Até o fim

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BELLA

Eu sempre deixei claro que nunca aceitaria que um homem me agredisse, eu não apanhei nem mesmo do meu próprio pai quem dirá de um homem qualquer. Eu sou mulher suficiente para enfrentar um homem, eu não vou aceitar que aquele merda faça o que fez comigo e saia como se nada tivesse acontecido. Posso ser muitas coisas, mas eu não sou e eu nunca vou ser uma fraca que aceita esse tipo de coisa. Ele não vai fazer comigo as mesmas coisas que faz com a minha mãe, eu não vou deixar.

Me levantei do chão e passei a mão no rosto limpando as lágrimas, eu não devia chorar e eu não tenho que chorar por causa disso. Analisei o meu pulso vendo a marca ficando cada vez mais escura, mas ele pode ter certeza que vai ganhar uma marca muito maior do que essa.

Eu estava sentindo a raiva se expandir por todo meu corpo, todo aquele sentimento de medo e vulnerabilidade simplesmente desapareceram do meu corpo e deu espaço a um ódio que eu nunca senti em toda minha vida.

Peguei uma jarra de suco que estava na bancada, joguei o líquido dentro da pia e sai da cozinha com ela nas minhas mãos.

Ele estava sentado no sofá, mexendo no celular como se nada tivesse acontecido. Era como se ele estivesse em uma paz profunda, como se tudo ao redor dele fosse flores. Eu observei ele sorrindo por celular e isso só fez com que o sentimento ruim que eu tenho relação a ele se intensificasse.

Dei a volta passando pela mesa e por trás do sofá, eu estava logo atrás dele. Usei toda a minha força e tudo ódio que eu tenho dentro de mim para acertar a jarra de vidro com força na sua cabeça. O barulho alto foi acompanhado do seu grito e os pedaços de vidro voando para os lados, quando ele se levantou pude ver um pouco de sangue já escorrendo pelo seu pescoço.

Ele gritava passando a mão na cabeça e olhando para os lados até que seus olhos fixaram em mim. Eu estava parada atrás dele olhando, na verdade tentando conter um sorriso por ter colocado ao menos um pouquinho do ódio que sinto por ele para fora.

—Pensou mesmo que ia fazer o que fez comigo e que ficaria por aquilo mesmo? — Questionei — homem nenhum levanta a mão para mim, homem nenhum me intimida, eu não sou mulher que apanha de homem. Isso não é nem metade do que eu queria fazer com você, mas é só uma amostra do que eu sou capaz caso você pense em levantar a mão para mim mais uma vez ou que eu veja você agredindo a minha mãe.

Ele deu a volta vindo na minha direção, mas dessa vez eu não ia dar passos para trás, eu não ia abaixar minha guarda para ele. Essa é a abertura para um homem te machucar, você não pode mostrar vulnerabilidade, tem que ser forte.

—Você perdeu a noção?! — um grito alto na minha frente, mas permaneci imóvel — Sabe o que eu sou capaz de fazer e mesmo assim me testa?

Hoje, pela primeira vez ele estava mostrando para mim a sua real personalidade. A violenta e totalmente agressiva personalidade por trás de uma farsa de bom moço.

—O que vai fazer comigo? Queimar a minha pele com cigarro? Cortar meu peito com cacos de vidro? Bater minha cabeça na quina da mesa? Bom, talvez você queira inovar não é mesmo?

Eu encarava ele com tanto ódio e determinação que tive a certeza de que se ele viesse para cima de mim, nós dois iriamos brigar feio porque eu iria revidar e dar todos os golpes possíveis.

—Sua missão agora é falar sobre minha antiga vida?

—Antiga? Você continua o mesmo ser podre e desprezível e tudo o que você é e faz está refletindo na minha vida e afetando diretamente a minha mãe.