Cap. 20 - Desastre estampado no jornal.

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— Vince, é você mesmo?

— Olá, Prudence. Quanto tempo!

— Que surpresa boa. — Prudence sai detrás do balcão e vem me abraçar.

— Estive um pouco ausente, eu sei.

— Ah não se preocupe, o importante é que você está aqui agora. Veio ver as crianças?

— Com certeza.

Depois de muito me sentir mal, resolvi parar de inventar desculpas para não visitar o abrigo. Sim, vir até aqui é doloroso porque me lembra Ella, mas tudo me lembra, então não faz sentido me esconder em meu apartamento e simplesmente abandonar essas crianças como se eu não me importasse com elas.

— Então vamos, elas vão ficar animadas ao ver você de novo.

Seguimos na direção da sala de recreação, mas diferente das outras vezes em que vim aqui, passamos pela sala, seguindo por uma porta que nos leva até um pátio amplo nos fundos.

Assim que piso no pátio percebo duas coisas. A primeira é que o número de funcionários aumentou, três mulheres uniformizadas estão espalhadas entre as crianças, brincando com elas. E a segunda é que o numero de crianças caiu.

— Cadê o resto das crianças? — Pergunto.

— Muitas foram adotadas, por famílias maravilhosas devo acrescentar. Esse é um bom momento para nós aqui, além de estarmos conseguindo dar uma boa vida para essas crianças, as doações têm aumentado. — Prudence diz enquanto seus olhos passam por cada criança no pátio. O sorriso satisfeito em seu rosto me tranquiliza.

— Que bom, fico feliz. — Digo repousando minha mão em seu ombro.

— Preparado para enfrentar esses monstrinhos?

— Não. — Respondo e nós dois rimos.

— Crianças! — Prudence grita. — Olhem que veio brincar com vocês.

Nesse instante várias cabecinhas se viram em nossa direção. Vejo o momento do reconhecimento na face de alguns, e então um bando de monstrinhos corre em minha direção e me ataca. E por um momento me esqueço da dor que carrego em meu coração.

***

— Tem certeza que não quer ficar mais um pouco?

— Tenho, quero ir visitar Abigail e Nate ainda hoje.

— Ah Nate, que saudades daquele garoto. Como ele está se adaptando a nova vida?

— Vou descobrir isso hoje, infelizmente eu me afastei dele, mas quero recuperar o tempo perdido. — Admito com vergonha da minha própria negligência.

— Desculpe me intrometer, mas esse distanciamento seu é por causa da Ella? — Sua pergunta me surpreende.

— Ela falou algo sobre nós para você? — Pergunto curioso.

— Não muito, a última vez que Ella esteve aqui fiquei sabendo que vocês não estavam mais juntos, ela não disse o porquê. Mas visto que tanto você como ela pararam de vir aqui...

— Espera um pouco, a Ella não visita mais o abrigo?

— Não tanto quanto antes, achei que pudesse ter a ver com vocês dois, não que seja da minha conta é claro. — Ela sorri envergonhada.

Os estragos que eu causei na vida de Ella não param. Eu apaguei o seu brilho, tirei sua inocência, a magoei a ponto dela ficar tão vulnerável que Chris a convenceu a pedir uma ordem de restrição e agora isso, eu escureci um coração cheio de luz que amava ajudar os outros. Um coração bom e puro que foi quebrado por mim.

Paixão em Jogo         (Livro 5)Onde histórias criam vida. Descubra agora