Impossible [Livro único]

32

A situação de Leonardo melhorava a cada dia.

A cirurgia no nariz obteve êxito e seus inúmeros ferimentos estavam se curando.

Visitei meu irmão quatro ou cinco vezes antes de ir para a casa dos meus pais com Annelise e cumprir a difícil tarefa de contar tudo o que aconteceu a eles.

Avisei que assim que meu irmão recebesse alta, seria levado à julgamento por tudo o que fez com Eva, por tudo que fez comigo e Annelise. Além disso, contei que precisariam fornecer apoio à uma mulher chamada Denise Evans, já que ela agora estava grávida do neto deles.

A alegria em ver Annelise depois de todos esses anos, se desmanchou com o bombardeio de notícias ruins. A sala de jantar ficou tensa, e só consegui respirar quando o meu anjo segurou minha mão por debaixo da mesa.

- Eu não acredito nisso... - minha mãe começou a chorar. - Como ele pôde... Como... Não... - escondeu o rosto na camisa listrada do meu pai. - O nosso Léozinho... - choramingou.

Eu também não acreditaria que o meu irmão teria feito tudo aquilo, se não fosse pelas cordas que apertaram o meu corpo. Se não fosse pelo seu pé sobre as minhas costas. Não fosse o meu rosto se arrastando pelo chão. Se não fosse, ainda, por ver Annelise sendo torturada com documentos da morte dos seus pais, enquanto estava acorrentada. E claro, se não fosse pelas coisas que ele disse a Darian, e principalmente aquelas que disse em voz alta sobre Eva.

Aqueles dois me enganaram.

Pensei que fosse morrer naquele dia em que tudo isso foi revelado. Mas nada aconteceu. Meu peito esteve perto de explodir, mas se conteve dentro de mim. Então, eu entendi um pouco sobre como Annelise continuava sobrevivendo.

E depois de tudo, senti ainda mais vontade de fazer com que as nossas vidas valessem a pena.

Principalmente porque não havia nada a perder.

Eu me demiti da faculdade de arquitetura. Não por vergonha ou medo de fazerem algo com a minha garota, nunca, mas simplesmente porque não ficaríamos em Berkeley por muito mais tempo.

Annelise queria que eu conhecesse sua avó, queria me mostrar o México e tudo aquilo que tinha sido parte do seu mundo. E claro, tudo que era parte dela, me causava uma certeira excitação e fascínio.

Estar ao lado dela, finalmente livres, me lembrava o tempo todo de deixar o passado no lugar dele. O meu novo sonho tinha um cabelo vermelho incrível e um gosto para livros duvidoso - mas que eu com certeza leria todos de novo e de novo. Só para saber um pouco mais sobre ela.

- Eu sinto muito meu amor... - minha mãe colocou sua mão trêmula sobre a minha, aquela que ainda estava sobre a mesa  - Por tudo o que você passou.

- Está tudo bem. - suspirei.

- Estou feliz por vocês. - sorriu em meio as lágrimas - Sejam felizes, e por favor, se cuidem. - enrugou os lábios em um sorriso triste. Apertei a mão da minha parceira embaixo da mesa, ainda mais forte, arrancando um sorriso sereno dela.