Divida - 5

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Dayane Pov

Eu mal havia colocado os pés em São Paulo quando fui bombardeada por mensagens de Carol perguntando que horas eu chegava, se eu precisava de carona e meu endereço para a mesma me buscar e irmos ao hospital. Revirei os olhos para a insistência da ruiva e de Victor. Liguei para ela de uma vez.

- Bom dia! - Desejei com um sorriso.

- Oi! Chegou cedo. - Ouvi barulhos ao fundo.

- Está ocupada?

- Não, apenas Kiana derrubando coisas.

- Ela está treinando, tem que se manter em forma. - Brinquei.

- Para com isso, ela aprendeu que não se derruba visitas. Arranhões todo mundo perdoa, pés quebrados é mais difícil.

- Que exagero, Caroline. Não quebrei o pé.

- Mas tá quase, não cuida dele. - Ela brigou. - Falando nisso, que horas posso te buscar? De hoje você não escapa.

- Não vai ter outro jeito né?

- Não.

- Tá, tá. Estou num Uber para casa, quando eu chegar lá te aviso.

- Tá bom, me chame se precisar de algo.

- Sim senhora.

Desligamos em seguida e eu aproveitei para dar uma olhada nas redes sociais, o trânsito de São Paulo era foda. E eu ainda levaria uns bons minutos ali.

Estava quase adormecendo quando finalmente o carro parou em frente ao meu prédio, me despedi e sai rapidamente já com a minha conversa com Caroline aberta.

Caminhei como pude até a portaria e felizmente Roberto, o porteiro, veio ao meu socorro.

- Dona Day, por que não me avisou que precisava de ajuda? Já estaria a postos.

- Que isso, Roberto. Não queria lhe atrapalhar. - Respondi vendo o mesmo pegar minha mala com uma mão e a outra me oferecer suporte.

- Não é atrapalho nenhum. - Ele assegurou.

- Roberto, uma moça ruiva provavelmente vai chegar para me ver em alguns minutos. Pode deixar que ela suba tá? Estarei no banho. - Avisei o mesmo depois que já estava instalada em meu apartamento.

Roberto concordou com a cabeça e fechou a porta em sua saída, voltei até a porta apenas para deixar uma chave embaixo do tapete. Mandei uma mensagem para Carol avisando que ela podia vir e da chave.

Não mexi na mala que estava no canto da sala, apenas tirei minha roupa e entrei no banho. Devo ter demorando um bocado, já que quando sai, completamente vestida, dei de cara com Caroline abrindo a porta.

- Oi! - Ela disse sorrindo. - Já nos chamei um Uber.

- Veio andando? - Perguntei notando seu rosto levemente vermelho.

- Como sabe?

- Está corada. - Ri pulando até o sofá e me sentando nele.

Carol não me respondeu apenas se sentou ao meu lado enquanto esperávamos o motorista chegar. 

- Eu jurava que você teria um animalzinho. - Caroline comentou com a cabeça apoiada em meu ombro. 

- Eu costumava ter um peixinho. - Suspirei lembrando do meu querido e falecido Felps. - Mas ele morreu e eu comecei a viajar muito sabe? Aí preferi deixar quieto. 

- Um peixinho? - Carol soltou uma risadinha, olhei para ela indignada. De toda minha história tocante, aquilo que lhe era importante.

- Sim, um peixinho. Oras.

- Desculpa, é só que eu não achei que você fazia o tipo de peixinhos. - Ela levantou as mãos em rendição. 

- Eu faço qualquer tipo, para sua informação. Sou completamente versátil.

- Bom saber. - Carol mexeu suas sobrancelhas de forma sugestiva. 

Revirei os olhos rindo em seguida.

- Mal me beijou e já tá pensando nessas coisas? 

- Isso pode ser concertado.

- Estou esperando. - Fiz bico e bati em meus lábios. 

Carol se aproximou mas seu celular vibrando com uma mensagem do motorista fez com que ela se afastasse rapidamente. Descemos o mais ágil que pudemos, Roberto ajudou Carol a me colocar no carro e eu apoiei minha cabeça em seu ombro. Estava extremamente cansada e agora estava batendo. 

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Preenchi toda minha ficha na emergência e só faltei beijar o chão quando meu nome foi chamado, felizmente o hospital havia nos fornecido uma cadeira de rodas. Carol me empurrou até a sala e contamos toda a história do meu ser sendo atacado por Kiana. Por conta de todos os meus não cuidados anteriores, acabei enfaixando o pé e o mesmo teria que ficar assim por 5 dias no mínimo. Saímos do hospital com meu pé enfaixado e uma receita para comprar um anti-inflamatório, Caroline nos chamou outro Uber, agora para sua casa, de acordo com a ruiva "Foi Kiana quem te machucou, nada mais justo que eu te ajude".

- Vou te deixar aqui no sofá e ir ali embaixo comprar esse remédio, tá? É rapidinho. - Carol me avisou depois que me ajudou a sentar no sofá. 

Eu não tinha muito pra onde correr então apenas concordei com a cabeça e observei como pude a ruiva sair do apartamento, me deixando a sós com Kiana. A esse ponto a gata já me observava séria. A chamei com um estalar de dedos e muito desconfiada, Kiana se aproximou. Fiz um leve carinho em sua cabeça, acho que poderíamos chegar em uma trégua. Foi o que eu pensei que diria para Carol até que a porta foi aberta e Kiana se assustou, me assustando em seguida e me arranhando. 

- Carol! A gente tava se entendendo. - Fiz um bico enorme e Caroline riu da minha cara.

- Me desculpa. - Ela beijou minha bochecha e eu sorri boba, hoje quase ninguém beija na bochecha. - Vou fazer algo para gente comer, o que quer?

- Eu quero não te dar trabalho, pede algo para nós. Eu pago. 

- Não me oferece duas vezes que eu deixo, com comida não se brinca. - Ela avisou. - E não é trabalho nenhum, eu já faria para mim. 

- Não deixa disso, senta aqui. Vou pedir uma comida chinesa para a gente tá bom?

Caroline se sentou ao meu lado logo tendo Kiana em seu colo. 

- Tá bom. - Sorriu. - Eu prometo que depois pago minha parte. 

- Só aceito o valor em beijos. - Respondi rapidamente e Caroline riu beijando minha bochecha mais uma vez. - Vai ter que melhorar seu jogo se quiser pagar sua divida. - Brinquei. 

- É mesmo? - Ela perguntou em deboche e eu lhe encarei concordando com um sorriso. - Tá certo. 

E então suas mãos voaram até meu pescoço em seguida me puxando para mais perto até que nossos lábios estivessem colados em um beijo rápido. Mesmo com o pé machucado e o celular em mãos, não deixei de corresponder a ruiva. Joguei o celular para o lado, liguei o foda-se para meu pé e puxei Carol para cima do meu colo fazendo a ruiva se sentar de frente para mim. Com uma perna em cada lado da minha cintura. Minhas mãos desceram até sua cintura, onde deixei um aperto ouvindo a mesma suspirar em seguida, suas unhas arranharam minha nuca sendo minha vez de soltar um suspiro. 

Fomos separadas pelo miado de Kiana seguida da mesma pulando em cima de nós, provavelmente querendo atenção.

- Sua gata me odeia. - Afirmei com a cabeça encostada nos seios de Carol.

- Ela só é ciumenta. - Caroline respondeu passando a mão em Kiana, mas sem sair de cima de mim. - Paguei minha divida né?

- Acho que não, sabe? Saldo insuficiente. - Respondi segurando em sua cintura mais forte, Carol estava tão próxima que mais um pouco e seriamos uma só. - Paga no crédito. 

-  No crédito, huh? Então tá. - Ela se inclinou um pouco e nós nos beijamos mais uma vez.

Agora com calma, afinal eu estaria ali ainda por cinco dias. Não havia porquê ter pressa. 

Cantando em PistaOnde histórias criam vida. Descubra agora