Narrado por Nicole Haught
Horas antes do acidente.
Vocês já pararam para pensar em quantas meninas desistiram do futebol por não terem o apoio de suas famílias? Quantas Martas, Formigas, Cristianes poderiam ter surgido, mas, devido à falta de incentivo, tiveram seus sonhos despedaçados? Pois bem, eu sou uma dessas garotas que não contam com o respaldo dos pais para seguir minha paixão. Jogo no futebol escolar, sou a capitã do time e tenho uma certa popularidade. No entanto, essa conquista se deve, em grande parte, ao enfrentamento constante com meu pai.
Tenho dezessete anos e carrego um peso no peito há um bom tempo. Meus pais, especialmente meu pai, são supercontroladores quando se trata da minha vida. Ele tem essa mentalidade retrógrada, achando que meninos devem se vestir de azul e ganhar bolas de futebol, enquanto meninas devem se vestir de rosa e brincar com bonecas. Ele insiste que eu siga os passos dele na empresa onde é sócio, a "ElectroTech Innovations".
Às vezes, com toda essa pressão para abrir mão dos meus sonhos, fico dividida sobre o que fazer. Talvez ceder às expectativas dele e me prender em um escritório, mesmo que isso signifique viver profundamente infeliz com essas escolhas.
O som irritante do despertador me arrancou dos meus sonhos. Quatro da manhã. Tudo que eu queria era mais duas horinhas de sono. Mas se eu realmente quero seguir nesse caminho, tenho que treinar muito para melhorar minhas habilidades, aperfeiçoar meus pontos fracos e elevar meu condicionamento físico. Então, reclamar não era uma opção.
Levantei apressadamente, mesmo exausta do treino duro de cada dia. Meu sonho de ser profissional no futebol feminino começou por causa do meu irmão, Nicolas. Ele é o treinador do time masculino da escola, mas teve seu sonho interrompido por um acidente causado pelo álcool. Desde o momento em que o vi jogar pela primeira vez, soube que era aquilo que eu queria para mim. Meu irmão me apoia do jeito dele, e é por isso que ele sempre está comigo nos treinamentos.
— Vamos lá, Nick, tenta segurar a bola por mais um tempinho sem deixar cair, tá? — disse Nicolas, sorrindo enquanto começávamos o treino. Ele sugeriu que eu fizesse algumas embaixadinhas para melhorar meu controle. Já estava conseguindo manter a bola no ar por mais de cinco minutos.
— Isso aí, garota! Estamos quase lá! — incentivava ele com entusiasmo.
Cada vez que eu quebrava meu recorde, não conseguia conter a alegria. Dava um largo sorriso e pulava no colo dele, rindo toda animada.
Depois que terminamos com as embaixadinhas, ele arrumou alguns cones para que eu praticasse os dribles. Eu ia passando por entre eles, meio desajeitada às vezes, mas me divertindo. Depois, treinamos alguns chutes para melhorar o primeiro toque – e nisso, eu mandava bem. Para um dia de treino, acho que já estava de bom tamanho, já que começamos com um bom preparo físico: alongamentos, pular corda e uma corrida para aumentar a resistência. Foi cansativo, mas valeu a pena.
— Eu desisto! — falei, exausta, apoiando as mãos nos joelhos e tentando recuperar o fôlego. Duas horas de treino e eu ainda tinha escola pela frente.
— Ei, calma aí. — Ele respondeu, com uma voz suave e encorajadora. — Sei que parece difícil agora, mas ser boa no esporte pode abrir muitas portas. E sobre a sua velocidade, só precisamos trabalhar um pouco mais nisso. Os olheiros estarão nos jogos, e quero que você esteja no seu melhor.
— Sim, e também preciso de notas, eu já disse para você. — Suspirei, sentindo a pressão.
— Exato, mocinha, precisa melhorar aquelas notas vermelhas do seu boletim. Mas ainda tem tempo para isso; mal acabou o primeiro bimestre. — Assenti, tentando me animar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A popular e a esquisita - Wayhaught
FanfictionNicole e Waverly estão para a escola assim como ketchup e mostarda estão para um hambúrguer: uma é a estrela do show, a outra é... bem, a outra. Nicole é a líder do time de futebol feminino, iluminando os corredores com seu brilho de campeã. Waverly...