Até o fim

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BELLA

Uma das piores sensações possíveis para se sentir, é quando seu peito dói absurdamente e você se sente sufocado. A sensação de que vai explodir a qualquer momento e o ar é a única coisa que parece não existir. você quer gritar para tentar de alguma forma colocar para fora tudo de ruim que está sentindo, você quer correr para longe para ver se os problemas ficam para trás, você quer encontrar algo para socar e descontar todas as suas frustrações e todas as suas dores. Você chora em busca de se sentir aliviado. mas nada, absolutamente nada é suficiente para fazer com que o sentimento ruim vá embora.

Eu nunca tive muitos motivos para ficar triste e com esse sentimento ruim, mas quando acontece é destruidor para mim. Sou sensível demais e não consigo lidar bem com as coisas, sou fraca para sentimentos ruins e nem um pouco forte para superar com facilidade.

Acho que essa é a sina das pessoas sensíveis e que pensam demais nas coisas, estão sempre vulneráveis a destruição. São como um balão em uma quarto cheio de coisas pontiagudas e cortantes.

Ultimamente eu tenho experimentado muito disso. A Sensação de se sentir sufocado, de não querer sair da cama e conversar com as pessoas. Tenho me sentido muito fraca, sensível a tudo e a todos.

Faz uma semana desde o dia que sai da casa de Dylan e vim para a minha. Fiz o que tinha em mente, agi normalmente esperando que a minha mãe dissesse algo mas ela se comportou como se fosse só mais um dia normal. Charlie chegou do trabalho e beijou sua bochecha e ela sorriu para ele. Ela simplesmente sorriu para ele.

A última semana foi a mais difícil para mim, tenho lidado com muita coisa ruim e não sei nem em qual pensar primeiro. Em poucos dias eu fui vítima de uma tentativa de estupro, depois descobri que a minha mãe foi agredida por uma das pessoas que eu mais amava no mundo e agora vendo os dois agindo como se nada tivesse acontecido, eu sinto como se estivesse vivendo um faz de conta a anos.

Estou sentada em uma cadeira na cozinha, observando ela fazendo o jantar enquanto cantarola uma música. Ela parece feliz.

Fico me perguntando se ela tem algum problema mental, algo que faça com que ela não enxergue o quão nojento o seu casamento se tornou. Me pergunto se em algum momento ela pensou em ir embora, ou se ela ama tanto ele a ponto de deixar de se amar.

Não adianta. Estou a uma semana procurando motivos para que ela tenha o perdoado mas não encontro. Não existem motivos para se perdoar uma agressão, mas na cabeça dela existe.

Ela deve pensar nos doze anos juntos. Os abraços e beijos na bochecha quando ela chega do trabalho. Os eu te amo e volto logo que ele diz quando sai toda manhã. As vezes em que ele sai do carro e abre a porta para ela descer, pois sabe que ela gosta desses peguenos detalhes.

Talvez ela pensa no momento em que ele apareceu, quando ela esbarrou nele no hospital enquanto me levava para o psicólogo quando eu fiquei tão abalada com a morte do meu pai que deixei de falar. então ele comprou um urso de pelúcia para mim que era tão lindo que eu não consegui não agradecer. Me lembro perfeitamente de como ela sorriu para ele agradecendo por ouvir a minha voz depois de tanto tempo.

Ela deve imaginar que se o deixar hoje, não terá mais um homem passando pela porta com flores e chocolates para ir até ela e a beijar na testa e agradecer por mais um ano juntos.

—Filha, por que você está chorando?

Olhei para a minha mãe, não percebi que ela tinha se aproximado e estava me olhando preucupada.

Passei a mão no rosto limpando algumas lagrimas que haviam caído sem que eu me desse conta. Respirei fundo e a olhei nos olhos, a dor que eu estava sentindo era por trazer a dor dela para mim. Mas ela parecia tão bem, tão em paz.