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BELLA

Senti minhas pernas bambas e tive a sensação de que meu corpo havia perdido as forças. Eu não conseguia desviar os meus olhos dos dele, era mais forte do que eu. Juro que por um momento cheguei a pensar que ele estava lendo a minha alma.

Em um choque de realidade e lucidez, eu o empurrei com força para trás, mas ele não se moveu.

—Qual o seu problema? — perguntei entridentes — O que passou na sua cabeça para fazer isso comigo?

Demorei tempo demais para me tocar do que realmente estava acontecendo, imediatamente veio na minha cabeça que esse deve ser Dylan.

—Eu me assustei, você apareceu do nada em um lugar completamente escuro.

Respirei lentamente, buscando calma e paciência para lidar com essa situação. Eu estou verdadeiramente indgnada, isso é um absurdo.

—Você é o filho do Charlie?

—Sou.

—Ótimo, então Dylan, eu quero que você me solte agora — pedi — Aproveita que eu ainda estou calma, ou então eu vou armar um escândalo.

Ele me olhou sério, não parecia ter ouvido nada do que tinha saído da minha boca, já que continuou na mesma posição.

—Quem é você? — perguntou.

—Bella, e eu moro aqui — nervosa, eu estava muito nervosa — Então eu vou pedir a última vez, me solte agora.

Ele analisou meu rosto com calma uma última vez antes de se afastar aos poucos.

Passei a mão pelo meu pijama arrumando ele ao corpo, eu estava tremendo e com tanta vergonha que nem mesmo sei explicar.

—O que você estava fazendo no escuro? — perguntei.

—Gosto de ficar sozinho em lugares assim.

Olhei para ele confusa e abismada, eu tenho pavor de lugares escuros, me dá falta de ar e eu começo a imaginar um monte de figuras horríveis ao meu redor. Uma coisa bem macabra.

Passei por ele e por um instante tive a impressão de que tinha esquecido como se andava, tive a sensação de estar flutuando. As minha pernas quase não me obedeciam.

Abri a geladeira para pegar a jarra de água e fiquei chocada com o que vi, mais da metade da travessa de pudim já havia ido embora. Pelo menos gostaram. Ou o Charlie levou a ameaça muito a sério.

Coloquei um pouco de água no copo e me sentei em uma cadeira, a água descia com dificuldade. Minha boca estava seca, nem com toda a água do mundo eu conseguia me recuperar do susto que acabei de levar.

Olhei de relance para o garoto e o vi encostado na parede. Estava encarando a janela aberta que tinha como vista a lua, que aliás, estava belíssima.

Eu não podia negar, ele era um dos homens mais lindos que eu já tinha visto em toda minha vida. Isso já estava me intrigando, ele não parecia real.

Fechei os olhos com força quando me lembrei onde minha mãe tinha planos para que ele dormisse. Não posso dividir meu quarto com ele. Além de ser um completo estranho, ele não me passa nem um pingo de confiança.

Minha mãe fez isso com ingênuidade, quando meus primos vem aqui em casa, eu não me importo de dividir meu quarto com eles. Acontece, que esse cara é um desconhecido. Ela não pode fazer isso comigo.

O clima estava estranho, tenso, pesado, ninguém falava nada e eu nem mesmo queria dizer alguma coisa. Não tinha nada para falar.

Não acredito que minha mãe foi dormir sem passar no meu quarto antes, eu iria convencer ela a ir comigo arrumar o quartinho de bagunça que tem aqui em casa, e colocaríamos um colchão no chão para que ele dormisse. Não seria tão desconfortável.

Até o fim Onde histórias criam vida. Descubra agora