Até o fim

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DYLAN

Voltei a me sentar na escada, me perguntando o porque de estar sentindo toda essa raiva, mas não encontrava nenhuma resposta plausível. O sentimento de raiva se misturava com a sensação de estar me sentindo um completo idiota, eu vim atrás dela com as melhores intenções para conversar e ela praticamente não olhou para mim enquanto eu me esforçava para demonstrar alguma coisa. Mesmo sendo extremamente difícil para mim falar sobre o que eu sinto, eu estava tentando e infelizmente ela não deu abertura.

Bella foi a primeira pessoa para quem eu mostrei vulnerabilidade desde a minha mãe. A primeira que eu falei sobre como me sentia e que contei coisas que eu nunca imaginei que ia falar para alguém algum dia. Mas ainda sim é muito difícil me expressar, falar tudo o que eu realmente sinto, é como se as palavras morressem assim que eu abro a boca.

Eu fiquei os últimos cinco dias me sentindo um completo babaca pelo o que fiz com ela. Foi a primeira vez que despertei um sentimento tão puro em alguém e fiquei feliz com isso, saber que ela sentia algo por mim fez com que eu pensasse que talvez eu não fosse um ser humano tão ruim assim.

Mas eu não podia e não posso corresponder a esse sentimento. Tem muita coisa envolvida. Bella não merece que eu a traga para a minha vida, ainda mais com tudo o que eu ainda planejo fazer daqui a um tempo. Não posso fazer isso com ela, tenho a consciência de que ela merece muito mais.

Eu realmente gosto dela, de uma forma que nem mesmo sei explicar. E é por gostar tanto, e por querer proteger. Que eu não posso fazer isso, não posso trazer ela para viver esse inferno comigo.

-Dylan?

Permaneci imóvel, mesmo depois de tantos anos, depois de me tornar um homem capaz de me defender. Eu ainda sinto meu sangue gelar e meu corpo ficar em alerta quando escuto sua voz, quando o sinto próximo a mim.

-O que está fazendo aqui? - senti ele se aproximar um pouco mais, permaneci quieto - Veio atrás dela não foi?

Cada vez que o sentia por perto, minha única vontade era de me virar para ele e socar sua cara até o sangue escorrer pelas minhas mãos. E depois o lembrar das vezes em que ele fez isso com a minha mãe e que eu tive que com cuidado e dor no peito, limpar seu sangue e cuidar dos seus machucados.

Durante o tempo que passei nessa casa ao seu lado, eu tive que me segurar perto dele. Me conter para não jogar a comida no chão e lembrar ele das vezes em que ele destruiu nossos jantares quando chegava bêbado a noite.

Foi uma tortura ficar debaixo do mesmo teto que ele durante aquelas semanas. E sim, menti para a Bella quando disse que estava aqui porque acreditava que ele poderia mudar, sei que não mudou e não vai. Assim como eu nunca vou esquecer as coisas que ele fez comigo e principalmente com a minha mãe.

Me levantei ficando de frente para ele, me sentindo mais forte e capaz de arrebentar a cara dele como sempre quis fazer desde que era criança. Estavamos em lados diferentes agora, eu não era mais um garoto indefeso que me tremia só de o ter me olhando. Agora é tudo diferente, me tornei forte e capaz enquanto ele permanece o mesmo ser mesquinho.

Sentia meu corpo tremer, não de medo, mas a pura raiva me consumindo. Meus batimentos e respiração estavam acelerados. Era isso que eu sentia antes de avançar para cima de alguém e depois ser segurado como um animal com raiva. Exatamente a mesma situação.

Me virei, lhe dando as costas indo em direção ao meu carro. Não vou ir para cima dele agora, eu esperei muito tempo para o dia certo de agir e não vai ser agora que eu vou colocar tudo a perder.

-Fica longe dela Dylan - gritou - ela é boa demais para alguém como você, um lixo humano sem perspectiva de vida. Um assassino.

Parei antes de entrar no carro e me virei para ele, me lembrando de quem ele é e acabei sorrindo, logo ele falar essas coisas para mim chega a ser piada de tão absurdo que é.