24 - Imprudência

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Manuela

Conversei com a minha amiga, que parecia estar amedrontada, pela reação do tal lobo ao encontra-la. Ela pediu um tempo, para assimilar o que estava acontecendo e depois falaria com ele.

Segundo Francis, ela terá que ir com o seu companheiro, mas ela se fechou completamente e não consegui saber sua decisão. Fato é que o tal Sasumo, não deixou mais o local onde ela se encontra.

Ele está revoltado por ela não querer abrir a porta para ele. Que não facilita, rosnando do lado de fora. — Amor, eu preciso falar com ela. — Hakon me olha e sabe que não desistirei.

— Se eu disser não, você me escutará?

— Sabe que não. Por isso te amo muito, você antecipa as coisas que sabe que não adianta gastar energia.

Ele fica sorrindo e esfrega as têmporas, me aproximo da porta em que minha amiga se enfiou e bato,  sob o olhar atento do seu lobo predestinado.

— Marfa, sou eu, Manuela. Podemos conversar? — Ouço o barulho da chave e o trinco da porta se mexendo. Ela abre a porta, mas seu rosto parece raivoso.

Ouço os passos do lobo atrás de mim. — sabe que precisamos conversar. — Ele diz baixo, mas quase ameaçador.

— Não, vou conversar com minha amiga. Eu não tenho o que falar com você. — Me puxa para dentro do quarto, mas ele segura a porta.

— Não tenho nenhum compromisso por agora, ficarei esperando. Depois que sua amiga sair, saiba que a única pessoa a entrar aí, serei eu.

— Você não tem esse direito. — Ela diz e ele abre um sorriso desafiador.

— Tente me impedir. — Ele fala e ela olha, erguendo uma sobrancelha. Pelo jeito, esses dois darão trabalho.

— Vem Manu. Entre. — Passo pela porta, que é batida com força.

—O que está acontecendo? O que foi isso? Você não pode ficar trancada aqui o resto da vida.

— Quantas perguntas. — Minha amiga está de um jeito nunca visto antes.

— O Francis me explicou mais ou menos o que aconteceu. Ele disse que você é a predestinada do lobo, que está fazendo plantão aí fora.

— As coisas não são assim. Ele chega, me cheira e diz que sou dele. — Começo a gargalhar do seu jeitinho de falar. — Qual a graça, Manuela? — Quando ela me chama pelo nome,  é sinal que está brava.

— Desculpa. Mas é que desse lado, o sobrenatural, não é como a gente vivia. Mas o Hakon disse que ninguém quer mais a sua segurança que ele. Que a vida dele tem um propósito especial, encontrar a predestinada, e ele não tinha mais esperanças disso.

—E precisava me assustar daquele jeito, dizendo que eu era dele  rosnando e me lambendo, pra segundo ele, deixar o cheiro dele em mim. Só faltou levantar a perna e urinar em mim.

Tenho uma crise de risos, depois de controlada, respiro, enxugo as lágrimas... —  Desculpa, mas é que eles tem um lado irracional, você é predestinada de um alfa. Os lobos são territorialistas, alfa então. Mas amiga, que o Hakon não me escute, ele é um gato.

— Eu seu, eu vi, lindo mesmo, mas é se eu não quiser ir com ele? Ele disse que vai me levar, não perguntou se eu quero ir. Ele é um troglodita. — Me aproximo da porta, e ouço um rosnado.

—Eles tem audição aguçada. Não o trate assim, ele está te ouvindo e pode se chatear. Ele ficou enlouquecido e feliz por ter te encontrado.

Conversamos um pouco e ela parecia mais calma. E fui organizando umas coisas que eu já tinha pedido para ela separar para mim.

Hakon  e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora