31

102 7 7
                                    

Assim que aquele homem enorme entrou na sala, eu quis morrer

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Assim que aquele homem enorme entrou na sala, eu quis morrer.

Ele não tinha um rosto que ao menos se parecesse com algum daqueles assassinos esquisitos que a gente vê na televisão. Ele era sereno e calmo. E foi por isso que eu estremeci.

Ele parecia um bom homem, um bom médico, com olhos medrosos, sentando-se na cadeira ao meu lado, disposto a ouvir o que eu e o delegado tínhamos a dizer.

Acenou para mim, e voltou a encarar o delegado a nossa frente. Eu desejei ter o poder de esmagar os seus olhos e os seus ossos.

O homem de cabelos grisalhos e uniforme azul descreveu o caso, mostrou os documentos assinados pelo doutor, contou tudo que eu havia dito que me levou até ali e o questionou calmamente sobre a veracidade.

Eu esperei um homem como o Darian.

Esperei alguém que se enfurecesse com as acusações, alguém que se defendesse, alguém que gritasse e me confundisse se aquilo foi armado ou não.

Mas aquele senhor simplesmente assentiu:

- Eu assinei essa carta e esse contrato. - confessou, sem rodeios. E então, me encarou - Eu sinto muito pelo que aconteceu com a sua família, sinto muito pelo que fiz. Simbólicamente, é claro. Você não deve nunca me desculpar.

O impulso foi bem mais forte que eu.

Quando percebi, já havia feito.

Minha mão encontrou a sua face calma, resultando em um barulho estalado e agudo.

- Annelise. - fui repreendida pelo delegado. Mas eu não conseguia nem ouví-lo direito. Queria fazer de novo, de novo e de novo. - Annelise, sente-se. - Eu nem mesmo havia percebido que estava de pé. - O senhor Spinelli será preso provisóriamente e depois será julgado da maneira correta. - virou-se para o médico. - Tem direito aos seus advogados e tudo mais. O processo será iniciado em breve. - o homem me encarou, sem reclamar do tapa que eu havia desferido contra ele.

- Eu gostaria que você morresse. - sibilei - Ou que perdesse o seu filho, sua esposa... - suspirei - Use o dinheiro que conseguiu para pagar um bom advogado, um que tenha vindo do inferno. Espero que essa droga te salve agora. Você vendeu minha família em troco dessa merda, vamos ver se vai te servir de algo. - ele me escutava com os olhos tremendo - A morte é muito pouco para alguém como você.

- Annelise. - o delegado continuava tentando me parar.

- Eu não acredito em nada, mas sabe - aproximei-me dele mais uma vez - Eu gostaria que existisse um lugar para onde pessoas como você vão. - cuspi - Eu gostaria de poder atirar na sua cabeça agora, mas quem sabe você não vai para um lugar até melhor? Não serviria de nada. - sibilei. - Você vai ter o que merece. - saí da sala em seguida.

[...]

Assim que tudo acabou, fui com Dylan para o hospital.

Ficamos em silêncio durante todo o caminho. Já era noite e as luzes de Berkeley me distraíram por um instante. Um brevíssimo instante, já que a cidade era pequena e o hospital não ficava mais que três quadras da delegacia.

Impossible [Livro único]Onde histórias criam vida. Descubra agora