11 - O poder do ciumes

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Capítulo 11

Manuela.

Entro de volta na casa e logo vejo a Marfa. Me jogo em seus braços. – O que aconteceu com você? Estava tão preocupada. Como você acorda e some?

– Eu precisava respirar um pouco. Eu sendo atropelada por um monte de notícias. Você não sabe na loucura que se transformou a minha vida.

– Ah, mas eu sei sim. O que o grandão te fez? Ele saiu atrás de você e agora você volta assim? Toda desesperada?

– Estou arrasada. O Hakon me rejeitou. Ele disse que não podemos criar o tal vínculo. E eu nem sabia de nada, mas o que sinto por ele, não é normal. É algo tão forte.

– É que vocês são companheiros de alma. Tem ideia da força disso. Você foi criada para ser a outra metade dele. O amor de Romeu e Julieta é fichinha perto da intensidade do que vocês sentem.

– Ah amiga, só você pra mim fazer sorrir de uma situação dessas. – Sorrio em meio às lágrimas. – Preciso de colo.

–  Vem, parece que o lugar está vazia agora. Você não tem ideia do que eu vi e vivi aqui. –  Ela fala e olha em volta.

Estamos conversando, e ela vai me contando os últimos acontecimentos, quando escutamos sons de metais se tocando. Parece que está acontecendo uma guerra do lado de fora.

Saímos correndo porta afora, quando vimos fumaça, relâmpagos e sons de selvageria vindo da direção de nuvem negra. Estou com olhos arregalados, é como se fosse um redemoinho.

O barulho parece ter acordado outras pessoas, porque logo, homens e mulheres, começam a vir. Alguns saindo da mata, outros vindo das casas próximas, muito gente assistindo a luta. Hakon e um outro homem, ou melhor, ele é tudo,  menos um ser humano, é um monstro, e ambos lutam ferozmente.

Em um certo momento ele me olha e se distrai, sendo golpeado nas costas. Caindo de joelhos, sangue saindo de seu ferimento. Corro em sua direção e não percebo o seu oponente e sou atingida pelo homem de chifres. Que se desespera ao ver que me derrubou.

Hakon tenta me ajudar a me levantar, mas na raiva por ter sido rejeitada por ele, eu empurre minha mão e eles se afastam para longe,  como de o movimento tivesse deslocado uma quantidade de energia em direção a eles.  

Fico assustada com o que aconteceu. Olho minha mão e sem entender, saio correndo. – Merda, sou uma abominação. Eu só queria ser alguém normal.

– Manuela,  sou eu, Haskia e essa é Ruth, ela é mãe da Merly e Mirtes. Podemos nos aproximar?

– O que querem? Essa mulher, ela é das bruxas más, não percebe? Eu sei que as filhas e a mãe dela foram pessoas horríveis comigo.

–Queremos te ajudar, eu sinto muito por tudo que minhas filhas e mãe te fizerem. – A bruxa Solaris diz.

– Eu não preciso de ajuda. Estou bem, foi só uma coisa desnecessária e isolada, o que aconteceu agora pouco.

– Manuela,  você é humana e se continuar assim, não resistirá ao poder que tem dentro. Mirtes conseguiu te deixar algo muito poderoso, mas você não é apta a recebe-lo. Seu corpo é frágil.

– Quer dizer que eu vou morrer? Engraçado que desde que cheguei aqui, é o que mais ouço. – Dou um sorrisinho. Está escuro, e vejo apenas nuance de seus rostos.

– Meu senhor é um estúpido. Ele tem medo por você. Eu o entendo, mesmo não concordando. Eu vivo ao lado dele por quase mil anos, e sempre que ele se apagava a alguém, uma amizade que fosse, a pessoa ia embora e ele ficava.

Hakon  e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora