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Droga

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Droga.

O que ela estava fazendo ali sozinha, perto do anoitecer, passando por um bairro tão perigoso?! O tempo no México queimou os neurônios dela?!

Se acontecesse algo com ela, Leonardo me mataria, já que ele sabe que eu passo mais tempo do que ele em casa e talvez ela tivesse se tornado a minha responsabilidade também.

Sim, é isso.

Não fui movido exatamente pelo impulso de ajudá-la, mas sim pelo impulso de não ter problemas com o meu irmão.

Eu nem percebi a chuva enquanto conversávamos. Nem frio, nem o incômodo de estar me molhando. Estava mais preocupado com ela. Com aquela aparência frágil, como se estivesse trabalhando pesado a dias e não descansasse nunca. Enquanto falávamos, aquele ar desafiador da juventude, que eu conheço bem, exalava das suas tentativas de ignorar a própria fisionomia acabada.

Mas, era como se eu pudesse conversar sobre qualquer assunto com ela que ela iria sorrir e fazer a porra de um comentário completamente coerente, e me deixar ainda mais intrigado com aquela pessoa. Eu não sabia nada sobre ela, era verdade, mas a cada segundo por perto, uma parte de mim queria saber.

Desde que essa garota era realmente só uma garota, ela fazia isso comigo e com as outras pessoas. Os olhos dela sabiam de tudo, estavam só esperando que eu lançasse a oportunidade para ela agarrar. Eu já havia experimentado daquilo. E não gostei nem um pouco.

E ela sabia que eu estava a evitando. Sabia que aqueles olhares que ela me lançava durante as aulas, afiados e firmes, curiosos e meigos, me tiravam do sério, desestruturavam tudo em mim. Ela sabia como me deixar desnorteado, e ainda teve coragem de me dizer que eu estava me escondendo. Escondendo do quê? De uma garota ruiva e rebelde sem causa?

Quando ela disse que não era a primeira vez que eu "me escondia" segundo as suas concepções perturbadas, meu corpo queria se desmanchar com a chuva e escorrer pela rua. Estava parecendo um fraco, um menino. Não estava fugindo dela. Estava tentando manter a ordem e a cabeça no lugar. Será que ela não sabia que os anos tinham a transformado em uma daquelas mulheres que era difícil não olhar?! Será que ela ao menos sabia que o tempo tinha passado?

Ou ainda era a mesma menina tonta?

O corpo dela estava cheio de curvas que não estavam ali antes, implorando para serem tocadas por alguém que tivesse um pouco mais de sorte do que eu, ou talvez, um pouco menos de idade.

Um pouco menos de burocracia também.

Alguém que não fosse o seu professor ou o cara com quem ela dividia o teto.

Claro, não por mim. Não tinha esses pensamentos sobre Annelise - sobre uma criança, aquela que ela ainda era.

Esfreguei as mãos no rosto e me enxuguei com a toalha, tentando respirar direito, expulsando aquelas ondas vermelhas vibrantes da minha mente.

Impossible [Livro único]Onde histórias criam vida. Descubra agora