04

212 23 54
                                    

"Tem alguma coisa quando você me olha nos olhos. Não sei se vou sair dessa vivo."

— Teeth, 5 seconds of summer

[...]

Dylan estava usando uma camisa limpa, ao menos.

Eu fiz questão de observar e sorri sozinha.

Nossos olhos se encontraram por um longo e memorável instante e ele coçou a garganta para finalmente iniciar a sua aula.

Será que ele estava tão surpreso quanto eu?! Daria tudo para saber quais pensamentos estavam passando por ele naqueles segundos em silêncio.

- Jesus, como ele é gato! - Ouvi um sussurro no fundo da sala. Ele estava organizando seus papéis enquanto isso acontecia.

- Shhh! Nessa aula eu presto atenção, Nancy. - Outra garota resmungou.

Então Dylan, o irmão de Léo, além de meu professor de...

- Hoje nós vamos dar continuidade à Teoria da Arquitetura Ocidental. - Ele se virou para escrever no quadro exatamente essa frase, para o delírio das suas fãs que estavam sentadas ao fundo.

Continuando, meu professor de teoria da arquitetura, é muito popular entre as garotas daqui. Era até engraçado a forma como estava sendo praticamente engolido vivo enquanto fazia as atividades normais que qualquer outro professor faria.

Dylan estava usando aquele mesmo blazer azul-marinho hoje. Seus olhos verdes não deram a graça de se dirigirem a mim muitas vezes depois, era como se ele evitasse o lado direito da sala - que era onde eu me encontrava.

Ele era incrivelmente lindo mesmo, até quando estava fazendo anotações em silêncio. Sabe aquelas pessoas que você até prende a respiração sem perceber, só de olhar para elas?! Esse era o efeito que Dylan tinha sobre os humanos.

As garotas tinham razão quando estavam babando e era compreensível que elas nem conseguissem disfarçar quando suspiravam por ele. Eu não via problemas por ele ser meu professor, mas talvez agora ele ficasse incomodado em ter uma de suas alunas morando com ele e o que isso poderia significar para o restante da faculdade.

Mas ninguém saberia se nenhum de nós falasse alguma coisa, e eu não estava procurando encrencar ninguém só por um mal entendido.

A aula se seguiu com um exemplo de uma pesquisa ampla, compactada e publicada por Kruft Hanno em 1985.

Dylan possuía um exemplar, grande e pesado, provavelmente havia mais de mil páginas ali, sobre a sua mesa. Ou seja, tudo que ele nos passaria de informação no decorrer das aulas era extremamente bem fundamentado e ele fez questão de salientar isso.

Eu o observei mais, eu sempre o observava quando podia, sempre foi assim.

A barba castanha, rala e até sensual, percorria e definia seu maxilar. As sobrancelhas grossas, agora, davam um ar de autoridade dentro da sala de aula. Mas, ele ainda falava com suavidade e acabava sorrindo quando era sobre um tópico que ele gostava.

Não tinha muito do Léo nele, e a última memória que eu tinha de Dylan, era de um homem ainda sem barba, mas com aqueles mesmos olhos encantadores; verde fluido, ameaçador e intimista. Mas que quando sorria, eles se encolhiam e ficavam a coisa mais fofa do mundo.

Ao fim de minutos infinitos, o sinal tocou e ele me encarou uma última vez e se despediu da sala, levando consigo as suas coisas, apressado.

- Deus do céu, ele parece aqueles protagonistas de filmes tipo... 365, sabe? - alguém suspirou.

Impossible [Livro único]Onde histórias criam vida. Descubra agora