Capítulo 36

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Narrado por Waverly Earp

Finalmente, o dia da mudança chegou, e Nicole, sempre a pessoa mais prestativa, estava aqui, ajudando a organizar caixas e até alguns móveis. Wynonna ainda não tinha voltado e prometeu aparecer à noite com uma "pessoa misteriosa". A curiosidade estava me matando.

A espera pela chegada de Wynonna foi um pouco mais divertida depois que decidimos pedir pizzas. Terminamos de arrumar o apartamento e nos jogamos no tapete da sala, cheio de almofadas. Já tínhamos tomado banho, e enquanto esperávamos as pizzas e Wynonna, escolhemos assistir a um filme.

Para minha surpresa, realmente nos envolvemos com "Meu Malvado Favorito". Entre risadas e conversas sobre o filme, a campainha tocou, interrompendo nosso momento. Eu pensei que era Wynonna, já que ainda não tinha as chaves. Me levantei, apesar dos protestos de Nicole, e fui atender. Mas a surpresa foi gigante ao abrir a porta e encontrar uma mulher em uma cadeira de rodas. Fiquei paralisada, e Nicole teve que me puxar para o lado, abrindo mais a porta para permitir que Wynonna entrasse com a mulher.

— Por que ela tá aqui? — murmurei, a curiosidade e a confusão pesando na minha voz.

— Waverly! — A mulher sorriu, e eu podia ver o brilho nos olhos dela. Eu senti que ela queria vir me abraçar, mas a raiva por ter nos abandonado me segurava. Eu fiquei ali, paralisada, me perguntando como a Wynonna conseguia lidar tão bem com essa situação. As duas entraram e eu fechei a porta, ainda meio atordoada.

— Estamos mortas de fome e cansadas, mana. A gente vai ter todo o tempo do mundo pra ouvir a mamãe se explicar e contar o que rolou, mas agora, a gente só quer sentar e comer. — disse Wynonna.

Eu estava completamente paralisada, sem conseguir articular uma palavra. A campainha tocou de novo, e dessa vez era o entregador com as pizzas, me puxando de volta à realidade. Paguei, peguei todas as caixas e coloquei na mesa da cozinha, tentando recompor o fôlego.

Depois de ver aquela senhora, minha fome tinha evaporado por completo. Minha cabeça estava um turbilhão de perguntas.

— Amor, como você tá? — Nicole perguntou, suas mãos delicadamente repousando em meus ombros e acariciando-os.

— Eu... não consigo acreditar que, depois de todos esses anos, ela está aqui como se nada tivesse rolado — sussurrei, enquanto Wynonna permanecia na sala e a senhora observava com uma expressão que eu não conseguia decifrar.

— Calma, amor. Mais tarde, vocês conversam e ela te conta a versão dela — Nicole se aproximou e me deu um beijo na bochecha. Eu precisava me acalmar, e Nicole estava certa, eu ia precisar disso.


Horas se passaram, a gente jantou num clima meio pesado, e finalmente chegou a hora de encarar a situação.

— Sério, você saiu sem nem olhar pra trás, sem se importar com o impacto que isso ia ter em mim. Eu tinha só oito anos quando você me deixou. Chorei por dias, inundada por uma confusão de emoções: raiva, revolta e um ódio profundo. Não conseguia entender por que você tinha ido embora. Walter, às vezes, me fazia sentir que a culpa era minha, e em meus momentos mais fracos, eu me perguntava se eu era digna o suficiente, se havia algo de errado comigo que fez você me tratar assim. Eu passava horas me perguntando onde você estava, o que estava fazendo. Se ainda estava viva ou se algo terrível tinha acontecido, impedindo você de voltar para mim. Com o tempo, o cheiro e o beijo que você me deixou começaram a desaparecer, e, às vezes, eu até esquecia como você era. Mas a sua foto antiga, amassada e dobrada, ainda estava na cabeceira da minha cama. Era quase irreconhecível, mas não me deixava esquecer. Eu só queria entender o porquê de tudo. —

A popular e a esquisita - WayhaughtOnde histórias criam vida. Descubra agora