31 - A vida real

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Manuela

Um mês depois.

— Não acha que já podemos voltar ao mundo real? — Pergunto para meu querido, que está deitado com a cabeça em meu ventre, que não deu nenhum sinal de crescimento.

— Por mim, ficaria eternamente aqui. O mundo além dessa ilha é tão frustrante e cheio de problemas.

— Mas os outros escolhidos precisam de você. Francis parecia preocupado, na última vez que veio aqui.

— Uma possível guerra no mundo sobrenatural. Demônios estão se rebelando, eles fazem o caos na terra, e isso não pode acontecer.

— O demônio disse mais alguma coisa? Quando eles vieram juntos, pude perceber uma inquietação nele.

— Ele sabe que a raça dele é um tanto complicada, eles não se importam em manter humanos subjugados apenas para demonstrar superioridade.

— Então acho que sairmos daqui é uma decisão acertada. Hora de encarar o mundo real.

— Eu não queria você fosse. Posso simplesmente dizer não a eles e continuamos aqui. — Ele se senta de frente para mim.

— Você sabe que essa alternativa não existe. Você não consegue não se importar, você é bom demais para isso. E eu vou onde você estiver. Não me faça ficar longe outra vez.

—Não será como da outra vez, lá eu agi muito errado com você,  meu amor. — Ele me beija. — Mas não repetirei esse erro. E agora com o bebê a caminho... Pode ser perigoso.

— Não existirá lugar mais seguro que ao seu lado. Eu não ficarei aqui.

— Você é muito cabeça dura, minha linda. Sair do conforto do nosso lar, seu jardim, eu volto para cá, todos os dias.

—Não. Sabe que ficar longe é difícil, fico em Argo, lá é protegido, não vou para o campo de batalha, mas não decida ir sem mim. Isso é inegociável.

Ele me puxa para seu colo. — Não precisa ficar assim, você irá comigo. Minha primeira luta perdida.

— Com toda certeza, não será sua última derrota. — Agarro seu pescoço e o beijo desesperada,  louca pra tê-lo dentro de mim. E assim ele faz, me dando perfeitos orgasmos.

Mais tarde,  naquele mesmo dia, chegamos a Argo de helicóptero, trazendo Cicera conosco.

— Olha quem finalmente saiu da toca. Ou melhor, da ilha. — Sorrio para o demônio.

Rav vem até nós e me puxa para um abraço, posso ouvir um resmungando do Hakon, mas não me faço de desentendida e abraço o apertado.

— Você poderia se afastar só um pouquinho da minha mulher? — Ele fala e olha de forma irritada em direção a Ravana.

— Eu posso te dar um abraço também, se isso te deixar feliz, Hakon. — Ele abre os braços e vai em direção ao meu guerreiro. Que sorri e o empurra, mas depois o abraça e ambos trocam socos e tapas. Coisa de meninos.

Reviro os olhos para as duas crianças de dois metros de altura, Rav está parcialmente transmutado, deixando seus chifres a mostra.

Então ele volta a ficar sério. — Precisamos conversar. —  Logo Francis aponta no alto da escadaria, faz um breve sinal pra mim, com um sorriso mínimo que faz seus lábios curvarem brevemente.

Segundo Hakon, ele tem ficado mais irritado e ansioso para encontrar sua predestinada. Dos três foi que sempre mais sofreu.

Sua natureza lupina, pede uma companheira e mesmo ele sendo tão frio quanto Hakon, nas noites de lua cheia, ele sempre saio em busca do que sabia não existir, sua alma gêmea.

Hakon  e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora