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Voltei para casa carregando no peito toda a dor do mundo

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Voltei para casa carregando no peito toda a dor do mundo.

Uma vez, eu já fui mais amorosa, mais honesta comigo mesma e com os outros. Mas já faz muito tempo que eu não sei expressar meus sentimentos de forma objetiva e clara.

Em uma pequena tarde - nossa última tarde - eu senti meu amor por ela se quadruplicar, e mesmo assim tudo que eu disse foi um "eu te amo". Meus sentimentos reais não cabiam nessas palavras, nem na mais espremida das hipóteses.

Mas teve que servir.

Embora no meu íntimo, tudo estivesse se desmanchando, a melhor parte é que eu pude me despedir. Pude dizer que a amava. Todos os meus arrependimentos ela já conhecia, e hoje soube o melhor de mim.

Agora, tudo estava realmente vazio.

Cheguei no apartamento e entrei no meu quarto, e tudo em mim estava vazio.

Vazio de verdade, até oco.

O silêncio dentro de mim deixava ecoar uma frase;

Todos tinham ido embora.

Todos tinham ido embora.

Todos tinham ido embora.

A frase se repetia infinitamente pelo abismo na minha cabeça, ensurdecedoramente.

- Não... - lágrimas inundaram os meus olhos rápido demais. Meu coração se apertou tão dolorido que eu pensei que era o meu fim também.

Os sorrisos.

Os sorrisos de todos eles, se dissolvendo.

Duda, mamãe e papai. Eles não vão voltar, eu nunca mais vou voltar a vê-los. Nenhum deles.

Estava ficando difícil de respirar.

A ausência deles me assustaria para sempre. Eu era de fato amaldiçoada por continuar viva, tendo que lidar com a ida de todos eles.

"Você foi a nossa felicidade."

Escondi o rosto nas mãos geladas e trêmulas, perdidamente sozinha.

No final, ela ainda me amava. E fez questão de me lembrar que todos eles me amaram de verdade.

Ainda naquela tarde, eu recebi a ligação da clínica. Quando vi o número na tela, eu já sabia o que me esperava.

Mas quando a enfermeira de fato falou, ela arrancou o ar dos meus pulmões. Eu assenti com um grunhido e desliguei.

Não tinha mais nada para ser dito. Deixei meus olhos arderem e eu me afogar com as minhas próprias lágrimas, mergulhando na minha insanidade.

[...]

- Annelise? Está tudo bem? - Léo bateu na porta durante a madrugada.

Eu estava longe, bem longe em uma intensa introspecção, deixando todos os meus demônios me devorarem, todos os pensamentos virem e irem quando bem entendessem.

Impossible [Livro único]Onde histórias criam vida. Descubra agora