Hakon e o preço da dúvida - Livro I - Os Escolhidos

9 - Presente das deusas

Hakon

Haskia, está escondendo alguma coisa? –  Fale de uma vez,  bruxa. – Digo entre dentes. Estamos na ala do demônio. Ravana não parece muito feliz. Um de seus feiticeiros teve um breve romance com uma bruxa Solaris, mas não foi a Merly.

– Merly, de alguma forma, está envolvida no sumiço da sua amiga. – Ela está olhando para a marfa. –  Foi ela também quem matou Caddom. O lobo da um rosnado, que deixaria qualquer humano desesperado, e é isso que acontece com Marfa, ela grita e se joga nos braços de Haskia.

– No meu território, dentro do meu domínio? Como ousam fazer alguma coisa contra os meus protegidos. Juntem todos os feiticeiros e bruxas,  quero toda e qualquer Solaris aqui, sob minhas vistas. Que comece a caçada àquelas bruxas desgraçadas. Ele uiva novamente e em resposta, um coro dos lobos por toda a região atendem seu chamado.

 –  O que seu feiticeiro ensinou a essa bruxa? – Haskia pergunta a Ravana.

– Se me permite. – Um feiticeiro se aproxima, e começa explicar. – Com o feitiço certo. Ela consegue obter o princípio da magia Solaris. Quem detiver esse saber, terá o mais puro poder do clã mais antigo que já existiu. Será uma bruxa muito poderosa.

– Mas para que ela queria saber disso? O preço a se pagar é alto demais. Teria que haver uma troca de corpo para o poder iniciar em alguém sem vínculo  de magia anterior e com traços únicos. Haskia vai se virando para mim. – Foi isso!

– Ela roubou a Manuela, a Merly fez isso, e por algum motivo, essa menina tem algo que as bruxas desejam. Haskia diz desconfiada.

–  Sora sempre dizia que a Manuela viveria para sempre. Que ela era especial e que tinha ficado grata em cuidar dela. Mas a Manu nunca soube explicar porque minha vó falava isso.

Talula se levanta e diz –  Existe uma profecia antiga, na verdade,  ninguém sabe ao certo se é real,  nunca foi comprovada como tal. E que por isso, ninguém sequer, a tenha levado a sério, apenas uma conversa ventilada.–  Ela ganha a atenção de todos na sala.

– Pode ser que existam três predestinadas aos escolhidos... – Talula, a bruxa principal do lobo joga a bomba, e respira fundo, eu e os outros dois, nos olhamos sem entender, e aproximamos dela de forma quase ameaçadora.

O rosnado do demônio causa uma sensação de pavor em quem escuta. Sua essência violenta, toma conta de todo o ambiente. Ele está por um fio. – Que raio de profecia é essa, bruxa? Uma fumaça densa escapa dele e sua voz está grave. Ouço os soluços de Marfa.

– Calma, Rav. Ela vai nos explicar, tem uma humana na sala. – Ele balança a cabeça e começa a voltar ao seu estado humano.

– Tem muitos séculos, que minhas antepassadas  anotaram algo parecido em um livro. Que os três oráculos receberam uma profecia que era uma resposta das deusas aos caprichos dos deuses.

 – Como nunca fiquei sabendo disso, Talula. – Francis fala,  com as garras negras completamente expostas.

A bruxa parece desesperada e começa a falar algo no mínimo, bizarro. – Quando os deuses decidiram mandar os três. – Aponta para nós.  – Vocês, teriam direito a tudo, poder, sabedoria, a arte da guerra e todos os dons que conhecem, menos ao amor. Pois, segundo eles, o amor distrai. Vocês viveriam para sempre, com desejos carnais aflorados, mas não saberiam o que é o amor de uma companheira.

– Isso nós já sabemos. – Repondo. – Nada disso é novidade. Conte- nos o que precisamos saber. O Lobo diz.

– As deusas não foram convidadas para essa decisão. Apenas uma estava lá, Freya que contribuiu com a beleza de vocês, mas ao sair da sala, ela ouviu sobre a decisão dos deuses, de vocês não viverem o amor, e então roubou um pouco da essência de cada um e juntamente com outras deusas, também de mitologias diferentes, resolveram criar as predestinadas.