33 - O anjo do demônio

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Ravena

Reunidos a tanto tempo discutindo uma situação que pode ser rapidamente resolvida.

Estamos na sala do Francis, tentando entender a gravidade do que será, caso o bruxo ponha as mãos na freira.

Eu tenho uma situação complicada com alguns demônios dissidentes, são violentos, tem circulado no mundo humano, e tem ganhado força e novos apreciadores, mas estou perdendo um tempo precioso nesse caso de fácil resolução.

— Uma vida em troca de muitas. Considero uma troca justa. — Falo mais uma vez a minha intenção.

— Não podemos descartar uma vida sem antes, esgotarmos todas as possibilidades. — Francis responde.

— Seja sincero comigo. O fato dela ser neta da Talula está pensando em sua decisão, não é mesmo, lobo?

— Ravena, você e sua maneira de decidir aa coisas a ferro e fogo. Justamente, ela, tem alguém que a ame. — Hakon argumenta.

— Um segundo, é tudo que preciso, pode ser em sonho,  dormindo. Meu bruxo e eu entraremos e sairemos sem sermos vistos. Ou ficamos parados e vamos esperar que o bruxo traga sua companheira usando essa mulher, e instale o caos? Sabem que tenho razão.

— Faremos assim. Se não tiver outra possibilidade, seu plano será colocado em prática. Eu falarei com a Talula. — Francis diz, frustrado.

O lobo queria poder sair em busva de sua companheira, em vez de ficar resolvendo problemas de bruxo arrogante. É  outro que tem se tornado irritado e impaciente.

Saímos decididos a resgatar a mocinha. Mas se não tiver outra chance, infelizmente ela será sacrificada para o bem de muitos.

Como ela é uma religiosa, talvez veja essa situação com bons olhos, ser mártires. Eu, um demônio, terei que lidar com uma freira. Isso soa tão contraditório.

Hakon se aproxima antes de entrarmos no portal. — Você poderia ocultar sua... — Ele aponta meu rosto.

— Minha face real? Se a freira passa o dia rezando, pedindo perdão e fugindo da aparência do diabo, talvez ela descubra que não conhece o capeta de verdade. Seria uma grande oportunidade.

— Sei que anda irritado com tudo isso, mas leve em consideração que outros humanos estão lá e não são como as bruxas e ninfas, que gostam se sua versão espantosa.

— Vá se ferrar, guerreiro. Você se apresenta com essa cara horrível e ninguém corre de você. — Sorrimos e ele me empurra levemente.

Logo visto uma versão humana, que não deixe as freirinha tão desesperadas, clamando ao seu deus, por misericórdia.

Assim que chegamos ao local,  dentro do pátio do convento, o silêncio reina. Estamos somente, eu, Francis, Hakon e alguns bruxos, o restante foi deixado do lado de fora.

Andamos em silêncio, dois bruxos vai a frente, e dizem que o Wapi também está aqui.

Uma corrente elétrica passa pelo meu corpo, uma sensação, antes nunca sentida. Parece que estou sob feitiço, mas nunca senti nada assim e não posso ser enfeitiçado, nenhum dos escolhido, pode.

Ouvimos gritos, do lado de fora. —O que está acontecendo? — Me pergunto e só então percebo que o bruxo levou freiras para fora, e está torturando uma por uma, atras de respostas, ou melhor,  de quem veio buscar.

Corremos em direção ao barulho  e vimos que o muro alto foi derrubado, ele do alto machuca as mulheres, que gritam em desespero.

— Ele é mesmo um covarde. — Francis diz e transmuta num salto. Pula, derrubado o bruxo, que estava em uma espécie de flutuação.

Mas algo me chama para dentro do prédio. Não sei o que é, mas a sensação é latente.

O bruxo pede que suas bruxas machuquem mais mulheres, e as que se negam a fazer, sofrem golpes vindo dele.

As Solaris estão agrupadas em um lado, e as freiras do outro, mas todas parecem teme-lo. Ele usa a dor para manter seu clã. Lobos avançam sobre ele e sofrem ataques.

Muitos caem sem vida, ele não demonstra nenhuma culpa. Sua face colérico, mostra que é maléfico e tem prazer em infligir dor.

Uma bruxa se recusa a machucar uma freira e sua pele começa a pegar fogo. Muitos são os feridos. O cheiro de sangue ganha espaço.

Peço para abrir o portal, e que os lobos levem o máximo que conseguir com eles.

Ele ainda não a encontrou. — Vou ver o que tem lá dentro. — Aviso a a Hakon, já que Francis está num embate com o bruxo.

Alguma coisa me chama e preciso saber o que é. Assim que entro, meu corpo parece estar se aproximando do mais doce e perfeito cheiro.

— Eu não posso ser enfeitiçado,  mas o que será que está acontecendo comigo? Porque meu corpo está reagindo assim? — Me pergunto num sussurro.

Me sinto vivo, excitado, em verdadeiro êxtase. Conforme vou andando a sensação de prazer toma meu corpo, o cheiro de um verdadeiro manjar invade chega até mim.

Não suporto doces, mas essa essência de algo adocicado, enche minha boca e começo a transmutação para minha verdadeira face. Impossível me manter sob um falso rosto.

Não sou de todo, diferente dos humano, talvez meus olhos, poços de um negro profundo, queixo mais largo e quadrado, e chifres voltados para trás, em formato de espiral, sejam as maiores estranhezas.

Me encosto na parede de um grande salão e tento me concentrar na fragrância que invade o lugar. E contrário a tudo que o momento de luta e morte traz, sinto que estou muito muito vivo.

Poderia ter um orgasmo, se o momento fosse propício, só em respirar profundamente. Salivo, de tão perfeito que o cheiro é.

— Tenha piedade. Pelo sangue do cordeiro, não me machuque. — Uma voz melodiosa invade meus ouvidos.

Ouço seu coração batendo forte e rápido. Finalmente descubri de onde exala tanta delicadeza,  aie me deixa embriagado. Ele vem desse ser de voz angelical. Sinto seu medo, seu desespero.

— Não vou te machucar, pode confiar em mim. — Tento uma voz mais suave, já que naturalmente,  minhq voz é um tanto forte, e dou alguns passos em direção a voz.

— O que você quer comigo? — Ela soluça e seu choro dói dentro de mim.

— Precisamos sair daqui. Pode aparecer. — Assim que termino de falar, ela grita ao se ver de frente para mim.

— Se afasta, Satanás. — Diz com o crucifixo em mãos e olhos apavorados. A mulher mais linda, delicada e perfeita que já vi, me faz cair de joelhos.

Estou na forma demoníaca e pode ser assustador para ela. Mas eu acabei de descobrir algo ainda mais assustador, ela é a minha predestinada.

A freira se vira e sai correndo para o pátio e a vejo sendo engolida pela fumaça do bruxo e desaparecer em minha frente.

— Não! Não! — Segundos depois Hakon e Frandis estão ao meu lado.

— O que houve, porque está assim, tão transtornado? — Estou derrotado no chão.

— Ele a levou! Levou a minha predestinada. — Digo amedrontado  com o que ele possa fazer a ela.

Esse foi o nosso último capítulo de Hakon e o preço da dúvida. 😙

Nossa próxima história trás Ravana e a freira. Mas os personagens do primeiro livro estarão no segundo e pontas soltas, serão finalizadas, dando continuidade à narrativa. 🔥🔥🔥

Obrigada a quem esteve até o momento, comigo. 👏

Espero vocês em breve.😁



Hakon  e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora