Cap. 2 - A aposta

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ELLA

Sempre que eu desejei ser vista, ser notada, não era exatamente sobre isso que eu estava falando.

Sorrio e finjo estar confortável com a situação enquanto os flashes das câmeras piscam e quase me deixam cega.

Eu nunca vou me acostumar com isso!

Quando papai faz sinal para dizer que o tempo para fotos acabou e que devemos entrar no hotel, eu sou a primeira a cruzar as portas do Four Seasons Hotel.

O nome me faz pensar no meu compositor preferido - depois de Mozart, é claro - e começo a cantarolar em minha cabeça Primavera, de Vivaldi.

- Acabamos de chegar e já quero ir embora. - Emily para ao meu lado e sussurra, soltando um suspiro cansado.

Olho para papai, mamãe e Chris que pararam na entrada do hotel para conversar com um homem que parece importante.

- Aquele é o Thomas Harold? - Pergunto encarando o homem e tentando reconhece-lo.

- E eu é que sei? - Ela responde parecendo mal humorada. - Não entendo porque nós sempre temos que vir nesses jantares chatos, os únicos que se divertem são papai e mamãe. Ah, e o seu namoradinho que é mais entediante que um museu, é claro. Por que não pode vir só os três?

- Acho que talvez seja aquele Gabriel Ferraro.

- Ella! Quer manter o foco aqui fazendo o favor. - Emily diz irritada.

- Desculpe. - Digo desviando os olhos do homem que tenho quase certeza se tratar de Gabriel Ferraro e olhando para minha irmã. - Papai diz que é importante frequentarmos esses eventos como família, é bom para sua imagem e você já deveria saber disso a essa altura.

- Urgh! Odeio isso, é tão chato e as horas parecem não passarem nunca. - Emily reclama.

- Eu também não sou muito fã de ficar quatro horas sentada ouvindo os outros falarem de politica, e olha que é a minha área. Mas é importante para o papai e basicamente nós não temos escolha, então... - Dou de ombros e Emily revira os olhos, fazendo um barulho não muito educado com a garganta.

Meu pai é um homem bem importante, ele é o senador do estado de Nova York. O amor por sua família sempre teve um rival a altura, a politica.

Ele e mamãe se conheceram na Universidade de Harvard, onde ambos estudavam para serem advogados.

Eles se apaixonaram se casaram e tiverem quatro filhas.

Hilary é a mais velha. Casada, sensata e prática.

Depois veio a Rebecca. Ainda a procura do amor da sua vida. Ela é talvez a mais inteligente de nós quatro, é uma neurocientista muito respeitada, mesmo sendo tão jovem, e todos temos muito orgulho dela.

Ela não é tão séria como Hilary, mas com certeza não é tão extrovertida como Emily, a filha seguinte.

Emily é a mais sociável e comunicativa das quatro, a que mais deu e ainda dá um pouco de dor de cabeça para nossos pais. Ela leva a frase *Carpe Diem a sério demais.

Então vem eu. Ella, a caçula.

Sempre me senti deslocada perto das minhas irmãs, elas são sempre tão inteligentes, sensatas, divertidas, lindas. Sinto-me literalmente o patinho feio da família.

Sou magra demais, o que não seria um problema se eu fosse alta, mas tenho somente 1,65m. Sou levemente vesga e infelizmente não puxei os deslumbrantes cabelos loiros da minha mãe, ou os olhos azuis.

Paixão em Jogo         (Livro 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora