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BELLA

Deslizei a escova pelos meus cabelos enquanto encarava meu próprio reflexo no espelho, foi inevitável não notar uma diferença gritante tanto no meu rosto quanto no meu corpo. Pareço mais mulher, meus peitos cresceram um pouco mais e meus quadris estão mais largos. As minhas roupas estão bem justas, desenhando meu corpo perfeitamente e deixando mais evidente a mudança.

Faço dezessete em alguns dias, acho que é normal que meu corpo esteja mudando tão rápido. Mas é inevitável não me sentir mal por isso.

A lembrança de que estou deixando para trás a garotinha e que estou dando os passos para me tornar uma mulher.

Sempre tive medo de crescer, os quinze anos nunca foram algo com que eu sonhei. Nunca desejei isso.

Acho que isso está ligado com o meu medo de encarar a vida, de voar sozinha e ser alguém. Eu nunca tive tanto medo de ser alguém como tenho agora.

Mas não há nada o que eu possa fazer, somente aceitar e seguir normalmente como se isso não fosse algo aterrorizante.

—Está linda — minha mãe comentou, estava experimentando o vestido para a noite do meu aniversário — Ficou perfeito querida.

Realmente, era muito lindo. Um azul claro, um pouco acima das coxas e justo na cintura. As costas eram nuas, era um dos vestidos mais lindos que já usei.

Minha mãe quem comprou, chegou toda animada com ele hoje de manhã.

Ela estava empolgada com o meu aniversário, bem mais que eu. Não teria festa, apenas um jantar com um bolo pegueno para os mais íntimos.

Obviamente convidei Noah, mamãe convidou minha tia e meu pai chamou o afilhado. Uma coisa bem peguena mesmo, apenas para um celebração.

—Realmente, é muito lindo mãe. Você tem muito bom gosto.

Ela sorriu batendo palmas, como uma criança animada.

Nossa relação havia melhorado bastante. Ela tem frequentado a terapia e é notório toda a sua mudança, mas ainda continua com o Charlie.

Tenho a esperança de que o deixar vai ser a última etapa do processo, mas que vai acontecer.

Mas não quero pensar tanto nisso ultimamente, é um assunto tão triste e delicado que pensar nisso me deixa extremamente depressiva.

Preciso focar um pouco mais em mim já que minha mãe parece saber o que está fazendo agora.

Ela mudou seu comportamento com Charlie, estão completamente distantes e até que isso me deixa feliz. Não completamente, mas um pouco.

—Tem certeza de que são somente Noah que você vai chamar?

—Sim. É meu único amigo, não tenho mais ninguém para convidar — Minha mãe sorriu balançando a cabeça, rindo do acabei de falar e eu fiquei sem entender — Do que está rindo?

—Ah, você sabe o que vou dizer.

—Eu não faço ideia mãe.

—Tem sim mais uma pessoa pra convidar, você que está se fazendo de esquecida.

Estreitei os olhos enquanto ela falava, eu tinha entendido de quem se tratava. Mas não respondi, apenas respirei fundo e me virei tirando o vestido para guardar.

Minha mãe sempre fala dele quando tem alguma oportunidade, queria que eu me aproximasse. Ela diz que eu seria algo bom para ele mas essa ideia é tão estúpida.

Não vejo Dylan a mais de cinco meses e está bom assim, como eu já esperava, o que eu sentia ou pelo menos pensava sentir por ele já passou e agora não existe nenhuma sombra dele me deixando mal.

Até o fim Onde histórias criam vida. Descubra agora