Especial shikatema 10: descobertas

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   Era por volta das 01:04 da madrugada na silenciosa casa principal do clã Nara. A lua cheia estava em seu pico no céu quando o chiar dos grilos começou a  importunar os sonolentos moradores dos arredores quais muitos resmungavam em desgosto - Kankuro - alguns por poucos estarem acostumados, tanto com os grilos quanto com o calor noturno, o verão em Konoha pode ser cruel as vezes, principalmente entre as épocas de junho e julho. A acústica dos arredores da casa beirava o som agudo do cantar incessante os grilos, o som suave do ricochetear da água de uma pequena cacheira próxima e das passadas leves e quase sem som de um certo No Sabaku.

     Entre tropeços e resmungos de descontento, o ruivo enfim conseguiu chegar a cozinha. Por várias vezes no dia ele continuara  a esquecer que não estava em casa, ou qualquer que seja a forma de que podia chamar aquele lugar. Em sua visão, não parecia uma casa, e sim um local onde o ódio de todos poderia ser direcionado a si. Casa. Um termo vazio, sem sentido algum, igual ao Amor.

   — O que foi Gaarinha? Consigo sentir sua melancolia daqui. Tão patético. - Shukaku cuspiu as palavras com satisfação. O guaxinim nunca deixava nada passar, nenhum sentimento, nenhum pensamento, não deixaria passar sequer uma chance de importunar o ruivo, de confundir sua mente. Zombar e humilhar Gaara era o passatempo favorito da besta, que fazia disto quase um esporte.

     Gaara respirou fundo sentindo sua língua formiga para dar um resposta ardilosa - como de costume - a besta, mas se conteve, farto de dar esse gostinho para o guaxinim. Com o auxilio de sua visão noturna - habilidade adquirida por ser o jinchuriki do uma cauda - Gaara remexia gavetas e armários a procura de uma distração noturna. Em ocasiões como está café seria sua primeira opção de distração, mas na situação que estava aceitaria qualquer coisa. Era noite de lua cheia e cada segundo ficava cada vez mais difícil para si, controlar o chakra da besta que vinham na intensidade de um tsunami, e seu controle ficava cada vez mais instável com as investidas e provocações do Shukaku que só precisava de uma brecha, um deslize, para tomar o controle.

   —Segunda porta do armário debaixo. - Por dentre as sombras da soleira da porta uma pacífica voz declarou, quebrando o intenso silêncio que assolava a madrugada.

     Mesmo tendo em si a consciência que o dono da voz não lhe representava nenhuma ameça, isso não chegou a impedir que a defesa de Gaara inquietasse deixando-o ansioso. Por puro instinto, Gaara cerrou os punhos e fechou os olhos se esforçando para manter a areia sobre controle.

    — Segunda porta a direita do armário inferior. - A voz prosseguiu calma como uma brisa.

    — Como?

    — O ryokucha*, está no armário debaixo. - Shikadai explicou pacientemente. Pela iluminação de uma janela, o Nara observou Gaara enrugar a testa deixando a sua cabeça tombar para o lado. —Agora, se estiver procurando o café, está no armário superior, na porta com o adesivo de borboleta. - Shikadai acendeu a luz da cozinha apontando para o armário em questão.

    —Hum. - Gaara resmungou ainda inquieto se apoiando na bancada, ele piscava freneticamente numa tentativa de normalizar a visão.

    — Pesadelos? - Shikadai estreitou os olhos perante a figura mais cansada que o normal de seu tio. Ao se aproximar, Shikadai repara que quanto mais avança seu tio se distancia de si até alcançar a geladeira tirando de lá uma caixa de leite.

    — Leite? - Ele riu soprado. - No futuro você evita tomar leite.

    — Por que? - Gaara não se conteve em questionar.

    — A, bem, você ficou um pouco traumatizado depois de beber leite na casa do tio Naruto.

   Gaara cessou sua intensa, e atrapalhada, procura por um copo depois de ouvir o nome desconhecido.

Voltando ao passado (Boruto)Onde histórias criam vida. Descubra agora