.

— Ah, é que com todo aquele papo de responsabilidades e tal, achei que não soubesse mais o que é dar um sorriso!

— Você não vai desistir mesmo de falar disso, não é?– pergunto.

— Não vou mesmo.– ela diz e dá outra mordida no hambúrguer– Ah, eu também amo X-Salada.

— Também nem deu pra perceber!– começo a rir– Você se suja inteira!

Pego um guardanapo, que estava mais pro meu lado da mesa e entrego a ela. Na hora que faço isso, nossas mãos acabam se tocando e sinto o calor e a maciez dos dedos dela. Nos encaramos por um momento e então solto o guardanapo e deixo que ela se limpe.

"Foco, Adam! A Carrie pode até ser bonita mas é filha do seu chefe e bem mais nova que você. Não viaja!"

Confesso que quando era pequeno e costumava brincar com ela quando meu irmão e os amigos iam brincar juntos e Carrie me fazia ser o príncipe encantado das suas brincadeiras, cheguei a pensar que talvez, um dia, pudesse me casar com ela.

Eu devia ter uns dez, doze anos e pensava nisso com toda as inocência e simplicidade de uma criança. Na época, ela era a menina mais legal que eu conhecia, amava brincar de boneca mas também mandava bem no futebol e não fazia um escândalo quando se machucava. Carrie era forte, sempre foi. Ela teve que aprender a ser.

Com o tempo, cresci e passei a ver nossa relação de forma mais distante. Ela, a filha do meu patrão e eu um simples empregado.

Mas agora...me senti diferente só com um pequeno toque. Mas resolvo ignorar isso. Ela ainda é inalcançável pra mim.

— ...será que eu tô errada?– ela pergunta algo e me olha. Volto ao lugar em que estávamos. Havia me perdido em pensamentos de novo.

— Desculpa, pode repetir?– peço.

— Estava dizendo que às vezes penso nesse desejo de querer ser diferente, de querer mais do que todos ao meu redor aceitam e me pergunto: será que eu tô errada? Será que quem não consegue ver sou eu? O que acha? Porque sinceramente, se isso for estar errada, eu não quero estar certa.

— Sinceramente?– pergunto e ela assente– Não acho que esteja errada, Carrie. Não é porque eu penso diferente que isso é um erro. Você tem uma visão de mundo diferente. Mas não errada.