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DYLAN

Eu tinha sete anos quando tive a minha primeira festa de aniversário. E única. Eu era uma criança, não tinha noção sobre datas comemorativas para querer alguma coisa. Mas ficava extremamente feliz quando minha mãe me acordava de manhã com café da manhã na cama e dizia que era meu aniversário, ela me abraçava e me beijava e eu passava o dia ansioso porque sabia que a noite ela iria chegar com algum presente.

Não tínhamos a mínima condição, mas ela se esforçava para tentar me dar algo. Os presentes eram simples, mas eu ficava tão feliz, era tão grato. E ela ficava feliz em me ver sorrindo enquanto rasgava o papel de presente.

Mas no meu aniversário de sete anos foi diferente, eu não tive café da manhã na cama, eu até que entendi naquele dia, minha mãe me acordou falando que estava atrasado para escola e eu nem tive tempo de comentar sobre meu aniversário, foi inexplicável a frustração que senti por não ter ganhado nem mesmo um abraço dela.

Passei o dia um pouco desanimado, até que a professora puxou um parabéns para mim na sala de aula e então eu me animei, comecei a ter expectativas sobre o presente que iria ganhar quando mamãe chegasse do trabalho.

Quando ela chegou do trabalho, eu fui correndo até ela olhando para as suas mãos e meu sorriso foi morrendo aos poucos quando vi que ela estava de mãos vazias. Naquela noite ela me disse uma coisa que sempre vai ficar já minha mente, não importa o que aconteça eu nunca vou me esquecer.

"—filho, perdoe a mamãe, por favor me perdoe — ela pedia, com os olhos cheios de lágrimas — Eu não consegui comprar seu presente, eu achei que conseguiria algum dinheiro com alguma faxina mas não encontrei nada. O dinheiro que eu tinha, tive que dar ao seu pai para pagar um dívida e agora estamos sem nada, eu sinto muito por não trazer nada hoje, isso está me machucando o dia todo e só Deus sabe como meu coração dói ".

Naquele instante eu não disse nada, simplesmente a abracei. Eu era muito novo para conseguir assimilar tudo e entender direito, mas uma coisa que eu entendia era que minha mãe estava chorando e aquilo doía em mim.

"—Tudo bem mamãe — forcei um sorriso enquanto limpava suas lágrimas — Que bom que não esqueceu que é meu aniversário, achei que não se lembrava."

"—Impossivel me esquecer da data em que Deus me presenteou com a melhor coisa que eu poderia ter, o amor da minha vida".

Naquela noite eu fui dormir um pouco decepcionado, eu entendia que ela não podia mas eu era só uma criança, não podia negar que gostaria de ter o que as outras crianças tinham.

Se passou muitos dias do meu aniversário, eu já nem me lembrava mais. Até que um dia chegando da escola, eu fui recebido pela minha mãe no portão, o que era estranho já que era somente Charlie que estava em casa quando eu chegava.

Ela pegou na minha mão e me levou para a cozinha, nunca serei capaz de descrever a felicidade e a emoção que eu senti quando vi uma mesa com um bolo azul no centro rodeado de doces, balas e alguns brinquedos.

A minha mãe trabalhou mais do que o normal para me dar aquilo, ela fez tantas faxinas para que sobrasse um dinheiro e quando já tinha uma boa quantia, ela simplesmente fez algo para mim.

Enquanto Charlie só sabia dizer que ela era uma idiota em gastar dinheiro com uma criança idiota.

Foi algo simples, mas foi tão incrível. Somente eu e ela. Cantamos parabéns, comemos bolo e doces e ela brincou comigo. Essa é com certeza uma das melhores lembranças que tenho ao lado dela, foi uma noite feliz onde só tinha amor e gratidão.

Quando olhei para Charlie, ele estava entregando um presente para Bella que pegou sem vontade alguma. Eu não senti inveja, não senti raiva. A única coisa que pensei, é em como ele consegue fingir tão bem ser algo que não é.

Até o fim Onde histórias criam vida. Descubra agora