Capítulo 22

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Dulce Maria

Voltei para casa e fiquei pensando em como conversar com Ian sobre o assunto sem ter que presenciar uma briga feia. Sentei no sofá e olhei o celular, depois do que ele me disse não senti vontade de mandar alguma mensagem.

No dia seguinte acordei e fui para a empresa, afinal eu ainda trabalho lá. A rotina não podia parar, fui bem cedo para terminar meus afazeres a tempo.

Selena a secretária anunciou que Ian estava esperando para entrar, eu acabei deixando por acreditar que poderia se tratar de algo em relação ao trabalho.

— Dulce, podemos conversar?

— Sim.

— Me desculpe por ontem, eu não quis dizer todas aquelas coisas.

— Mas você falou e não pense que gostei do que ouvi, você não se deu ao trabalho de tentar me entender.

— Você me entende? Eu te ouvi reclamar desse cara e até chorar na minha frente. Como você queria que eu reagisse?

— Não sei, Ian. Eu te faço a mesma pergunta, não quero ter que voltar no assunto. — cruzei os braços. — A gente sempre briga e não resolve nada!

— Eu vim aqui pra te pedir desculpas, você aceita?

— Não sei, isso de nunca conseguirmos resolver as coisas sem discutir.

— A gente pode resolver isso, ontem eu tava muito estressado e acabei descontando em você.

— E naquele outro dia você também tava né? — debochei.

— A questão é que não podemos continuar assim, eu te amo e quero o melhor pra você.

— O melhor pra mim, seria que você se desse ao trabalho de me entender. — comecei a guardar as coisas em minha bolsa.

— Mais do que eu te entendo? Impossível.

— Não acredito que acabei de ouvir isso.

— Desse jeito não vamos chegar a lugar nenhum!

— Eu também acho, por isso não podemos ficar de bem. — peguei minha bolsa e sai.

Peguei o elevador e fui até o estacionamento, entrei em meu carro e dirigi até o hospital. Ficar perto de Ian só me deixava ainda mais nervosa e com raiva, incapaz de controlar minhas palavras.

Cheguei no hospital e fui até a recepção, tive autorização para visitar Christopher novamente. Eu estava entrando naquele quarto pela segunda vez e mesmo assim conseguia me emocionar, ver ele daquele jeito me deixava tão triste.

— Eu só queria ser capaz de controlar o tempo e te fazer acordar mais rápido. Sinto sua falta, desejo demais você do meu lado. — toquei em seu rosto. — Tá difícil enfrentar os problemas e a barra de não poder correr pra você, mas quero que escute. Eu te amo! Sempre irei. — falei com a voz embargada. — Sempre.

Fiquei o resto do dia naquele quarto junto com ele, chorando como um bebê. Todo instante eu me pegava lembrando de nossos momentos e do quanto ele me fazia sentir bem. Meu peito apertava cada vez que me dava conta da realidade.

— Dulce, querida. Acabou dormindo? — perguntou Dona Alexandra assim que entrou no quarto.

— Aí, me desculpe. Fiquei a manhã e a tarde toda com ele. — falei ficando de pé.

— Tentou resolver as coisas com seu namorado?

— Tentei, mas só dá discussão.

— Precisa continuar tentando, desse jeito não vão conseguir resolver nada.

— Tem razão, farei um esforço. — olhei para Christopher. — Só queria que ele acordasse logo.

— Eu também, mas vamos continuar esperando. Tenho fé de que ele está se preparando para acordar. — sorriu.

Depois daquele dia inteiro no hospital, fui para casa novamente. Com a cabeça em outro lugar, não conseguia parar de pensar em Christopher e no que ele representa pra mim.

Então, ouvi a campainha tocar e já imaginei que poderia ser Ian. Me preparei para mais uma discussão que iria acontecer ali.

— Chegou agora em casa? — disse entrando.

— Faz alguns minutos. Tinha vindo aqui antes? — fechei a porta.

— Sim, mas imaginei que você estaria no hospital. Por esse motivo me deixou falando sozinho na sua sala.

— Você não queria me ouvir. — respirei fundo esperando sua resposta.

— Eu não estou gostando da forma como estou reagindo a tudo isso.

— Engraçado, eu também não.

— Viu, você debocha da situação. Acha isso a coisa mais normal do mundo.

— Eu disse isso em algum momento?

— As vezes não é preciso dizer nada, as atitudes já dizem por si só.

— Não brinca, veio aqui pra continuar com essa discussão idiota?

— Eu estou ficando de saco cheio de tudo isso! — aumentou o tom.

— Não está! Eu que estou! Porque decidi entrar em um relacionamento com você, porque eu tinha a esperança de conseguir recomeçar. Mas tudo que eu consigo é dar passos para trás, você não me escuta e não entende meus motivos. Eu entendo que você está chateado, mas custa me ouvir e tentar me entender? — aumentei o tom mais ainda.

— Você me coloca numa posição em que eu sou errado da história.

— Você faz a mesma coisa. Engraçado, termos atitudes tão parecidas.

— É óbvio que isso não está funcionando.

— Sim, não está.

— E o que pensa em fazer?

— Eu quero terminar! Não dá pra continuar assim.

— Entendi, você quer porque assim será mais fácil de ficar com ele.

— Está se ouvindo?

— Apenas confirme se é verdade ou não.

— Isso não te interessa, acaba aqui o nosso namoro! Vai embora, por favor.

— Está bem, lembre de tudo que eu te falei. Quando se der conta de que isso não é o certo. — foi embora.

Bati a porta com toda força, tranquei e sai escorregando até chegar ao chão. Coloquei as mãos na cabeça e comecei a chorar, tudo que eu queria era poder ir embora.

Because of Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora