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Eles a levaram

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Eles a levaram.

Ela lutou, entre gritos e lágrimas, mas de repente ela já não estava mais consciente.

Minha avó já tinha resolvido tudo com eles, a equipe médica, e no final, pediram somente meu telefone e nome completo, para avisar sobre qualquer coisa e para que eu pudesse agendar visitas.

Eles a doparam. Colocaram dentro de uma ambulância. Preenchi uns papéis e eles se foram.

Fiquei sentada no sofá em silêncio encarando o nada, percebendo o abismo que crescia dentro de mim. Só não era mais terrível porque eu sabia que ela estava - meio - viva.

Léo ficou ao meu lado o tempo todo, era uma droga que a primeira vez que nos víamos em tanto tempo, fosse daquele jeito desastroso e terrível.

Havia três anos de acontecimentos que nos separavam, mas o Léo que estava sentado ali, naquele momento, tinha viajado no tempo. Eu tinha certeza disso. - Ou era só a Annelise do passado feliz por poder estar com ele de novo.

Leonardo era o meu melhor amigo do colégio, aquele que me ouvia contar histórias e bobagens por horas e horas seguidas. Cheio de conselhos inteligentes e péssimo em matemática; o divertido, engraçado e leal Leonardo. Eu sentia tanto a sua falta, nunca encontrei um substituto para jogar os mesmos jogos de tabuleiro às 21h de um domingo entediante, ou para cantar no karaokê bêbado comigo, ou para ser tudo aquilo que ele foi para mim.

Encarei-o e sorri, durante a enxurrada de boas memórias.

- Está tão bonito. - Disparei - Houveram dias em que fiquei imaginando o quanto você deveria ter mudado, se engordou ou emagreceu, ou se tinha pintado o cabelo... - Sorri. - E você está tão lindo... - Minha voz falhava, eu estava triste, mas ao mesmo tempo feliz por tê-lo por perto. Era uma sensação desgraçada que inundava todo o meu ser.

- Não me deixe assim tão sem graça. - Ele riu. A voz estava mais grossa e mais estável do que eu me lembrava. A puberdade já tinha passado para ele.

- Como está a sua vida? A minha, um caos, como dá pra perceber. - Ri sem humor.

- Bem, eu estou na universidade de Berkeley, fazendo administração. Vou tocar a empresa do meu pai, então...

- Sempre soube que você levava jeito pra isso. - Sorri orgulhosa.

- Talvez eu faça alguma engenharia depois, é mais minha praia.

- Você se rendeu à matemática? - ele riu, dando de ombros.

- E você? Voltou quando soube da situação da sua mãe?

- Na verdade eu vim para estudar, faz poucas horas desde que cheguei. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo. - Sorri sem jeito - Estaremos na mesma universidade! - cantarolei, voltando ao assunto.

Impossible [Livro único]Onde histórias criam vida. Descubra agora