21- O que eu fiz?

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Desde que passei pelo ritual, sinto meu corpo diferente. Conversei com Haskia e segundo ela, o poder pode ter de alguma forma, influenciado nessa mudança.

Me sinto livre, forte, como se algo dentro de mim, gritasse por liberdade. - Será que ficou algum resquício de poder? Marfa pergunta preocupada.

- Não acredito que seja isso. Esse poder, mas a Mirtes libertou algo dentro de mim. Talvez seja isso. P poder dela, de alguma forma, tenha sobrevivido ao ritual já que era o poder de uma mulher.

- Não acha melhor dividir essas novas mudanças com o Wapi, já que ele é o portador do poder primordial? Ele pode te ajudar.

- Não sei, tenho medo de que a minha reaproximação dele seja confundida com interesse. O Hakon me pediu pra espera-lo e não ficar próximo ao meu amigo até fazermos a ligação. Sei que meu guerreiro está mordido de ciúmes.

- Não foi ele quem quase matou um monte de ninfas, bruxas e fadas por ciúmes, e de quebra, eu quase fui junto.

- Eu tenho muita vergonha de ter agido daquele jeito. Mas eu tenho como me redimir com você. Vamos fazer brigadeiro? - A minha amiga ama esse doce.

Saímos as duas quarto. Ando pelos corredores, e sinto saudades dele, que foi organizar o lugar onde vamos morar. Tem dois dias que acordei praticamente sem nenhuma marca na pele, Ele me liga diariamente, e disse que logo vem me visitar.

Estamos na cozinha e Wapi chega, ele também gosta do doce de chocolate e já pega uma colher e se junta a nós, nas banquetes do balcão, sob o olhar atento da bruxa do Hakon.

- Venha provar, Haskia. É uma delícia.

- Não sou de doces, obrigada. Estarei no jardim, caso precise de mim.

Sei que ela é os olhos do Hakon, em especial sob o meu amigo. Ele não detêm total controle de poder e eu sou umas humana, segundo meu amor, muito frágil.

- Como está seu treinamento?

Wapi está com a colher de brigadeiro na altura da boca e me olha, de forma intensa, me causando um incômodo. - Estou praticamente entendendo as reações e sentimentos que todo o poder me causa. Posso te mostrar mais tarde.

- Seria ótimo, né Marfa, vê o Wapi bancando o bruxo?

- Eu adoraria ver essa cena.

- Não estou bancando o bruxo, eu sou um, e o mais poderoso, deixando bem claro. - Pela sua cara, ele não parece ter gostado das nossas brincadeiras.

- A gente só está brincando. Você é fodão. - Marfa diz e gargalha e num piscar de olhos, o prato é arremessado na parede, se espatifando e grudando todo o brigadeiro na parede.

- Uma pequena demonstração do meu controle, apenas pensei e tudo aconteceu. Ele joga a colher sobre o balcão e se vira saindo.

Haskia entra e vê a bagunça. - O que foi isso, Manu?

- Nosso amigo está irritado. Só porque brincamos com ele. - Marfa trata de explicar. Ele não era assim. Wapi sorria, era feliz. Agora é só mal humor, nunca nos olha no rosto.

Tenho a mesma sensação, mas não falo nada. Vou procura-lo, me sinto responsável por essa mudança. Ele fez isso por mim, e agora parece estar sucumbindo ao lado escuro do poder.

Mais tarde saio e de longe o vejo com algumas bruxas, ele é tão bonito, e percebo o encantamento delas enquanto ele treina. Me aproximo devagar. - Podemos falar um momento?

Vamos andando para uma área mais afastada. - O que você quer conversar, minha linda?

- Não quero que me chame assim, já te pedi várias vezes. O Hakon não gostaria dessa forma de tratamento que você dispensa a mim.

Hakon  e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora